Advogado denuncia falência do sistema penitenciário de Santarém
Celso Furtado denuncia precariedade
Em visita realizada na segunda-feira, 25, na Penitenciária Silvio Hall de Moura, o advogado Celso Furtado, em companhia da assistente social Edna Coelho, Loreni Bruck e Raimundo Pacheco, constataram a triste situação da falta de assistência médica que vive centenas de detentos da referida casa penal.
Segundo o advogado Celso Furtado, no local ficou constatado o caos em que vivem os internos, onde as celas estão superlotadas, cada uma com mais de cinco internos, quando cada xadrez deveria comportar apenas 03 presos. Outros problemas detectados pela comissão foram celas com infiltrações, onde os presos improvisam formas de conter o vazamento da água.
“Com isso já é visível internos com sintomas de doenças, como hanseníase e possivelmente com hepatite”, denuncia o advogado.
Ele assegura que o caos maior é a falta de médicos e enfermeiros, onde na enfermaria do complexo penitenciário foram encontrados dois técnicos em enfermagem, que se revezam, para atender cerca de 600 internos, trabalhando com a falta de medicamentos. Celso afirma que não existem enfermeiros e médicos contratados pela Susipe, onde só aparecem profissionais da área de saúde, quando há uma ultra necessidade ou quando é acionado pela direção do Presídio.
“O que vimos foi um complexo falido, onde não adianta trocar de direção sem dar condições para se trabalhar. Tudo depende de Belém”, argumenta o Advogado, afirmando que a Susipe, que é a representante do Sistema Penitenciário do Pará, recebe constantemente relatórios, do Conselho da Comunidade, demonstrando as reais necessidades urgentes a serem supridas no CRSIHM, mas que todos são ignorados.
“Os internos provocam a destruição do próprio local, onde se encontram, cavando buracos no chão e no teto, quebrando as telhas, deixando o local imprestável, tudo isso com um único objetivo, o de fugir. O caos instalado no complexo penitenciário é uma conseqüência do descaso da Susipe, pois sempre que uma cela é danificada, imediatamente deve ser recuperada, os presos pagam caro pelo descaso, eles provocam a destruição, mas se tiver a resposta imediata com a recuperação do dano, com certeza diminuiria o impacto da estrutura e o local pelo menos estaria em condições permanente de manter internos como humanos”, afirma Dr. Celso Furtado.
O advogado denuncia que os internos, que cumprem pena e os que estão à espera de sentença, apelam para que se dê um tratamento humano a eles, “pois como estão, os porcos vivem melhor do que eles”, informou.
“È necessário que a imprensa de Santarém visite o complexo penitenciário local, indo até os pavilhões e celas, para ver in loco, o caos em que encontram os internos. Uma coisa é certa, não adianta apenas reformar o CRSIHM, o que se deve fazer é demolir, está precisando ser implodido e no local ser construído outro complexo mais moderno, para dar condições humanas para os presos de justiça. Eles erraram, cometeram crimes contra a sociedade, devem pagar, mas em locais que ofereçam o mínimo de condições humanas”, denuncia o Advogado.
Celso Furtado disse que a conclusão que se tira dessa visita, mais uma de várias outras, é que a Susipe deva descentralizar e desburocratizar a administração, dando mais autonomia para Santarém, que deva contratar com urgência, médicos, enfermeiros e assistente social, para melhor assistir os internos.
Famílias denunciam epidemia de tuberculose em Cucurunã: Famílias de detentos do Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura, na comunidade Cucurunã, em Santarém, Oeste do Pará, denunciam uma epidemia de tuberculose no local. Segundo os familiares dos presos, 20 internos estariam com a doença, mas não estariam recebendo o tratamento adequado.
Uma senhora, que não quis ser identificada, conta que o filho foi preso há pouco mais de um mês. Ela relata que, quando esteve na casa penal, soube que 20 presos estariam com tuberculose. “Lá no presídio não tem um médico, na enfermaria não tem remédio, os presos falaram que quando tem visita, eles tentam maquiar o problema, arrumando o que dá”, denuncia. Outra senhora que teve o marido preso há dois meses afirma que viu um dos presos com tuberculose usando máscara dentro da penitenciária.
Susipe esclarece sobre denúncias: O superintendente do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), André Cunha, concedeu entrevista para esclarecer as denúncias registradas nos últimos meses sobre a Penitenciária Agrícola Silvio Hall de Moura, em Cucurunã, no município de Santarém. Dentre os problemas estão as rebeliões, fugas, assassinato de um detento e entradas de aparelhos celulares e drogas. A última denúncia foi a de que alguns presos estariam infectados por tuberculose. Neste último caso, o superintendente informou que foi realizado um diagnóstico e comprovado que apenas um interno está com a doença, os demais estão utilizando máscaras por precaução. “Existe um protocolo da saúde que diz: ‘todas as pessoas que tiveram contato direto com uma pessoa diagnostica elas tem obrigatoriamente que fazer o exame. Quinze outros presos que tiveram contato foram submetidos e o exame deu negativo”, ressalta. O Superintendente afirmou que o governo está em busca de novos profissionais de saúde para trabalhar na casa penal.
Fonte: RG 15/O Impacto e Manoel Cardoso
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