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'Viciados' em apps de chat trocam ligações telefônicas por mensagens

A estudante Beatriz Mesquita trocou as ligações telefônicas pelos 
apps de bate-papo. (Foto: Victor Moriyama/G1)
WhatsApp, Viber, Skype e ZapZap fazem jovens abandonar o 'alô'. Acreano chegou a interromper missa por causa do aplicativo.

No ponto alto da missa na cidade de Rio Branco, capital do Acre, o padre ergue o cálice dourado. Prepara-se para iniciar o ritual da Eucaristia, em que, para os católicos, o corpo e o sangue de Jesus Cristo se materializam. Um ruído vindo de um celular o faz parar e esperar que Tiago Araújo Portela, de 18 anos, achasse o celular, escondido de propósito na bolsa da mãe, para “calar” o aparelho. 

“O constrangimento foi tanto que eu não tive nem coragem de responder”, disse, rindo, “mas deu vontade, viu”. O acreano é um dos jovens com quem o G1 conversou e que dizem não viver sem aplicativos de mensagens. Além de interromper missas, banhos, o sono, entre outras coisas, os programas não roubam somente a atenção desses jovens. Para eles, já são substitutos naturais das ligações telefônicas.

Antes de instalar o app há um ano, o jovem chegava a deixar seu Galaxy S5 na gaveta por falta de uso. Agora não desgruda os olhos do aparelho, que só não exibe o aplicativo quando ele tem de falar com a namorada. Aí recorre ao WhatsApp. O motivo é um detalhe técnico: a moça é dona de um iPhone, no qual o ZapZap ainda não roda. “Hoje em dia o meu telefone é só pra usar o ZapZap mesmo. Não escuto música, não ligo para ninguém.” Portela gasta seu tempo administrando cinco grupos de discussão no app, cada um com, média, 140 pessoas.

Casamento sincero

Outro que substituiu as ligações por celular pelas mensagens instantâneas é o promotor de eventos Caio Schlesinger. “Faz tempo, um ano”, disse ao G1, em entrevista obviamente feita pelo WhatsApp, aplicativo com o qual diz ter um “casamento sincero e duradouro” e “mais fiel, impossível”. Chamadas, diz, “só quando muito necessário, tipo precisar falar muito urgente”. “Não uso telefone fixo há mais tempo ainda, só quando me ligam.”

A estudante Beatriz Mesquita trocou as ligações
telefônicas pelos apps de bate-papo. (Foto:
Victor Moriyama/G1)
Responsável pela coordenação de uma casa noturna em São Paulo, o jovem fecha até contratos e encomendas pelo aplicativo. “O dia a dia de uma pessoa funciona pela conversa, reuniões são feitas, projetos fechados. Não preciso viajar ou ir até um lugar para mostrar um projeto ou uma imagem.”

A estudante de arquitetura Beatriz Mesquita, de 19 anos, também usa o app até para trabalhar. Ela espalha o número de seu celular pela internet, mas é por mensagens instantâneas que chegam os pedidos de encomenda de chinelos e turbantes. “Pelo telefone, eu não conseguiria falar com tantas pessoas ao mesmo tempo como eu falo no WhatsApp.”

A paulistana conta que já atendeu clientes até no banho. E entre uma mensagem de encomenda e outra, já rolou até briga com o ex-namorado. Para ela, nessas horas “uma vírgula faz diferença”. A interação com muitas pessoas faz com que ela se confunda e acabe mandando para uma amiga fotos destinadas a outra. Ainda assim, diz, “coisas que podem dar saia justa, eu levo para o tete-a-tete”.

Os três dizem não ver uma vida sem aplicativos de mensagens, que já orientam boa parte de suas ações. Se, por acaso, esses apps deixassem de existir, provavelmente deixaria algumas viúvas. “Eu ia ter que me internar numa clínica de tratamento para zapeiros anônimos”, brinca Portela. “E o celular ia voltar para a gaveta."

Fonte: Whatsapp

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