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Gravidez psicológica é um transtorno: saiba como identificar e tratar!


GRAVIDEZ PSICOLÓGICA É UM TRANSTORNO: SAIBA COMO IDENTIFICAR E TRATAR!

No final de 2013, um caso de gravidez psicológica aconteceu na cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e os médicos só perceberam que a mulher não estava grávida quando, literalmente, abriram a barriga para retirar a criança. O marido da paciente disse que a esposa havia passado por um caso semelhante em 2012. O episódio foi relatado pelo jornal "O Globo". Um ano depois, outro caso de gravidez psicológica aconteceu, desta vez na cidade de Monte Carmelo, em Minas Gerais. De acordo com o site de notícias "G1", uma mulher de 30 anos deu entrada no hospital alegando trabalho de parto, mas, após a cesariana, ela foi informada pelos médicos de que não estava grávida.

Casos assim costumam ser raros, mas acontecem. O problema é classificado pelos médicos como transtorno e é conhecido como pseudociese ou pseudogestação, ou seja, é um problema psicológico no qual a mulher apresenta todos os sintomas de uma gestação real sem estar, de fato, gestante.

Segundo os médicos ginecologistas Fernanda Araújo Pepicelli, do Hospital Bandeirantes, e Renato de Oliveira, responsável pela área de Reprodução Humana da Criogênesis, mulheres que passam por uma gravidez psicológica, geralmente, são aquelas que apresentam quadros de ansiedade patológica, depressão ou baixa autoestima.

O transtorno pode acontecer também em mulheres casadas que costumam ter muitos problemas conjugais, além daquelas que passaram por experiências amorosas envolvendo abandono e separação. "É um transtorno psicológico que pode levar a alterações fisiológicas. Uma depressão ou ansiedade patológica na mulher, por exemplo, pode levar a um aumento de um hormônio conhecido como prolactina, responsável por estas alterações no organismo. Normalmente, estes distúrbios psicológicos estão associados com a baixa autoestima, casos de infertilidade ou mesmo a um medo exacerbado de engravidar", aponta Fernanda.

Segundo o ginecologista Renato de Oliveira, o transtorno é reconhecido pela classe médica. "Isso porque, além do caráter psicológico, a gravidez psicológica também é considerada uma doença psicossomática, uma especialidade da medicina e da psicologia, na qual se estuda a estreita relação entre o corpo e a mente", explica.

"No entanto, mesmo após ter a gravidez desmentida pelos médicos, a mulher, por meio de exames laboratoriais, clínicos ou de imagem, muitas vezes continua acreditando na gravidez. Por isso é tão importante o acompanhamento médico, psicológico e de toda a família", reforça Renato.

A MULHER REALMENTE ACREDITA QUE ESTÁ GRÁVIDA!
"Por causa de alterações fisiológicas como náusea, crescimento das mamas, parada da menstruação e saída de leite, a mulher com gravidez psicológica realmente acha que está grávida. E ela acredita nisso mesmo tendo, muitas vezes, seus exames de gravidez negativos e um ultrassom que comprove a ausência do feto", explica Fernanda Araújo Pepicelli, ginecologista do Hospital Bandeirantes.

SINTOMAS SÃO SEMELHANTES AOS DE UMA GRAVIDEZ REAL
"Os sintomas da gravidez psicológica são os mesmos de uma gestação real, como enjoos, aumento do volume abdominal, dor nos seios e a ausência de menstruação", explica o ginecologista Renato de Oliveira.

E Fernanda Pepicelli complementa que isso acontece por causa do aumento da prolactina no organismo, que é um hormônio que estimula a produção do leite pela mama, causando essas alterações fisiológicas.

TENTATIVAS FRUSTRADAS DE ENGRAVIDAR
Segundo o médico Renato de Oliveira, a vontade de ser mãe ou o medo inconsciente desta responsabilidade pode ocasionar uma gravidez psicológica na mulher.

"A pseudogestação, na maioria dos casos, revela uma série de problemas psicológicos. E tudo isso, geralmente, tem origem em traumas do passado e tentativas frustradas de engravidar e constituir uma família, ou ainda de problemas relacionados com a sexualidade", opina o ginecologista.

HISTÓRICO DE VIDA DA MULHER
"O histórico de vida da mulher também pode ter relação com o surgimento da gravidez psicológica. Muitas vezes, o início dos sintomas começa a partir de um problema que a mulher não consegue intervir, como a infertilidade, ou mesmo de uma situação emocional na qual ela está com dificuldade de resolver, como problemas graves no casamento", endossa Fernanda Araújo Pepicelli, ginecologista do Hospital Bandeirantes.

EXAMES PODEM DETECTAR A GRAVIDEZ PSICOLÓGICA
"Para identificar se a mulher está com gravidez psicológica é necessário realizar um exame de sangue e, neste caso, a dosagem de BhCG [um hormônio produzido pela placenta durante a gestação] deverá estar negativa. Além disso, a ultrassonografia pélvica (na região do útero, ovários e trompas) também mostrará a ausência do feto", informa o ginecologista Renato de Oliveira.

COMO CONTAR À PACIENTE SOBRE A GRAVIDEZ PSICOLÓGICA?
"Por se tratar de uma doença relacionada com alterações psicológicas, a delicadeza é o mais importante. Mesmo porque muitas mulheres, vendo os exames de BhCG negativo e ultrassom sem o feto, acreditam que estão com a razão devido aos sintomas associados ao aumento da prolactina. Portanto, a abordagem não deve ser feita apenas por um ginecologista, mas também por um psiquiatra ou psicólogo", propõe Fernanda.

Além disso, reforça o ginecologista Renato de Oliveira, a gravidez psicológica, por ser fruto de um momento de vulnerabilidade da mulher, tem que ser tratada com muita delicadeza e cautela.

SUPORTE PSICOLÓGICO É NECESSÁRIO!
"Nesse caso, o mais importante é o suporte psicológico. E isso, geralmente, é feito com terapia. Na maioria das vezes, não é necessário prescrever nenhuma medicação", afirma Fernanda Pepicelli.

De acordo com Renato de Oliveira, ainda não há tratamento específico para a gravidez psicológica. "O processo de aceitação e tratamento varia em cada caso e envolve família, amigos e médicos em um trabalho conjunto. Será preciso diagnosticar as origens do problema e saná-las, possibilitando que a mulher retorne às suas atividades normais e busque alternativas para concretizar o desejo de ser mãe", pontua.









Fonte: Saúde e Bem Estar

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