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Santarém vai implantar coleta seletiva de lixo e fortalecer reciclagem

Com reciclagem, além de garantir destinação adequada,
 resíduos vão gerar renda   (Foto: Joab Ferreira/G1)
Município produz cerca de 5 mil toneladas de resíduos sólidos por mês. Plano de gerenciamento integrado deve ser finalizado no 1º trimestre. 

Atualmente o município de Santarém, oeste do Pará, coleta em torno de 5 mil toneladas de resíduos sólidos por mês. Toda essa quantidade é lançada diretamente no aterro sanitário do Perema, sem qualquer tipo de separação ou tratamento, onde dezenas de catadores vivem revirando o lixo em busca de materiais que tenham algum valor econômico. Em 2014, com a elaboração do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, Santarém vai implantar a coleta seletiva, fortalecer as cooperativas de reciclagem e promover uma melhor gestão do aterro sanitário.

Em 2013, a prefeitura de Santarém selou parceria com o distrito Reno-Sieg, na Alemanha, para que o município pudesse se aproveitar da cooperação internacional e avançar em áreas consideradas estagnadas.

O programa, financiado pelo Ministério da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento do governo alemão, cobra dos municípios diversas ações, incluindo a implantação da Política Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, elaboração de estudo de viabilidade e projeto técnico para a implantação de usina de compostagem e estudos e projetos visando a implantação de energia limpa e água potável em comunidades ribeirinhas.

“A Alemanha está 30 anos à frente do Brasil no que se refere a resíduos, então nós estamos aproveitando a experiência deles para que possamos implementar”, diz o coordenador municipal de Saneamento Básico, Hugo Aquino.

Aquino atribui esse atraso à falta de políticas públicas. Somente após a Lei nº 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é que o país passou a caminhar em busca de avanços importantes no combate a problemas decorrentes do tratamento e destinação inadequados dos resíduos sólidos.

Essa política visa diminuir a geração de resíduos sólidos, por meio de práticas sustentáveis, e o reaproveitamento de materiais que têm valor econômico (reciclagem) ou a destinação adequada quando não têm.

Outro ponto importante da lei foi o incentivo à logística reversa, em que distribuidores e responsáveis pela utilização se comprometem a devolver os resíduos, após o consumo, ao fabricante.

Além disso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê a eliminação dos famosos lixões, e cobra dos municípios brasileiros a criação de planos locais para o melhor gerenciamento dos resíduos.

Aquino garante que município vai avançar na
gestão ambiental (Foto: Joab Ferreira/G1)
Plano de gerenciamento integrado

Santarém já caminha na elaboração do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, que vai contemplar diversas ações, incluindo a intensificação da educação ambiental como forma de aperfeiçoamento da coleta seletiva. As reuniões são abertas ao público, e ocorrem duas vezes por mês.

Dentre as prioridades do plano, que deve ser implantado no primeiro trimestre de 2014, é a reorganização do aterro sanitário de Santarém, localizado na comunidade Perema, até o final deste ano.

“Eu espero que neste ano nós possamos avançar nessa área de gestão de resíduos dentro da área urbana e, por que não estender para outras áreas do município de Santarém, como é o caso de Alter do Chão, e de comunidades do Planalto?”, sugere Hugo Aquino.

A coleta e destinação de resíduos sólidos fazem parte das ações da gestão integrada de saneamento básico, que também engloba drenagem de águas pluviais, abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Moradores deverão separar o lixo em secos e
húmidos  (Foto: Joab Ferreira/G1)
Coleta seletiva

A proposta é implantar a coleta seletiva aos poucos. Inicialmente a ideia é fazer a separação entre resíduos secos (alumínio, papel, plástico, vidro) e úmidos (lixo orgânico). A prática deve começar quando a nova empresa de limpeza urbana, que venceu a licitação, iniciar a operação no município.

“Se nós separarmos o seco do úmido, essa parte seca já vai ser um salto significativo para que possamos implantar, a partir daí, realmente uma coleta seletiva mais detalhada”, explica Hugo Aquino.

O lixo orgânico, resíduo de origem vegetal ou animal, precisa ser tratado com muito cuidado, já que além de consequências indesejadas, como o mau cheiro e proliferação de bactérias e fungos, também pode provocar a contaminação do solo e lençóis freáticos.

Com a coleta seletiva, a população deve separar os restos de alimentos, cascas de ovos, ossos, sementes, e colocá-los em recipientes diferentes no local reservado para a coleta. Com isso, os caminhões coletores vão dar a procedência adequada, lançando no aterro apenas esse material que, por enquanto, não será reaproveitado pelo município.

