PF faz operação para desarticular quadrilha que desviou até R$ 19 bilhões da Receita
Sede da Polícia Federal em Curitiba
Servidores repassavam informações privilegiadas a advogados, manipulando o trâmite de processos e o resultado de julgamentos de empresas devedoras ao Fisco.
A Polícia Federal iniciou nesta quinta-feira uma operação para desarticular grupos criminosos que atuavam junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) manipulando o trâmite de processos e o resultado de julgamentos. O esquema resultou na economia de bilhões de reais pelas empresas autuadas em detrimento do erário da União.
As investigações da Operação Zelotes, iniciadas em 2013, apontaram que a organização atuava no interior do órgão patrocinando interesses privados, buscando influenciar e corromper conselheiros com o objetivo de conseguir a anulação ou diminuir os valores dos autos de infrações da Receita Federal. Até o momento, as investigações se estendem sob julgamentos suspeitos da ordem de R$ 19 bilhões, sendo que já foram, efetivamente, identificados prejuízos de quase R$ 6 bilhões.
Apurou-se que servidores repassavam informações privilegiadas obtidas dentro do Conselho para escritórios de assessoria, consultoria ou advocacia em Brasília, São Paulo e outras localidades, para que estes realizassem captação de clientes e intermediassem a contratação de “facilidades” dentro do CARF.
Em diversas ocasiões, foram constatados tráfico de influência no convencimento de empresas devedoras ao Fisco. Eram oferecidos manipulação do andamento de processo, “pedidos de vista”, exame de admissibilidade de recursos e ainda decisões favoráveis no resultado de julgamentos de recursos a autos de infrações tributárias, por meio da corrupção de conselheiros. O grupo se utilizava de empresas interpostas para dissimular suas ações e o fluxo do dinheiro, que era lavado, retornava como patrimônio aparentemente lícito para estas empresas.
Os investigados responderão pelos crimes de advocacia administrativa fazendária, tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, associação criminosa, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Além da PF, participam dos trabalhos o Ministério Público Federal – MPF, a Corregedoria do Ministério da Fazenda e a Receita Federal. Ao todo, 180 policiais federais e 55 fiscais da Receita Federal estão cumprindo 41 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Ceará e no Distrito Federal.
Fonte: O Globo
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