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Família acusa hospital por morte de adolescente com sopro no coração


Menina morreu na sexta-feira (22), no Hospital Municipal de Santarém. Ela aguardava transferência pra cirurgia desde outubro de 2013.

A família da adolescente Railene dos Santos, de 14 anos, acusa o Hospital Municipal de Santarém (HMS) pela morte da menina. Ela sofria de uma doença chamada sopro no coração (ruído produzido pela passagem do fluxo de sangue através das estruturas do coração), e segundo a mãe, Maria das Graças Cardoso, desde o ano passado tentava transferência para Belém, para fazer cirurgia.

O caso foi mostrado pelo Jornal Tapajós e G1 no dia 12 de fevereiro, depois disso, ela foi internada no Hospital Municipal. Na terça-feira (18), o estado de Railene se agravou, ela não resistiu e morreu na sexta-feira (21).

Railene dos Santos, de 14 anos
A culpa é deles porque me enganaram, e eu estava esperando levarem minha filha"
Maria das Graças, mãe de Railene

A mãe reclama da demora na marcação da cirurgia na capital. “Fiquei aguardando porque eles disseram que iriam encaminhar e disseram que só ia sair do hospital quando tivesse leito. Eu fiquei lá, ela melhorou, e ele [médico] disse: ‘É grave esse caso. Nós vamos pedir para ir para Belém esse encaminhamento’. E eu fiquei aguardando. Aí me disseram que não estava nem o nome dela para lá. Então, a culpa é deles porque me enganaram, e eu estava esperando levarem minha filha. Se eles dissessem que não tinha jeito, eu tinha dado outro jeito, pedido ajuda. Esperei por eles, e não fizeram nada”, disse Maria das Graças.
Outra reclamação da mãe é em relação ao atendimento recebido no Hospital. Segundo Maria das Graças, a precariedade no atendimento tirou as chances de vida de Railene. “Meteram um fortificante nela, pra ela comer e depois eu perguntei: ‘o que vocês vão dar para ela?’, e eles: ‘Ela não pode tomar nada de remédio por causa do coração’. Aí eu disse: ‘Porque está com esse negócio aqui, que não tira?’ E eles: ‘A gente vai dar alguma coisa’. E davam dipirona para ela e  a criança morrendo. Quando eu prestei atenção, me deram uma bandinha de pílula e dei para ela. Depois que ela tomou, a  criança não falou mais. Eu fui visitar ela e olhei, a minha filha estava morta. Eu disse que a minha filha estava morta e eles de repente mandaram eu ir para fora”, conta emocionada.

Railene dos Santos, de 14 anos
A menina estava forte, já estava se alimentando, bem, pronta para cirurgia"
Ana Paula, amiga da família

A amiga da família, Ana Paula, que acompanhava o caso da adolescente, explicou que a solicitação de leito foi feita em outubro de 2013 para a central de regulação em Belém. “Desde outubro estávamos com esse diagnóstico para cirurgia e nunca chamara ela. A menina estava forte, já estava se alimentando, bem, pronta para cirurgia. E na terça-feira ela ficou agonizando no leito da clínica médica mesmo e um maqueiro passou e viu a situação dela, e foi chamar ajuda, para levar ela para a sala de reanimação, sendo que a equipe de enfermagem estava toda ali e não via essa situação. E a mãe correndo no corredor, pedindo ajuda”.

Esclarecimento Secretaria de Saúde

Por e-mail, na sexta-feira (21), o Departamento de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde de Belém, informou que a paciente foi cadastrada na central de leitos, para cirurgia eletiva cardiológica no dia 18 de fevereiro. No entanto, a Sesma aguardava um laudo que ficou de ser enviado pela Secretaria Municipal de Saúde de Santarém (Semsa), para que o processo de internação pudesse seguir.

Em nota, Semsa esclareceu que o laudo de pedido de avaliação para procedimento cirúrgico enviado à central de regulação estadual, via sistema nacional de regulação foi preenchido no dia 23 de outubro de 2013, mas após avaliação de médico especialista, Railene foi diagnosticada com endocardite, e, por se tratar de patologia clínica - tratamento feito de forma periódica com acompanhamento médico - o sistema não aceitou o pedido de cirurgia.
Ainda de acordo com a Semsa, em nova consulta com cirurgião cardíaco, no dia 14 de fevereiro, foi preenchido novo laudo com pedido de cirurgia no dia 17, e foi enviado novo cadastro no dia 18.

A secretaria afirma que no hospital, a paciente foi atendida por uma multiprofissional, sendo acompanhada em 24h, recebendo medicação e realizando exames periódicos. Ressaltou ainda que todos os procedimentos por meio do programa Tratamento Fora Domicílio (TFD) foram adotados, mas por se tratar de uma patologia de difícil reversão para melhora do quadro clínico de saúde, a paciente não resistiu.

Velório

O velório de Railene foi realizado na manhã deste sábado (22), na casa da família. O corpo da adolescente será enterrado hoje às 17h no cemitério do Mararu.

Fonte: Santarém

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