O que mudou na velha batalha Linux x Windows
Uma afirmação muito popular do filósofo Heráclito de Éfeso define bem o comportamento do mercado de tecnologia – “a única constante é a mudança”. O desafio para os mais aficionados em tecnologia é justamente se manterem atualizados com tantas novidades de hardware e software. Um tema que já foi abordado aqui na coluna Tira-dúvidas de tecnologia e frequentemente gera inúmeros comentários dos leitores é sobre sistemas operacionais. A antiga rivalidade Windows vs. GNU/Linux vs. Mac OS X, os sistemas operacionais mais populares, provoca grande embate entre o software de código aberto vs. o software “proprietário”. Muitos leitores devem estar se perguntando sobre o real sentido de um programa despertar tanta paixão entre os seus usuários.
As razões variam entre a ideologia relacionada ao software livre, a desconfiança sobre códigos inacessíveis num sistema operacional fechado, a liberdade de modificação (quando se possui conhecimento para isso), a disponibilidade de programas úteis, a segurança e o custo de aquisição.
Além da certeza da constante evolução da tecnologia, é pouco provável que um dia exista um consenso sobre qual é o melhor sistema, aí um outro clichê muito popular entre os usuários é de que “o melhor sistema operacional é aquele que atende a necessidade do usuário”, e de fato é exatamente esse o propósito de um sistema operacional. Mas será que realmente é viável o uso diário de uma distribuição Linux por um usuário de conhecimento básico em sistemas? E os programas, games? Como se virar num ambiente tão diferente se comparado ao Windows, que é disparado o sistema operacional mais popular do mercado?
Quebra de paradigma
Para quem está usando pela primeira vez uma distribuição Linux qualquer (há várias versões diferentes que usam o núcleo Linux), logo vem a pergunta “onde está o botão iniciar”? A mudança nem sempre é vista de maneira positiva, vide a resistência entre os usuários do Windows em relação ao Windows 8. O que é considerado uma virtude pelos usuários veteranos do sistema do pinguim pode ser o impedimento para que muitos usuários se adaptem ao “diferente”. Aí exercendo a liberdade de modificar o sistema conforme a preferencia pessoal, estão disponíveis gratuitamente diversas interfaces gráficas como o Unity, Gnome, KDE, Xfce. Os recursos e o visual de qualquer uma das interfaces gráficas mencionadas varia para atender a diversidade de gostos, tem aquela que vem repleta de recursos gráficos, efeitos até a mais simples, leve para os usuários mais conservadores ou quem dispõem de um PC com recursos limitados de hardware.
A instalação dos programas
Embora muitos usuários novatos no Linux pensem que instalar novos programas no PC é uma tarefa complexa, definitivamente nos dias atuais isso não é verdade. Para aqueles que defendem ser mais prático usar a linha de comando, fica a dica: não assustem os usuários iniciantes. É possível instalar ou remover qualquer programa nas principais distribuições Linux com um simples clique do mouse. Embora usar o mouse possa parecer “coisa de iniciante” é justamente esse o objetivo de que a comunidade desenvolve gerenciadores de pacotes. Aprender os comandos é interessante, mas não é um pré-requisito para se tornar usuário do Linux. Na prática, é mais simples a instalação de um programa disponível no repositório do Linux do que instalar um programa no Windows. E com a vantagem que quando o programa não for mais útil ele pode ser removido com a mesma facilidade que foi instalado sem comprometer o registro do sistema operacional, pois no Linux não existe esse conceito. Ou seja, programas como CCleaner não estão disponíveis para o Linux, justamente porque não faz sentido algum. O gerenciador de programas irá se encarregar de remover qualquer vestígio do programa durante o processo de desinstalação.
Áudio e vídeo
O suporte aos principais codecs é adicionado durante o processo de instalação. Vale salientar que não é relevante para o usuário iniciante se o codec é ou não proprietário – a menos que ele realmente esteja interessado em militar de um sistema completamente livre. O ideal é garantir a execução de qualquer conteúdo multimídia no PC, sem que para isso seja preciso se aventurar durante horas na internet “em busca do codec perdido”. A vantagem de optar pela instalação do suporte completo de codecs é que o PC já fica pronto para o uso, não se corre o risco de instalar bibliotecas de terceiros que em alguns casos trazem consigo aquelas barrinhas inúteis no navegador.
Vírus no Linux
Um dos argumentos mais difundidos pelos usuários do Linux é que o sistema operacional é imune a vírus. Essa afirmação é relativa. O que ocorre é que para o Linux existe uma “oferta” muito menor de vírus e no geral os existentes não são tão eficientes quanto os milhares disponíveis para o Windows. A questão de segurança é relativa, pois um Linux pode estar tão vulnerável quando um PC com Windows, tudo vai depender se o sistema está atualizado, a maneira que ele é operador pelo usuário. O que realmente pode-se afirmar é que o Linux é menos propenso a ser infectado por alguma praga virtual.
Desempenho
Nesse quesito, o Linux leva vantagem. Mesmo as distribuições com mais efeitos na sua interface gráfica se apresentam superiores ao Windows. E com a vantagem de grande customização, para ser executado com eficiência em equipamentos com hardware modesto, como notebooks antigos, netbooks. Essa característica oferece a possibilidade de que os equipamentos possam ser usados durante muito mais tempo com a vantagem de contarem com um sistema operacional atual e seguro, é muito útil para usuários que apenas navegam na internet, por exemplo.
Games
A possibilidade de instalação de games no Linux sempre foi alvo de críticas, e que fazem todo o sentido. Afinal, a oferta de títulos disponíveis sempre foi muito menor se comparado com a para o Windows. Atualmente, é possível instalar muitos games equivalentes e, dependendo dos requisitos, games disponíveis no Windows. Recentemente a empresa desenvolvedora do game ‘Half-Life’ anunciou que em breve vai disponibilizar gratuitamente o SteamOS, plataforma de games baseada em Linux.
Embora o problema tenha sido minimizado, ainda assim algumas placas aceleradoras 3D podem não ser suportadas nativamente pelo sistema operacional. Nesse caso, é preciso um pouco de paciência e disposição de pesquisar nos fóruns da comunidade sobre as soluções “não oficiais”.
Produtividade
É possível obter a mesma produtividade usando Linux, mas é preciso levar em consideração que a ferramenta de escritório aceita nativamente pelo sistema é o LibreOffice ou suas variações. É possível instalar o Microsoft Office, porém, é preciso recorrer a programas que emulam bibliotecas do Windows para permitir a instalação. Nesse caso, a estabilidade do programa pode não ser satisfatória. Para os usuários que não usam os recursos avançados do Office, como a criação de Macros em VBA, o LibreOffice atende perfeitamente. Navegar na internet, acessar as redes sociais, escutar músicas, assistir a filmes, o Linux está completamente preparado para atender.
Outros recursos como integração com serviços de armazenamento na nuvem, loja de aplicativos, ferramentas de cópia de segurança, edição de mídias (DVD e Blu-Ray) podem variar dependendo da distribuição Linux escolhida. Mas todas elas oferecem os recursos mínimos para a realização desse tipo de tarefa.
Dica para quem está interessado em começar a usar alguma distribuição Linux: as mais amigáveis são Linux Mint, Fedora, Ubuntu e OpenSuSE.
Para os leitores que ainda acham que o Linux é complicado, é possível que muitos usem indiretamente sem saber e se divertem muito com isso. O sistema operacional Android é baseado no Linux e nem por isso usar um smartphone ou tablet é uma tarefa destinada somente à usuários avançados.
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