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Desmatamento da Amazônia Legal cai 18% em um ano, segundo governo


Total desmatado entre agosto de 2013 e julho de 2014 foi de 4.848 km². Dados do Inpe foram divulgados pelo Ministério Meio Ambiente.

O desmatamento da Amazônia Legal caiu 18% entre agosto de 2013 e julho de 2014 em relação ao período anterior, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, que divulgou os dados nesta quarta-feira (26).

As informações são do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, e representam o índice oficial de desmatamento do governo federal. Ele avalia os meses que integram o chamado "calendário do desmatamento", relacionado com as chuvas e atividades agrícolas.

Em números absolutos, o bioma perdeu 4.848 km² de vegetação. Em 2013, o desmatamento da Amazônia foi de 5.891 km², um acréscimo de 28,8% em relação a 2012, quando o Ministério registrou 4.571 km² desmatados.

Em outubro, a ONG Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), de Belém, havia divulgado tendência de crescimento no desmate em levantamento independente. Segundo a organização, ficou constatada alta de 191% no desflorestamento em agosto e setembro de 2014, em relação ao bimestre de 2013.

Mas para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, não é possível relacionar a informação da ONG com a do governo, já que são metodologias diferentes. “O governo não trabalha com especulação. Eu trabalho com trabalho”, disse. “Muita gente especulou muita coisa. Sistemas não oficiais que circulam apontaram aumento do desmatamento. A taxa Prodes é a oficial do país. E está aí a taxa. [...] Não posso misturar informações. Uma coisa é informação do IBGE, outra coisa é pesquisa de um pesquisador", ressaltou.


Diferenças entre sistemas

Existem diferentes sistemas de monitoramento do desmatamento da Amazônia. Todos eles são feitos por técnicos que observam imagens de satélite seguindo diferentes metodologias. O Prodes, divulgado nesta quarta, é o dado oficial anual, mais preciso. O Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real) é produzido mensalmente pelo Inpe e, como é mais rápido, não se destina a medir áreas, mas detectar focos de derrubadas de floresta para que as autoridades sejam acionadas a tempo.

Um outro sistema, chamado SAD, é feito pelo Imazon, também mensalmente, mas, por ser de uma ONG, não é reconhecido pelo governo. Os números desses três sistemas, por serem gerados com métodos distintos, não podem ser comparados entre si.

Izabella ressaltou a diferença entre o Deter e o Prodes. Entre agosto de 2013 a julho de 2014, o primeiro apontou alta de 9% na perda de vegetação amazônica em comparação com o período anterior. Já o segundo, divulgado nesta quarta, indicou redução.

"São duas metodologias distintas. O Deter não é feito para fazer medição de desmate, mas para gerar alertas de possíveis áreas de desmatamento. A resolução dele é menor em relação ao Prodes", disse Izabella.

De acordo com o ministro da Ciência e Tecnologia, Clélio Campolina, o governo "não segurou" informações sobre o desmatamento. "Fiz absoluta questão de divulgar a informação assim que ela chegasse. Agora, todo mundo pode criticar, sugerir. A equipe do Inpe está aí para isso", afirmou.

Segunda menor taxa

De acordo com o Inpe, órgão responsável pelo levantamento, o Prodes 2014 é o segundo menor índice histórico de desmatamento – atrás apenas da divulgação de 2012, quando o montante registrado foi de 4.571 km².

O número é preliminar. O consolidado do estudo será divulgado no primeiro semestre de 2015, mas o Inpe trabalha com uma possível variação de 9% e - 2% entre "as cenas estimadas" e as "cenas consolidadas". Na prática, o desmatamento ilegal na Amazônia pode ser maior ou menor que os 18% de redução apresentados.

O Pará foi o estado que mais desmatou a Amazônia nos doze meses analisados. Foram 1.829 km² de vegetação perdida. Em seguida vem o Mato Grosso, que registrou o corte raso de 1.048 km². Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, com exceção do Acre e Roraima, todos os estados apresentaram redução no desmatamento.

A análise do Prodes não levou em conta o Amapá porque a cobertura de nuvens da região não permitiu que o satélite verificasse o desmatamento no estado. O estudo de 2013 havia considerado o Amapá no resultado. Segundo Luiz Maurano, do Inpe, "pode haver diferença, mas ela não é preocupante". No ano passado, o AP registrou perda de 23 km².

Otimistas, mas cautelosos

Para ambientalistas ouvidos pelo G1, a queda é "razoavelmente positiva". Eles alertam que, apesar da redução, a área desmatamenta entre agosto de 2013 e julho de 2014 ainda foi maior do que a registrada entre 2011 e 2012. Além disso, dados paralelos aos do governo referentes aos meses de agosto a outubro deste ano sugerem tendência de crescimento no desmate.

Por isso, para as ONGs, é necessário atenção a partir de agora. “Temos que ser otimistas, mas isso não é sinal de que as taxas vão cair em definitivo. Temos que continuar acompanhando a evolução do Prodes", diz o engenheiro florestal Marco A. W. Lentini, coordenador do Programa Amazônia da organização ambiental WWF-Brasil.

Para Beto Veríssimo, pesquisador-sênior do Imazon, apesar de a medição do Inpe ter “saído melhor do que se esperava”, é preciso cautela, já que os meses seguintes ao período analisado pela estimativa do governo apresentaram alta no desflorestamento em relação ao mesmo período de 2013, de acordo com estimativas do Imazon. “Essa subida é preocupante, mas ainda é cedo para cravar que o desmatamento do ano seguinte será alto”, explica.

Fonte: G1

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