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Causa da afta ainda é desconhecida na odontologia


Você começa sentindo aquela ardência em algum ponto da boca. Logo, vem a dor e, um dia depois, uma afta aparece. A origem dessa feridinha que incomoda de 5% a 25% da população mundial (uma das doenças bucais mais comuns) é um mistério para a comunidade científica. Ainda não se sabe qual a causa principal do surgimento da lesão. São conhecidos apenas fatores que precipitam ou agravam o quadro de afta.

Professora de estomatologia clínica da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FO-USP), Camila de Barros Gallo explica que cientistas já observaram que é preciso predisposição genética para o paciente desenvolver a doença da afta. Isso explicaria porque toda vez que você come abacaxi fica dias sofrendo com a dor mas seu irmão pode comer a fruta à vontade. “Sabemos que a afta não é igual a herpes, por exemplo, que possui um vírus causador. No caso da afta, não temos esse xis da questão. Se sabe que existe um descontrole imunológico, estimulado por vários fatores externos e que a origem desse descontrole é genética, mas o grupo de genes que precisam ser controlados e modulados para curar afta é desconhecido”, explica. 

Estudos continuam sendo feitos com o objetivo de desenvolver um medicamento melhor para a afta. Mas enquanto isso não acontece, se você sofre com lesões frequentes, pode procurar um dentista para aliviar as dores e a frequência. “Nesses casos, não adianta ficar passando remédio para afta se não for corrigida a base do problema”, alerta a professora. Mas não confunda: quando você morde a boca ou mesmo se machuca ao escovar os dentes, surge o que se chama úlcera traumática, e não afta, como muita gente pensa. Esses casos dispensam tratamento contínuo porque a lesão surge exclusivamente por conta do trauma.

Oitenta por cento dos pacientes com afta apresentam a lesão comum, que tem cerca de meio centímetro de diâmetro e cura espontânea, desaparecendo sozinhas de sete a 10 dias. Também existe um tipo de afta maior, que pode ter mais de um centímetro de diâmetro e pode durar até um mês. A professora orienta que os pacientes procurem um dentista se a afta não sumir em 10 dias, pois a lesão pode ser sintoma de uma doença mais grave, como o câncer de boca. É preciso ficar de olho, pois a lesão é parecida.

Alimentos

Além da predisposição genética, os pacientes com recorrência das lesões também relatam hipersensibilidade a alguns alimentos, relação com estresse e com deficiência nutricional. Em relação aos alimentos, Camila comenta que principalmente os ácidos precipitam a formação da lesão. Entre eles, o abacaxi é o mais temido. “Molho de tomate e às vezes até chocolate, além de alguns tipos de castanhas, estimulam a mucosa da boca, que desenvolve uma reação inflamatória local, terminando com a afta. Ao longo do tempo, os próprios pacientes vão descobrindo que tipo de alimentos potencializam suas lesões”, diz Camila.

A falta de alguns tipos de alimentos na dieta também leva ao surgimento de aftas, principalmente aqueles com vitaminas do complexo B e ferro, como verduras escuras, carnes, ovos e leite. A crença popular de que o aparecimento de aftas é indício de imunidade baixa também é verdadeiro. Já a relação com problemas estomacais não está comprovada cientificamente.

Tratamento

Camila explica que pacientes que têm aftas ocasionalmente (até seis por ano), podem utilizar terapias popularmente conhecidas, como o bicarbonato de sódio ou agentes cáusticos comprados em farmácias. Já aqueles com aftas frequentes devem ir ao dentista para investigar outros fatores. Camila explica que o tratamento é à base de anti-inflamatórios esteroidais (corticoides), mas alguns casos precisam de tratamentos mais sistêmicos, em forma de comprimidos, que retardam o surgimento da próxima lesão. 

Se você sofre com essas feridinhas, não se desespere, procure um dentista. A professora conta que com o passar dos anos e do tratamento, a frequência com que as lesões aparecem diminui e alguns pacientes até mesmo deixam de sofrer com as aftas.


Fonte: Saúde Bucal

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