Semma identifica danos no Lago do Juá ocasionados por enxurrada
‘Isso aqui [lama] não é material do ambiente, isso foi
carreado pela chuva’, mostrou o secretário (Foto: Luana Leão/G1)
Vistoria foi realizada na tarde desta quinta-feira, 30. Equipe constatou mudança da coloração da água e assoreamento do lago.
Uma vistoria foi realizada na tarde desta quinta-feira (30), pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), no Lago do Juá, para verificar os danos ocasionados pelos resíduos lançados no local, pela forte chuva da quarta-feira (29), em Santarém, oeste do Pará. Lama e restos de materiais de construção da obra do projeto ‘Minha Casa Minha Vida’, do governo federal, e do projeto Sisa/Salvação da Buriti, ambos localizados na Rodovia Fernando Guilhon, foram levados com a enxurrada para dentro do lago.
Água do lago era azulada, mas agora está barrenta.
(Foto: Luana Leão/G1)
A vistoria foi realizada pelo secretário da Semma, Podalyro Neto, e mais dois fiscais, que constataram uma mudança da coloração da água, que antes era azulada, pois desagua no rio Tapajós, mas agora está barrenta e aparenta ter a mesma cor do rio Amazonas. “O que a gente está visualizando aqui é um absurdo na coloração do lago. Outra questão é o processo de assoreamento que todo esse material que vem de lá de cima trás para cá”, constatou.
Na vistoria, a equipe percorreu, praticamente, todo o trajeto que a água da chuva fez para chegar até o lago, saindo do complexo de casas do projeto ‘Minha Casa, Minha Vida’, e passando pelo terreno que foi desmatado para a construção do loteamento Salvação, da empresa Sisa/Salvação. “Esse cenário todo se dá, com certeza, pelo impacto causado pelo desmatamento feito pela Buriti e agora, pelo que estamos vendo, pela falta de drenagem do projeto ‘Minha Casa, Minha Vida’. Primeiro executa-se o projeto de drenagem antes do período chuvoso, por isso temos que questionar a empresa construtora para saber por que esse projeto de drenagem não foi executado a tempo”.
Pescador relatou que nunca viu o lago com a cor
amarelada. (Foto: Luana Leão/G1)
O pescador Josué Manuel Nogueira, que pesca há 30 anos no Lago do Juá e arredores relatou que nunca viu o lago com a cor amarelada. “Esse lago era bem limpinho até pouco tempo atrás, muda no inverno, mas não como está agora. Isso se transformou depois dessas obras da Buriti e Minha Casa, Minha Vida. Até para pegar peixe, antes era com facilidade, agora ficou complicado”.
A Semma já havia solicitado um novo projeto de drenagem para a empresa construtora das casas no final de 2013, pois segundo Podalyro, já teria sido identificado que o projeto que estava contemplado para as casas na Rodovia Fernando Guilhon não era suficiente para atender as estruturas e necessidades do complexo. “Foram três questões discutidas com a empresa: a drenagem, que verificamos que não era suficiente; um projeto de arborização e paisagismo, que não tinha; e o esgotamento sanitário, que já havia sido discutido e definido algumas mudanças”, explicou.
Secretário e mais dois fiscais percorreram o trajeto
que a água da chuva fez para chegar até o lago
(Foto: Luana Leão/G1)
Uma das soluções emergenciais que podem ser discutidas pela Semma é a construção de locais de contenção da água no trecho em que ela percorre para chegar até o lago. “Como se fossem quatro piscinões, bem fundos mesmo. Dois antes do asfalto e dois depois, para que quando um enchesse, fosse passando para o outro e por aí vai, isso ajuda a tirar a velocidade da água e diminui a quantidade de água que é levada ao lago”, explicou.
A secretaria deve reunir nesta sexta-feira (31), para definir as medidas serão aplicadas para a empresa responsável pelas obras do ‘Minha Casa, Minha Vida’, diante da constatação de danos ambientais ao lago do Juá, além de definir quais medidas serão tomadas de modo emergencial, através de um diálogo com a empresa, para evitar que o envio de resíduos e o assoreamento continuem. “A gente vai multar o ‘Minha Casa, Minha Vida’ por esse problema. O objetivo principal do projeto é ter ações na drenagem dele, no sentido de evitar os problemas no lago. Essa agora tem que ser a prioridade do projeto e a gente vai notificar nesse sentido”.
Fonte: santarém
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