Futuramente, com o fortalecimento da política pública municipal, o lixo orgânico poderá ser usado na produção de adubos, pelo processo de compostagem, e até para geração de energia (biogás).

Catadores reviram lixão do Perema
(Foto: Reprodução/TV Tapajós)
Aterro sanitário

A partir daí, haverá um galpão instalado na área do aterro sanitário para que seja realizada a triagem dos resíduos secos recolhidos.

Atualmente, o espaço funciona mais como um lixão a céu aberto, onde catadores ficam revirando o lixo depositado à procura de materiais que possam ter valor comercial. A ideia é que essas pessoas sejam as responsáveis pela triagem, o que vai gerar um incremento na renda, além de não terem que ficar em meio ao lixão, correndo riscos.

A empresa de limpeza urbana também será responsável pela manutenção do aterro. O que não puder ser reaproveitado, será compactado e coberto.

“Além da coleta seletiva, esse novo contrato prevê a manutenção do aterro. Ao chegar o lixo, deve ser selecionado o que serve para geração de renda. A partir do momento que a empresa começa a fazer isso, a gente organiza a área do Perema, a Associação de Catadores aumenta a renda deles, e a gente passa a ter uma gestão melhor”, explica o coordenador municipal de Saneamento Básico, Hugo Aquino.

Além da construção do galpão de triagem, será iniciado um serviço de topografia para verificar se há condições de ser feito um depósito para material inerte (poda de árvores, entulho de construções) que atualmente é lançado no bairro Santo André.

“Se essa área estiver propícia para isso dentro do Perema, a gente fecha o Santo André, que está dentro da área urbana, e começa a depositar os inertes lá na área do Perema sem comprometer a área do lixo”, antecipa Aquino.

Pontos de coleta de garrafas PET
(Foto: Joab Ferreira/G1)
Reciclagem

O reaproveitamento de materiais é uma prática antiga em países de primeiro mundo, que a cada ano intensificam pesquisas e buscam novas soluções para a problemática do lixo. Com a reciclagem, além de evitar que os resíduos sólidos sejam descartados de qualquer maneira, sem tratamento e com riscos de contaminação, é possível gerar renda.

No entanto, no Brasil, as coisas ainda caminham com lentidão. Em Santarém há apenas uma empresa licenciada para trabalhar com o reaproveitamento de materiais. E o proprietário reclama da falta de incentivos.

“A gente espera do poder público incentivo. Pelo menos subsídio para mandar esse negócio embora, porque a gente está dentro de uma ilha. Só sai pelo ar ou pela água. Pela estrada não tem condição, duas carretas já tombaram e eu perdi o material, porque o cara prefere jogar o produto e ir embora, e eu não tenho como ir buscar. Perante a lei é logística reversa, mas para a gente, aqui em Santarém, que trabalha com lixo, é política perversa. Se vai pagar para jogar no buraco, me paga que eu recolho”, argumenta Eduardo Lima.

A empresa de Lima, que está em operação há 7 anos, recolheu das ruas do município mais de 2 mil toneladas de materiais em 2013. O único material processado em Santarém é a sacola plástica, que é usada na fabricação de mangueiras de irrigação e conduítes. Os demais resíduos são enviados para outros centros, o que nem sempre é viável. 

Eduardo Lima critica falta de apoio
(Foto: Joab Ferreira/G1)
“A garrafa PET a gente prensa e manda para São Paulo, mas só para mandar a gente perde 50%. O papelão não tem valor agregado. Em Manaus (AM) a gente consegue o preço de R$ 0.28 o quilo, mas até chegar lá a gente gasta R$ 0.34. O papelão é o nosso buraco, é o gargalo. Esse eu só busco porque tem contrato de parceria de coleta”, reclama Eduardo de Lima.

O coordenador municipal de saneamento básico diz que pretende fazer parcerias com empresas e cooperativas do setor, a partir da implantação da plano de gerenciamento de resíduos.

“Com a criação do nosso Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos com certeza terão ações que irão contemplar essas empresas que fazem esse trabalho. Nós precisamos encontrar mecanismos que possam estar colaborando com o trabalho desenvolvidos por essas empresas, que é de fundamental importância para o município, não só na questão de limpeza, mas na geração de renda e no reaproveitamento de produtos que normalmente seriam descartados e enterrados”, garante Hugo Aquino.

O Brasil pretende alcançar a marca de 20% de reciclagem de resíduos até 2015, que é uma das metas fixadas pelo Plano Nacional sobre Mudança do Clima.

Fonte: santarém

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