“Estive pesquisando fundos multimercados na corretora em que possuo alguns títulos. O Sparta Cíclico chamou a minha atenção, tanto pela ótima rentabilidade dos últimos dez anos – mais de 30 por cento por ano, na média – quanto pela taxa de administração (4 por cento parece meio salgado). Por favor, você poderia incluir esse fundo nas suas análises?”. Filipe F.
Seu desejo é uma ordem, Filipe. Essa é uma consulta recorrente aqui no meu guichê. Não é à toa. O Sparta Cíclico é o segundo maior multimercado de gestor independente em número de cotistas. São 2.089, atrás somente do Adam XP Macro, com 3.573 investidores. E com um patrimônio bem menor, de 78 milhões de reais. A aplicação mínima, baixa para um multimercado, de 5 mil reais, ajuda.
A pulverização por si só é um fator positivo. O saque de um único investidor dificilmente vai deixar o gestor em dificuldade de liquidar uma posição.
A graça mesmo do Sparta Cíclico é ser um fundo completamente diferente do resto do mercado. É estranho que, no país das commodities agrícolas, os gestores tenham tanto preconceito contra operar esses ativos. O Sparta é o único fundo que conheço realmente dedicado a elas.
Dedicado no sentido de ter nas commodities alguns dos ativos principais – boi, açúcar, milho, soja, café. Mas não só delas vive o Sparta. Ele opera também dólar e bolsa. Em juro, em geral, não toma risco.
A Sparta faz análise fundamentalista das commodities. "Seu Vitor", o fundador da gestora, é engenheiro agrônomo, teve fazenda por muito tempo e vai a campo literalmente. Ele avalia a oferta, a demanda, o clima, a produtividade, a área plantada.
Seu Vitor viaja de carro pelo Mato Grosso, pela Argentina, conversa com fazendeiros, tira fotos, mede as mudas e compara com o tamanho da plantinha no mesmo dia do ano passado, conta o filho dele, Ulisses Nehmi, sócio-gestor da Sparta.
No momento, por exemplo, o Cíclico está comprado na alta do açúcar, com a expectativa de quebra de safra, e vendido em milho, no mercado doméstico contra o internacional. Nosso preço hoje está o dobro do lá de fora, alguma hora vai convergir, disse o Ulisses.
O charme do Sparta é essa descorrelação. Enquanto a maior parte do mercado está posicionada em juro ou atenta à aprovação da PEC dos gastos, ele está de olho na safra do milho e do açúcar.
O retorno histórico, você está certo, Filipe, enche os olhos. O fundo da Sparta rende 913 por cento do CDI desde a criação, em outubro de 2005. Está certo que 2007, com ganho de 244 por cento, e 2008, com 116 por cento, ajudaram bem.
O Cíclico não é para qualquer um, entretanto. Teve 76 meses no positivo. E 55 no negativo. O máximo retorno mensal foi 62 por cento. O mínimo, prejuízo de 28 por cento, segundo os dados do Quantum Axis.
Vale a regra de sempre: volatilidade é legal? Sim, desde que você goste dela. Se for para entrar feliz logo depois do mês de ganho e sair correndo chorando no de prejuízo, essa brincadeira não é para você.
O próprio Ulisses fala isso: “Se você não estiver preparado para um mês de prejuízo de 10 por cento, não é para você aplicar. As commodities podem ter movimentos bruscos mesmo".
Fora que o Sparta não cobra barato por esse rolê no mundo dascommodities. A taxa de administração, o Filipe observou bem, é de 4 por cento ao ano. Salgada. E ainda tem os 20 por cento de taxa de performancesobre o que exceder o CDI.
Por fim, liquidez não é um problema do fundo: o dinheiro cai na conta quatro dias depois do pedido de resgate. A maior parte das operações é feita nas bolsas de Nova York e Chicago, bastante líquidas. O risco mesmo é de mercado.
O Sparta é, assim, um complemento interessante para um pedacinho do portfólio. O próprio Ulisses diz: nunca passe de 5 por cento do patrimônio no fundo e pense em um horizonte de pelo menos dois anos. E, vou repetir, definitivamente é para quem se sente muito à vontade com o risco.
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