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Novos contratos, médicos de fora e reuniões: Santarém busca plano emergencial para atendimentos na UPA

UPA 24h de Santarém passou a terça-feira inteira com 
serviços médicos parados — Foto: Arquivo/G1

Semsa e Conselho Municipal de Saúde realizam várias reuniões com os profissionais e representantes da OS, para tentar regularizar atendimento.

Já são três dias de paralisação dos médicos que trabalhavam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santarém, no oeste do Pará. Durante este período, já houve três reuniões envolvendo os profissionais, o Conselho Municipal de Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e o Instituto Panamericano de Gestão (IPG), Organização Social que administra a unidade. E o número de encontros deve aumentar.

Na manhã desta quarta-feira (24), a secretária de Saúde de Santarém, Dayane Lima, e a presidente do Conselho Municipal de Saúde, Gracivane Moura, concederam entrevista coletiva à imprensa, sobre as negociações para a regularização dos atendimentos na UPA.

Com a paralisação, os atendimentos na Unidade diminuíram consideravelmente. Durante toda a terça-feira (23), a UPA ficou parada, sem serviços médicos, e a maioria dos pacientes que procuraram o local nos últimos três dias foram encaminhados ao Hospital Municipal Dr. Alberto Tolentino Sotelo. Nesta quarta, o diretor do IPG, Itamar Júnior, é quem faz os atendimentos, nos períodos da manhã e tarde. À noite, outro médico assumirá o plantão.

De acordo com Dayane e Gracivane, o contrato entre a empresa dos médicos com o IPG foi encerrado, e a ideia é que cada profissional interessado em continuar prestando serviço monte uma empresa individualmente e feche contratos com a OS. Além disso, profissionais de fora de Santarém estão em contato com a Secretaria de Saúde e devem chegar para recompor o quadro de médicos da UPA.

Gracivane Moura e Dayane Lima, em coletiva sobre a paralisação 
dos médicos na UPA Santarém — Foto: Gustavo Campos/G1

Em relação às reivindicações da classe, a secretária negou que haja atrasos salariais aos médicos, algo que foi divulgado em nota à imprensa, no primeiro dia da paralisação. Esta nota, inclusive, foi questionada pelo poder público. A presidente do Conselho Municipal afirmou que os próprios médicos negaram a autoria do texto, embora alguns tenham compartilhado a nota em seus perfis de redes sociais.

Mas sobre as outras reclamações, como sobrecarga de pacientes, carga excessiva de trabalho, aumento no valor de plantões em escalas não completas (quando há menos médicos do que o ideal para atender), falta de insumos, e mais pautas, Dayane revelou que as conversas estão caminhando com um acordo e que a Semsa pretende, junto ao IPG, atender a maioria das solicitações.



“Não é verdade sobre os salários atrasados. E sobre os insumos, às vezes há a falta, mas é reposto rapidamente. Mas nunca houve uma morte, por exemplo, por falta de materiais. A UPA requer uma carga maior de trabalho e é um serviço cansativo. Eles também falaram da agressividade da população, solicitando seguranças que serão contratados pelo IPG, tanto para a UPA quanto para o Hospital Municipal”, revelou a titular da Semsa.

A secretária confirmou também que haverá fiscalização sobre o cumprimento das escalas e que o sistema de ponto deve ser reformulado para funcionar da melhor forma, já que uma auditoria realizada na Unidade constatou problemas como escalas duplicadas, plantões assinados que na verdade não foram cumpridos e recusa dos médicos em bater o ponto de frequência.

Dayane Lima ressaltou que município busca atender reivindicações 
dos médicos e negou atrasos de salários — Foto: Gustavo Campos/G1

Uma espécie de política sobre registro de imagens dentro da unidade também pode ser viabilizada, já que os profissionais reclamaram de fotos e vídeos tirados na UPA, na hora de atendimentos e procedimentos médicos.

Plano emergencial

Já a presidente do Conselho, Gracivane Moura, revelou que uma nova reunião deve ser realizada na sede do CMS, na tarde/noite desta quarta-feira. Após este encontro, um documento será produzido, pedindo providências sobre a situação da saúde local.

Os conselheiros realizaram vistorias na UPA e vão relatar tudo o que foi analisado, para encaminhar o documento ao Ministério Público, para que o órgão possa entrar com uma ação.

Além disso, a ideia é que nesta nova reunião se possa garantir a presença de pelo menos dois médicos na unidade durante o dia (o ideal seriam cinco durante o dia e mais quatro à noite).

Com a utilização de médicos residentes no período noturno, a UPA poderia voltar a funcionar, ainda que não com a capacidade total de atendimentos. Uma espécie de plano emergencial para voltar a ofertar o serviço de saúde à população.

“Um serviço de urgência e emergência, de porta aberta, como o da UPA, não pode ser paralisado. A maior prejudicada é a população. Temos que construir essa relação com a Semsa, com o IPG e os médicos, para que a população não fique desassistida. Mas só vamos ter a garantia de conseguiremos colocar dois médicos na porta, após esta última conversa”, confirmou.

Saída da OS

Gracivane Moura criticou a terceirização da saúde santarena 
Foto: Gustavo Campos/G1

Entre as 10 reivindicações dos médicos, que foram recebidas pelo Conselho Municipal de Saúde, a primeira é sobre a saída do Instituto Panamericano da direção da UPA. Alguns profissionais alegaram uma relação ruim com a OS, que assumiu a unidade em março de 2018.

Gracivane explicou que nem todos os médicos têm a mesma opinião, mas também mostrou descontentamento com este pouco mais de um ano de gestão terceirizada da UPA e do Hospital Municipal.

“Nós tínhamos um serviço público e nunca chegamos a um momento como este. Tudo isso é um reflexo da privatização da saúde no município”, afirmou a presidente do Conselho.

“Nós éramos felizes e não sabíamos”

Já a Secretária de Saúde lembrou as vantagens das unidades serem geridas pela OS, como a facilidade de reposição de materiais e conserto de equipamentos, e afirmou que houve um diálogo entre o IPG e os médicos. O raciocínio do poder público é de que a Organização Social também pode cobrar mais para melhorar a qualidade do serviço.

“O nosso pensamento foi em busca de uma facilitação logística. Faltou um insumo, faz o pedido, já que uma licitação demoraria uns três. Quebrou um equipamento, já arruma rapidamente. A terceirização ajuda nisso e ajuda também na cobrança, claro que estamos por lá cobrando também, mas eles estão mais presentes”, concluiu Dayane Lima.

De acordo com a Semsa, um novo médico deve começar a trabalhar na UPA já na quinta-feira (25) e novos profissionais chegarão no início de maio.

Fonte: Santarém

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