Denúncia: Camelôs invadem Praça da Matriz
Árvores centenárias são derrubadas sem qualquer
fiscalização para dar lugar aos camelôs
A retirada de árvores centenárias da Praça Monsenhor José Gregório, conhecida como Praça da Matriz, virou polêmica em Santarém. Consideradas um dos cartões postais de Santarém, as árvores centenárias deram lugar a dezenas de barracas de camelôs. O fato levou comerciantes e moradores das proximidades a reclamar do aumento das barracas de camelôs no local.
A poda das árvores foi autorizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e executada, através de funcionários da Secretaria Municipal de Agricultura e Incentivo a Produção Familiar (Semap), após um dos benjaminzeiros desabar na Praça da Matriz, durante um temporal que atingiu Santarém, no dia 18 de dezembro do ano passado. Ela tinha cupins no tronco e não suportou o vento e a chuva.
Com receio de que novos casos ocorressem na Praça, a Semma autorizou a poda das árvores. Em 2013, um benjaminzeiro e uma mangueira foram retirados da Praça da Matriz, porque estavam tomadas por erva de passarinho, uma praga que afeta vegetais e se alimenta dos nutrientes, podendo matá-las.
Para os comerciantes, a Praça da Matriz aos poucos vai perdendo a paisagem original com a derrubada das árvores. Além do Coreto, Garapeira Ypiranga, Tapajós Bar, Centro Recreativo e Catedral de Nossa Senhora da Conceição, as árvores completam o visual do centro histórico da cidade.
No último domingo, 18, na ausência dos vendedores ambulantes e de quem utiliza a praça para chegar ao centro comercial de Santarém, vários Benjaminzeiros foram derrubados.
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Para o vendedor Edelson Rodrigues, as árvores foram podadas. Já para o comerciante Marcelo Loureiro, elas foram cortadas e sem qualquer critério técnico. De acordo com o comerciante Anastácio Prado, as árvores cortadas por funcionários da Prefeitura ficavam para o lado do elevado da Praça da Matriz e ofereciam risco. Segundo Marcelo Loureiro, além de autorizar os cortes, as secretarias responsáveis não fazem o replantio e aos poucos a praça vai ficando aberta e afastando seus freqüentadores.
O comerciante Domingos Gomes afirmou que ficou surpreso ao chegar para trabalhar na manhã de segunda-feira, 19, como faz todos os dias, próximo a Garapeira Ypiranga e constatou o corte de um jambeiro próximo ao local onde trabalha.
CARTEL: Há quem afirme que existe um cartel na Praça da Matriz, onde os mais poderosos compram os locais para montar barracas e depois alugam ou vendem para terceiros, com preços exorbitantes, chegando a R$ 10 mil. Isso deve ser investigado pelos órgãos públicos, em especial a Prefeitura, que autoriza a presença de camelôs na Praça da Matriz e adjacências.
ESTUDO: Em dezembro de 2014, um estudo realizado pela Semap identificou as árvores que precisam de reparos ou substituição em vários locais públicos de Santarém. A arborização é histórica e abriga pássaros e proporciona sombra e clima agradável naquela área da cidade.
Advogado Eduardo Fonseca culpa poder público
de não preservar nosso patrimônio
“Já temos um projeto junto com o Instituto de Desenvolvimento Florestal (Ideflor), Ufopa e Secretaria de Meio Ambiente para realizar uma arborização nova no município. Estamos em fase de execução do projeto verificando as espécies que vão ser cultivadas. Vamos estar sempre acompanhando também a questão dessas árvores mais antigas”, explicou o secretário de Agricultura e Incentivo à Produção Familiar, Rosivaldo Colares.
Segundo ele, é difícil de identificar se uma árvore, independentemente da idade, esteja prestes a cair. “Como não cavamos para ver, muitas vezes, o tombamento delas acontece em virtude do problema na raiz e esse que é o mais difícil. Às vezes, a árvore está boa ainda na parte de cima, como tombou uma mangueira há alguns anos, em frente ao Centro Recreativo, que era nova, de 3 ou 4 anos”, completou Colares.
LIXO: Outra denúncia que foi revelada à nossa reportagem, é relacionada ao acúmulo de lixo que fica na Praça da matriz após o serviço diário dos camelôs. Segundo a denúncia, os vendedores ambulantes após realizarem suas vendas jogam o lixo na Praça, pois segundo eles, não existe um container para colocar esse entulho. No final do dia é visível os amontoados de lixo em vários pontos da Praça. O que era para ser um cartão postal de Santarém está se transformando em imundície.
DEMARCAÇÃO DE ÁREA: Por conta de algumas barracas não respeitarem as demarcações estabelecidas na área pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) e Associação dos Vendedores Ambulantes, no ano passado, muita confusão foi registrada entre os vendedores, na Praça da Matriz, em Santarém. Em algumas ocasiões, a Polícia Militar foi acionada para o local e acompanhou a fiscalização da Seminfra.
Segundo a Associação dos Vendedores Ambulantes, a localização das barracas e os tamanhos de cada uma foram definidos em acordo com todos os camelôs e, apenas algumas delas não se adaptaram. “A secretaria estipulou um prazo, que foi aceito e esse prazo expirou. Nós cortamos as barracas, todo mundo cortou suas barracas no tamanho adequado e foi pintado. Porém alguns vieram aqui, adulteraram o local, pintaram do tamanho que eles quiseram. Essas pessoas que adulteraram, é crime e eles fizeram isso”, afirmou o presidente da associação, José Carlos Ribeiro.
Atualmente, a associação compreende 90 vendedores ambulantes, que para atuarem na praça pagam cerca de R$ 200,00, por ano à Prefeitura de Santarém. A área determinada para cada barraca é de 2mx2m. De acordo com o chefe de fiscalização urbana da Seminfra, Manoel Cruz, os vendedores devem seguir as determinações, mantendo o espaço adequado para a passagem das pessoas. “Eles estão regularizados, inclusive eles têm uma associação. Eles pagam uma espécie de alvará em boleto, são organizados, têm reunião freqüente para tomar decisões”, explicou.
DETERIORAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO: A derrubada das árvores da Praça da Matriz e a deterioração do patrimônio histórico de Santarém geraram críticas do advogado Eduardo Fonseca. “Essa questão dos benjaminzeiros na Praça da Matriz é lamentável, por ter sido vítima de abandono por parte do poder público, de vários governos que assumiram a gestão municipal”, dispara o advogado.
Segundo o advogado Eduardo Fonseca, outros problemas já aconteceram, principalmente quando destruíram a Praça da Bandeira, onde tiraram as estátuas das deusas gregas, construídas por artistas locais e, que hoje, não existe mais nenhuma. “Da Praça da Matriz estão sendo retiradas as árvores e não está ficando espaço para os pedestres trafegarem por causa da invasão dos camelôs. Cada dia que passa, eles destroem nossas árvores e não plantam outras no local. Quando elas já estão comprometidas devem ser trocadas por novas mudas, mas não é isso que está acontecendo, porque não temos nem horto municipal aqui em Santarém, para fazer a reposição dessas árvores. É mangueira, jambeiro, benjaminzeiro e, eles só fazem derrubar. Então, daqui a pouco não teremos nenhuma árvore mais em Santarém”, alerta o advogado.
Fonte: O Impacto
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