Análise de Dados Socioeconômicos possibilita conhecer realidade de comunidades Quilombolas de Oriximiná
A coleta dos dados socioeconômicos foi realizada entre os anos de 2016 e 2018 por moradores das comunidades quilombolas do município de Oriximiná que participaram das capacitações do Google Earth e ODK
Possibilitar o conhecimento da situação social, cultural e econômicas dos moradores das 35 comunidades remanescentes de quilombos por meio das análises dos dados socioeconômicos coletados nos últimos dois anos, este foi o objetivo da oficina realizada pela Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam) nos dias 6, 7 e 8 de julho em Oriximiná. Ao todo 23 pessoas, entre jovens e lideranças comunitárias, participam do projeto que teve início em 2016, que coletou dados como número de famílias/habitantes, fontes de renda, grau de escolaridade bem como acesso a políticas públicas entre outros. A oficina faz parte do Programa Novas Tecnologias e Povos Tradicionais (Compartilhando Mundos) que atua com capacitações das ferramentas tecnológicas para os povos tradicionais (quilombolas e indígenas).
De acordo com a Meline Machado, mestre em geografia da Ecam, a iniciativa junto a Arqmo (Oriximiná) surgiu durante uma capacitação junto a equipe do Google Earth Solidário, realizada em Porto Velho (RO) ministrada para quilombolas, indígenas e pequenos produtores, capacitação que gerou frutos. “Em 2015 nós realizamos uma capacitação e a Arqmo foi convidada a participar e eles ficaram muito interessados pelo potencial que a tecnologia pode proporcionar a partir do seu uso e entre 2016 e 2017 realizamos outras capacitações que deram origem a um formulário socioeconômico que foi aplicado pelos quilombolas nos territórios e nas comunidades da Calha Norte”, informou Meline após citar que o formulário foi criado pela Arqmo, a Associação das Remanescentes de Quilombos de Oriximiná.
Rogério Pereira, Membro do Conselho Administrativo da Arqmo, explicou que o projeto iniciou com cinco jovens, atualmente o projeto conta com 23 jovens com faixa etária entre 16 e 21 anos, moradores das comunidades que aprenderam na teoria e colocaram em prática a coleta dos dados. “A gente tem como experiência a inexperiência primeiro, porque a gente iniciou com os jovens que não tinham conhecimento da comunidade e das ferramentas, se tinham das ferramentas não tinham de como trabalhar, e hoje nós temos a apresentação dos resultados e o melhor, a gente está aprendendo como colocar estas informações no gráfico e isso é muito gratificante pra Arqmo”, frisou Rogério que participa desde 2015 das capacitações do Programa Compartilhando Mundos.
Andrea Oliveira, moradora da Comunidade Quilombola do Ariramba, já na divisa com o município de Óbidos, participou das capacitações e pesquisa em campo, para ela conhecer a realidade dos quilombolas fortalecerá a luta do seu povo. “Nós conhecemos um pouco da história deles, a gente não só ouviu, mas também contou um pouco da nossa história e viu que tem comunidades que tem famílias bem humildes e esse trabalho vai fortalecer mais e mais e ajudar os quilombolas a lutarem pelos seus objetivos”.
Jaqueline Bukstegge, diretora de pesquisa e análise de dados do Instituto Brasileiro de Pesquisa de Dados (IBPAD), enfatizou que “Pesquisa não é só fazer perguntas e dizer o que as pessoas responderam, é fazer conexões e associações com perguntas diferentes, a gente consegue não só dizer o tanto de pessoas que responderam determinadas coisas mas quais são as conexões com outras realidades e outras logicas e o que a gente conseguiu aqui hoje foi exatamente trazer tudo que eles receberam de respostas e também entender essas respostas e com todo conhecimento quilombola dar significado ao que as pessoas estavam respondendo”.
A partir da oficina cada um dos pesquisadores poderá auxiliar suas associações na leitura e aplicação dos resultados dos dados coletados para o bem-estar da comunidade, sendo que os dados coletados serão utilizados pela própria associação para o seu fortalecimento institucional. “O objetivo da oficina de análise de dados socioeconômicos é exatamente sentar com os pesquisadores que fizeram o levantamento em campo e com as associações para organizar as informações e trazer isso para o dia a dia, ver como é que eles vão conseguir utilizar essas informações”, finalizou Meline.
Na Calha Norte a oficina conta com o apoio do Programa Territórios Sustentáveis, uma iniciativa de Gestão Integrada que possui o apoio financeiro da Mineração Rio do Norte (MRN) e parceria da Agencia dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).
Quer saber mais sobre o Programa Territórios Sustentáveis acesse o nosso site www.territoriossustentaveis.org.br ou baixe nosso aplicativo pelo google play.
Fonte: Marta Costa, Oriximiná
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