'Querem tapar o sol com a peneira', diz FHC sobre o governo Dilma
Ex-presidente deu entrevista a Mario Sergio Conti na GloboNews. Ele responsabilizou PT por erros na política e na economia.
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quinta-feira (19) em entrevista ao jornalista Mario Sergio Conti no programa Diálogos, na GloboNews, que o país vive um “conglomerado de crises” e que o governo da presidente Dilma Rousseff tenta "tapar o sol com a peneira".
O político tucano também responsabilizou o PT por “perda de oportunidades" de fazer o país crescer, devido ao que ele considera uma série de “erros” na condução política e econômica.
"Você tem uma crise econômica, uma crise de condução política, você tem uma questão social, desemprego, inflação, e você tem uma crise moral, que está escancarada [...]. E eu tenho a impressão que a presidente, todo o partido dela e quem orienta a propaganda e tudo mais, querem tapar o sol com a peneira. ‘O meu governo foi o que mais combateu a corrupção’, [...] ‘a culpa é do Fernando Henrique’... Minha senhora, não é assim", disse o ex-presidente.
Você tem uma crise econômica, uma crise de condução política, você tem uma questão social, desemprego, inflação, e você tem uma crise moral, que está escancarada [...]. E eu tenho a impressão que a presidente, todo o partido dela e quem orienta a propaganda e tudo mais, querem tapar o sol com a peneira. ‘O meu governo foi o que mais combateu a corrupção’, [...] ‘a culpa é do Fernando Henrique’... Minha senhora, não é assim"
Fernando Henrique Cardoso,
ex-presidente da República
No último domingo (15), em todos os estados do país, manifestantes saíram às ruas para protestar contra o governo e a corrupção. No dia seguinte, em sua primeira declaração sobre os protestos, durante solenidade no Palácio do Planalto, Dilma afirmou que, ao ver as manifestações, pensou que "valeu a pena lutar pela liberdade" e "pela democracia". "Este país está mais forte que nunca", declarou.
Durante a entrevista desta quinta, FHC disse que a primeira das crises, que, segundo ele, acabou por agravar as demais, é econômica. “Não é uma crise, são várias. É isso que me preocupa. [...] Essa de hoje é um conglomerado de crises. A primeira, mais saliente, que provoca comoção no país, é econômica. Estamos, sem dúvida, em um momento de dificuldade econômica. [A gravidade] É grande, porque não começou agora”, disse.
Segundo o ex-presidente, o baixo crescimento econômico incomodou setores como o industrial e a classe média, o que culminou na rejeição ao atual governo e procovou "dificuldade de condução política" da presidente Dilma Russeff.
FHC chegou a elogiar medidas anticíclicas tomadas no período do governo Lula para tentar conter o impacto no Brasil da crise internacional iniciada em 2007, mas considerou ter havido uma "dosagem além do limite". "A reação do governo (inicial) foi positiva. As medidas anticíclicas tomadas, para aumentar créditos e consumo eram positivas. Mas ali deu um sinal mal interpretado por quem governava o Brasil".
Segundo o ex-presidente, os estímulos acabaram gerando descontrole nas contas públicas. "É preciso que haja certo controle das contas públicas. Quando houve essa sensação de que 'com o crédito eu faço tudo', começou a haver uma frouxidão nas contas. Isso não é de repente, vai se constituindo. Num dado momento, quando o banco BNDES resolveu ser a alavanca do crescimento, eu digo: aqui vai dar confusão. [...] A dosagem foi além do limite", disse.
Fernando Henrique disse, ainda, que o país perdeu a oportunidade de crescer num período em que havia valorização das commodities, "com os chineses" e "um presidente popular", em referência ao período do governo Lula.
"Isso aqui não há fatalidade, foram erros de visão política. Erros de visão de mundo", afirmou. "Tomaram decisões equivocadas. Me doi como brasileiro ver a perda de oportunidade, histórica, e a responsabilidade é do partido que está no poder."
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