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Dilma zera tributo da cesta básica


Dilma zera tributo da cesta básica e apela a empresas que cortem preço. Desoneração, anunciada em rede nacional, deve custar R$ 7,4 bilhões anualmente ao Tesouro. Dilma aproveita pronunciamento para dizer que não descuida "um só momento do controle da inflação"

TAI NALON
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Com a inflação em alta e a possibilidade de o BC voltar a subir os juros, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo zerou os tributos federais que incidiam sobre a cesta básica de alimentos.

Em discurso de 11 minutos em cadeia nacional de rádio e TV, disse ainda que reformulou a cesta básica e incluiu produtos de higiene pessoal, limpeza e, segundo ela, "de maior valor nutritivo".

A mudança foi publicada em edição extra do "Diário Oficial da União" e entrou ontem em vigor -medida provisória corta a cobrança de PIS/Cofins e um decreto zera o IPI de todos os produtos que ainda sofriam tributação.

A desoneração de tributos inclui carnes (bovina, suína, aves, peixes, ovinos e caprinos), café, óleo, manteiga, açúcar, papel higiênico, pasta de dente e sabonete.

A maior delas incidirá sobre o sabonete, com redução de 12,5% de PIS/Cofins e 5% de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Alimentos como leite, feijão, arroz, farinha de trigo ou massa, batata, legumes, pão e frutas já não sofriam tributação. O impacto anual estimado pelo governo é de R$ 7,4 bilhões. Só neste ano serão R$ 5,5 bilhões.

Na segunda-feira, o ministro Guido Mantega (Fazenda) vai se reunir com donos de supermercados e empresários da indústria de alimentos para pedir que o corte de tributos seja repassado aos preços dos produtos.

Dilma aproveitou o pronunciamento para fazer novamente uma defesa de sua política econômica. Afirmou que governa "este país com a mesma responsabilidade que você e seu marido governam sua casa" e que, por isso, não descuida "um só momento do controle da inflação".

"A estabilidade da economia é fundamental para todos nós. Mas é por isso também que não deixo de buscar sempre novas formas de baratear o custo de vida dos brasileiros e de proteger o seu poder de consumo e os seus direitos de consumidor", disse.

A inflação voltou a preocupar o governo e fez o BC sinalizar a possibilidade de subir os juros neste ano. O governo estima que a desoneração da cesta básica reduzirá a inflação em 0,60 ponto percentual. Para isso, porém, considera que será fundamental a colaboração de empresários.

Em seu pronunciamento, a presidente foi direta: "Conto com os empresários para que isso signifique uma redução de pelo menos 9,25% no preço das carnes, do café, da manteiga, do óleo de cozinha e de 12,5% na pasta de dentes, nos sabonetes, só para citar alguns exemplos".

FRASE

"A estabilidade da economia é fundamental para todos. É por isso também que não deixo de buscar formas de baratear o custo de vida dos brasileiros"

DILMA ROUSSEFF

Tucanos criticam veto a proposta idêntica
Dilma Rousseff vetou trecho de medida provisória que propunha, em setembro de 2012, desonerar a cesta básica.

'Não esqueçam jamais que a maior autoridade deste país é uma mulher', diz presidente a homens agressores

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável candidato dos tucanos à Presidência no ano que vem, reagiu ao pronunciamento ironizando o anúncio da desoneração da cesta. Ele lembrou que, em setembro de 2012, Dilma vetou trecho de medida provisória com proposta idêntica.

"Achei que a presidente fosse aproveitar para pedir desculpas aos brasileiros por ter vetado essa proposta de desoneração total da cesta básica quando o PSDB a apresentou e ela foi aprovada pelo Congresso. Não fosse isso, o povo brasileiro já poderia estar usufruindo de produtos mais baratos desde 2012''.

Dilma tem usado datas simbólicas para fazer anúncios e discursos políticos. Atacou os juros altos no Dia do Trabalho e, no Sete de Setembro passado, criticou o modelo de privatização tucano. O padrão estético foi o mesmo utilizado ontem, emulando o da campanha eleitoral de 2010.

MULHER SEM MEDO

Em seu pronunciamento em cadeia nacional ontem, a presidente Dilma Rousseff foi além do anúncio da desoneração da cesta básica.

Desenvolta, ela usou seus minutos em rádio e TV para citar que seu governo "tirou 22 milhões" de pessoas da miséria em dois anos, propagandeou políticas públicas e fez até advertências a homens violentos -a justificativa oficial da fala era o Dia da Mulher, comemorado ontem.

Fez um "especial apelo àqueles homens que, a despeito de tudo, ainda insistem em agredir suas mulheres". "Se é por falta de amor e compaixão que vocês agem assim, peço que pensem no amor, no sacrifício e na dedicação que receberam de suas queridas mães", disse.

"Mas, se vocês agem assim por falta de respeito ou por falta de temor, não esqueçam jamais que a maior autoridade deste país é uma mulher, uma mulher que não tem medo de enfrentar os injustos nem a injustiça, estejam onde estiverem", disse.

Ela também prometeu instalar em cada Estado um "moderno" centro de atendimento integral à mulher. Não há detalhes, contudo, sobre de onde sairão recursos para tal iniciativa.

A presidente seguiu afirmando que seu governo tem "o maior volume de políticas públicas em favor da mulher em nossa história".

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