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Cucurunã: 20 detentos estariam com tuberculose


Familiares denunciam falta de atendimento na casa penal
Santarém - São inúmeras as denuncias feitas por famílias que tem um parente preso no Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura, na comunidade Cucurunã, em Santarém, oeste do Pará. Os relatos são de maus tratos, torturas físicas e psicológicas.

A denúncia mais recente é de que 20 detentos estariam com tuberculose e não estariam recebendo os atendimentos necessários, correndo o risco até de morrer. 

Uma senhora, que não quis ser identificada, conta que o filho foi preso há pouco mais de um mês. Ela tem medo que o filho sofra represálias, mas relatou o que viu lá dentro. 
"Não são apenas condições precárias, meu filho e todos os outros presos dessa penitenciária estão em condições desumanas. Na primeira visita que fiz a ele, eu fiquei traumatizada, eu imaginava como era a situação dentro do presídio, mas não sabia que era tão ruim assim. Lá não serve nem como depósito pra animal", relata. “O chão da casa penal não tem piso. Uma das celas, que seria para dois detentos, oito ficam amontoados. A água não é tratada. Até o Centro de Controle de Zoonoses é melhor”, completa.

Ela contou que, quando esteve na casa penal visitando o filho, soube que 20 presos estão com tuberculose. “Lá no presídio não tem um médico, na enfermaria não tem remédio nenhum, os presos falaram que quando tem visita, eles tentam maquiar o problema, arrumando o que dá”, afirma.

A mãe do detento contou ainda que os presos ficam em pânico todas as vezes que o Grupamento Tático Operacional realiza vistorias. “Eles são sempre torturados, colocam os presos só de cueca, no sol quente ajoelhados no pátio e tacam spray de pimenta na cara dos presos". enfatiza.

Já uma outra senhora teve o marido preso há dois meses. Segundo ela, o esposo sofre com pedra na vesícula e já deveria ter feito uma cirurgia, mas nem quando ele têm crises, é encaminhado ao hospital. Ela tem medo que o marido possa morrer por falta de atendimento. "Eu quero que tenha uma providência, porque a cada dia a situação do meu marido fica pior, porque até provocando sangue ele já está. Ele precisa fazer essa cirurgia, ele só é medicado quando eu levo remédio. Lá não tem nem Dipirona, a comida lá é muito ruim, mal feita”, desabafa.

Durante as visitas que fez ao marido, ela também ficou sabendo dos presos que estariam com tuberculose e conta que chegou a ver alguns usando máscaras. "Meu marido e os outros presos me falaram que tem sim gente lá dentro com tuberculose. Eles precisam ser retirados de lá, se não vão contaminar todo mundo", acredita.

Além disso, a esposa do detento também denuncia os maus tratos sofridos por ele e as humilhações vividas pelos outros presos. "Na última visita, meu marido ia dar um beijo na minha filha de 3 anos, mas nem isso ele conseguiu porque o agente saiu puxando o meu marido, empurrando e batendo nele, xingando meu marido dos piores nomes, tudo isso na frente da minha filha. Minha filha passou o resto do dia todo chorando”, lembra. 

Outras denúncias
No último dia 21 de fevereiro, uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subsessão Santarém visitou a penitenciária para investigar as denúncias sobre irregularidades dentro da casa penal. A visita havia sido motivada por constantes fugas, entradas de telefones celulares e drogas, além de uma morte.

O diretor da casa penal, coronel Walter Santos, foi afastado do cargo. Segundo a Superintendência do Sistema Penal do Pará (Susipe), ele pediu férias de 30 dias.

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