Encerra reconstituição da morte de vigia; réu veio de Brasília participar
Reconstituição foi solicitada devido a divergências nos depoimentos. Policial rodoviário federal é acusado de matar David Martins à tiros.
A Polícia Federal encerrou por volta das 16h desta quarta-feira (19) na Praça do Mirante em Santarém, oeste do Pará, a reconstituição do crime em que o vigilante David Martins foi morto a tiros pelo policial rodoviário federal, Carlos André da Conceição Costa. O crime aconteceu no dia 24 de setembro de 2012, quando o servidor federal passava férias no município. Segundo a PF, o inquérito deve ser concluído até o fim deste ano.
Carlos André da Conceição Costa esteve no local e deu sua versão dos fatos. O acusado participou por 45 minutos da simulação e colaborou com as investigações indicando aonde estava a vítima e os envolvidos na cena do crime, dando maiores detalhes de como se desenrolaram os fatos. Ele chegou e saiu do local escoltado por policiais e saiu sem falar com imprensa.
Após a saída do acusado, outras duas testemunhas também foram até o Mirante. Uma delas trabalhava com a vítima e teria deixado-o no local, minutos antes do acontecimento. Ele alega que ouviu os tiros em outro ponto da praça. Disparos com uma arma similar à usada no crime foram efetuados para que fossem feitos maiores esclarecimentos.
Apesar de ter sido programado para durar dois dias, todas as partes que estavam sendo aguardadas compareceram e foram ouvidas nesta quarta, sem a necessidade de voltarem ao local em outro momento. "Conseguimos concluir todo o procedimento. Todas as pessoas intimadas compareceram e todas as versões foram ouvidas. Programamos a reconstituição para dois dias, imaginando que pudesse haver algum contratempo como condições climáticas que não pudessem ajudar, mas tudo ocorreu normalmente e não há a necessidade de prorrogar o trabalho", declarou o chefe da Delegacia da Polícia Federal em Santarém, delegado Ricardo Rodrigues.
Após a conclusão dos laudos, a previsão é de que o inquérito possa ser encerrado até dezembro. "Agora, o laudo pericial vai ser terminado e depois apresentado para as partes, tanto o Ministério Público Federal quanto para a defesa. Haverá a manifestação sobre este trabalho que foi feito hoje e o juiz se manifestará sobre mais esta prova", ressalta o procurador do Ministério Público Federal, Rafael Klautau Borba.
A reconstituição
A reconstituição ocorreu em cumprimento a uma requisição da Justiça Federal devido as divergências no depoimento das testemunhas. O procedimento foi conduzido pela Polícia Federal e acompanhado pelo Ministério Público Federal. A cena do crime foi reproduzida de acordo com as versões das quatro testemunhas, do réu, da namorada dele e da amiga da namorada do servidor.
Com base no relato dos envolvidos, policiais federais realizaram uma simulação que faz parte da fase de inquérito e servirá para colher provas que possam ser usadas no julgamento do processo. A encenação foi filmada e fotografada pela equipe de perícia da PF que teve o objetivo de coletar e registrar todos os detalhes para concluir os laudos do caso.
Relembre o caso
David Martins foi morto a tiros pelo policial rodoviário federal Carlos André da Conceição Costa, que estava de férias na cidade. Em depoimento à polícia, Carlos André alegou legítima defesa. (Assista o vídeo)
Ele contou que estava na Praça do Mirante do Tapajós, quando percebeu um homem com uma arma na cintura, revistando quatro jovens no local. Acreditando que se tratava de um assalto, ele resolveu sacar a arma pessoal, uma pistola calibre ponto 40, e se identificou como policial para a vítima, mandando que o homem levantasse as mãos. O vigia teria sacado a arma de fogo, fazendo com que o policial rodoviário federal disparasse. O laudo de necropsia do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves deSantarém mostrou que o homem foi alvejado com dois tiros na região torácica.
Depois dos tiros, Carlos Costa acionou a Polícia Militar e o serviço de ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para prestar socorro à vítima, que não resistiu e morreu.
O policial rodoviário federal Carlos André da Conceição Costa foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio doloso – quando há a intenção de matar. O policial teve a prisão temporária decretada em 26 de setembro de 2012, sendo convertida em prisão preventiva no dia 24 de outubro do mesmo ano.
Após conseguir uma liminar, ele passou a responder o caso em liberdade.Duas audiências sobre o caso foram realizadas em 2013, na sede da Justiça Federal em Santarém, na qual nove testemunhas foram ouvidas, mas o depoimento do policial foi adiado. Carlos André foi intimado a depor por vídeoconferência, para não ter que se deslocar de Brasília, onde trabalha, até Santarém.
O G1 fez contato com a sede da PRF em Brasília que informou que o servidor federal permanece desenvolvendo as atividades normalmente.
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