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O peixinho que dá nome ao Vale do Silício da Amazônia


Se Vale do Silício é o apelido da região na Califórnia, nos Estados Unidos, mundialmente conhecida por abrigar gigantes da tecnologia como Google, Facebook e Apple e ver pipocar todos os dias aspirantes a ser “the next big thing”, nasce na Amazônia um ecossistema de inovação com nome de peixe e olho no primo famoso.

Localizado em Manaus, capital do Amazonas, o Jaraqui Valley reúne startups e entidades que orbitam em torno delas, como aceleradoras e incubadoras de empresas e consultorias.A ideia do Jaraqui Valley surgiu no início do mês de abril em um evento que reuniu 150 empreendedores, segundo Daniel Geottenauer, da FabriQ Aceleradora.

Os empreendedores da região queriam mostrar que Manaus possui características que favorecem a criação de um polo de inovação de destaque. São de lá a IndBeat, uma rede social para quem gosta de música independente, e a Bug City, um sistema colaborativo em que os cidadãos podem fazer auditoria dos “bugs” em sua cidade via aplicativo –tipo um Colab.

Já são 32 startups e entidades mapeadas (Veja aqui). Os idealizadores querem chegar a 50 em 30 dias.


Vale tudo

Ter o Vale do Silício como referência para apelidar regiões efervescentes em inovação é uma onda que já tem precedentes no Brasil –mas não é lá uma jabuticaba. A cidade de Nova York, percursora de tantas outras modas, foi buscar na região californiana a inspiração para chamar de “Beco do Silício” sua cena de tecnologia. Cambridge, na Inglaterra, tem o “Pântano do Silício”. Bangalore é o Vale do Silício da Índia.

Já o mineiro San Pedro Valley nasceu como uma brincadeira entre amigos empreendedores do bairro de São Pedro, em Belo Horizonte. A conversa foi juntando gente e devagarinho cresceu tanto que reúne atualmente 195 empresas da capital mineira e de cidades de seu entorno (Olha só). Agora, os empresários de lá trabalham na criação de uma entidade para organizar as atividades do ecossistema.

Também mineiro mas mais antigo é o Vale da Eletrônica, de Santa Rita do Sapucaí. Fabricando equipamentos de toda ordem, de rastreadores de veículos a bloqueadores de celular, as 150 empresas se consolidaram ao redor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Por ano, faturam R$ 2,5 bilhões.

Em Maceió, surgiu em 2012 o Sururu Valley, em homenagem ao molusco que compõe muitas das receitas da culinária alagoana. Essa talvez seja a tal jabuticaba dos vales do silício Brasil afora: a tentativa de dar a um apelido embotado de tão usado um colorido local.

O Jaraqui do apelido do “Vale do Silício amazonense”, por exemplo, é um peixe natural do Rio Negro, que, próximo a Manaus, forma com as águas do Solimões o Rio Amazonas. Esse encontro é crucial para que o peixe dê continuidade à espécie, pois é onde desovam suas larvas. O alimento do Solimões são fundamentais na primeira fase de suas vida.

Vale, o verdadeiro

Já o verdadeiro Vale do Silício foi chamado assim devido a uma onda de empresas que migraram para a região californiana de San Francisco a partir de 1956, quando a Shockley Semicondutor Laboratory se instalou na cidade de Mountain View. Criada por William Shockley, um dos pais do transistor, a empresa produzia chips, que tem no silício uma de suas principais matérias-primas.

De lá para cá, os semicondutores tiveram que dividir espaço com computadores, equipamentos de telecomunicação, softwares e aplicações na internet. A cidade inicial ficou pequena e, se acordo com a Silicon Valley Community Foundation, o Vale do Silício se espalhou a tal ponto que em 2014 já compreende 39 cidades, como Cupertino (lar da Apple) e Menlo Park (Facebook). Hoje, aliás, Mountain View abriga um tal de Google. Em toda a região moram 2,92 milhões de pessoas, das quais 36,4% nasceram fora dos EUA.

As empresas do ecossistema oferecem 1,4 milhão de empregos, 13% da força de trabalho do estado. A Califórnia, o mais rico dos EUA, deve 14,5% de seu PIB ao Vale do Silício. Há outros indicadores que dão conta da relevância tecnológica e do potencial financeiro da região. De todos os registros de patentes do estado, quase 52% são do Vale do Silício, assim como as aberturas de capital (55,8%) e os recursos para investir em empresas maduras (77,2%) e em startups (86,7%).

Perto desse gigante da tecnologia e inovação, qualquer outro vira peixe pequeno. No entanto, se um lugar surgido da areia cresceu tanto, nossos jaraquis e sururus podem --por que não?-- nadar rumo a um lugar ao sol.


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