Cunha é vaiado por movimento LGBT na Assembleia do Rio Grande do Sul
Dois homens se beijam durante a execução do Hino Nacional em evento
na Assembleia
Legislativa do Rio Grande do Sul (Foto: Rafaella Fraga/G1)
Manifestantes, a exemplo do que ocorreu na sexta em SP, deram beijo gay. Presidente da Câmara foi recebido com gritos de 'Fora, Cunha'.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi recebido com vaias e beijo gay em um evento para debater a reforma política na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, nesta segunda-feira (30). O protesto, realizado por representantes do movimento LGBT, foi similar ao organizado na última sexta (27), quando Cunha também foi vaiado na Assembleia de São Paulo.
O presidente da Câmara tem sido alvo de protestos de movimentos ligados à causa LGBT. Ele já manifestou opinião contrária à criminalização da homofobia.
Nesta segunda, antes mesmo de o evento começar, manifestantes já aguardavam na porta do prédio do legislativo gaúcho com faixas e cartazes de protesto. Quando Cunha chegou ao teatro da Assembleia onde seria realizado o debate, houve vaias e gritos de "fora".
As vaias e gritos continuaram na abertura do evento e durante a execução do hino nacional. Diante das manifestações contrárias a Cunha, o presidente da Assembleia do Rio Grande do Sul, deputado estadual Edson Brum (PMDB), suspendeu a sessão.
"Antes de saudar a Mesa Diretora, queria pedir a gentileza a todos, nós estamos em um estado democrático, conquistado por todos, e precisamos oportunizar que todos se manifestem e pediria a gentileza que o fizessem ao seu tempo", disse o parlamentar gaúcho pouco antes de interromper a sessão.
Grupo protesta contra Eduardo Cunha na Assembleia Legislativa
do RS em Porto Alegre (Foto: Rafaella Fraga/G1)
Cunha ouviu os protestos sentado à Mesa do plenário, junto de autoridades e do vice-presidente da República, Michel Temer.
Cerca de 15 minutos após interromper a sessão, o presidente da Assembleia do Rio Grande do Sul retomou o evento em outro local do prédio, desta vez no plenário, fechado para a presença dos manifestantes.
Após a retomada do debate, Brum fez uma introdução ao tema da reforma política e passou a palavra a Cunha. No microfone, antes de começar sua fala, Cunha criticou o que chamou de "intolerância".
"Sobre a intolerância que a gente acabou de assistir. Aqueles que não respeitam o Hino Nacional, não podem se permitirem a qualquer outro tipo de manifestação democrática. O debate, o contraditório, é sempre agradável e salutar e nós todos estamos sempre dispostos a ouvir e debater. Mas todos com respeito ao direito de falar, ao direito de ouvir. O respeito previsto na Constituição. [...] Foi lamentável a intolerância, mas meus cumprimentos aos intolerantes também", afirmou.
Ao deixar a Assembleia, após seu discurso, Cunha foi questionado por jornalistas sobre os protestos. Ele disse que as manifestações não o preocupam nem vão mudar a agenda de compromissos.
"Nem um pouco preocupado [sobre manifestações]. Vinte, 30 pessoas, que vêm só para agredir, não têm que causar nenhuma preocupação. Isso nao é democracia, é intolerância", afirmou Cunha.
Reforma política
Na fala sobre reforma política, o presidente da Câmara questionou a necessidade de se realizar uma campanha eleitoral de 90 dias e placas de propaganda eleitoral em "cada esquina".
"Por que a gente precisa de 90 dias de campanha no primeiro turno? Isso não faz com que a gente tenha um custo bastante elevado. Será que nós precisamos ter placa em cada esquina? Gasta para colocar a placa e ainda paga multa pela placa. Isso é um debate que tem que ser feito", disse.
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