Casos de Hepatite A aumentam em Santarém e Alter do Chão
Por: Marcos Santos
Nos últimos três anos, os casos de Hepatite A têm aumentado preocupantemente em Santarém e também na vila de Alter do Chão, no oeste do Pará, segundo dados fornecidos a reportagem na manhã desta segunda-feira (19), pela Divisão de Vigilância em Saúde (Divisa). Em 2012, foram registrados no município 54 casos. No ano seguinte, em 2013, foram 45 registros da doença apenas em Santarém. No ano passado, esses casos mais que dobraram. Foram 116 casos na zona urbana da cidade e 12 em Alter do Chão. Neste ano de 2015, segundo informou o coordenador da Divisa, o médico veterinário João Alberto Coelho, no mês de janeiro já foram contabilizados cinco casos, sendo dois na vila balneária. Em Alter, as principais vítimas são crianças e idosos. Na unidade médica daquele distrito, vários casos suspeitos estão sob acompanhamento epidemiológico.
A preocupação maior do setor de vigilância sanitária é com relação à água do rio Tapajós, que banha as praias naquela região cujos estudos apontam contaminação por coliformes fecais. Em 2014, a Divisa realizou 49 amostras de água em Alter do Chão, onde 65% positivaram a coliformestotais e 24,4% para escherichia coli, que se refere a gêneros diversos de bactéria bacil.
Alberto alertou para a falta de investimentos em saneamento básico na vila e falta de estrutura das praias, onde a maioria das pessoas utiliza a própria água para fazer suas necessidades fisiológicas, já que os banheiros químicos não são suficientes. Com os excrementos e urina despejados diretamente na água o risco de contaminação por coliformes é maior.
Além disso, pequenas embarcações que realizam passeios nas praias de Alter do Chão despejam todos os dias nas águas do rio Tapajós esses excrementos. O coordenador da Divisa explica que ações preventivas precisam ser realizadas de forma ampla com envolvimento de vários órgãos, inclusive Capitania dos Portos, secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura, Saúde, entre outros, pois somente assim será possível evitar um surto da doença.
Empresários de Alter do Chão e a própria comunidade estão preocupados, uma vez que a vila é um importante polo turístico do Estado e da Amazônia, sobretudo com destaque na mídia internacional. Não são apenas os nativos que apareceram doentes com suspeita de hepatite. Turistas atendidos pela unidade de saúde da comunidade também apresentaram sintomas de diarreia e vômitos.
Na última sexta-feira (16), a Divisa encaminhou o relatório com os dados sobre os casos de Hepatite registrados em Santarém e Alter do Chão à vice-prefeita do município, Maria José Maia, para que ela apresentasse o documento ao prefeito Alexandre Von sugerindo medidas urgentes para o controle e prevenção da doença.
O que é?
A Hepatite A, também conhecida como hepatite infecciosa2 é uma doença aguda do fígado, causada pelo vírus da hepatite A (HAV).
A transmissão é feita por alimentos mal-preparados e água contaminadas por fezes contendo o vírus (transmissão fecal-oral), além da possível presença de fômites no ciclo. Pode ocorrer em surtos epidêmicos (água contaminada), tendo relação com menores condições socioeconômico-educacionais. Geralmente acomete a população infantil.
Os sintomas se dão tanto devido aos danos do vírus como à reação destrutiva para as células infectadas pelo sistema imunitário. Mais de metade dos doentes são assintomáticos, particularmente crianças.
Sintomas
Pele e olhos amarelados
Febre
Dor abdominal
Náuseas e vômito
Falta de apetite
Urina mais escura
Fadiga (Cansaço)
Dor nas articulações
Diarreia que se mantém durante cerca de um mês.
Tratamento
A vacina de hepatite é realizada a partir dos 12 meses de idade, em duas doses, com intervalo de seis meses entre elas.
Assim como em outras doenças virais comuns, o próprio organismo combate a doença sendo o tratamento mais comum apenas dos sintomas. É importante repouso e beber muita água.
Pessoas que vivam no mesmo domicílio que o paciente infectado ou que estejam em más condições de saúde podem receber imunoglobulina policlonal para protegê-los contra a infecção.
O consumo de álcool deve ser abolido até pelo menos três meses depois que as enzimas hepáticas voltaram ao normal.
Prevenção
Respeito às medidas de higiene universais: hábito de higienização das mãos, alimentar-se com alimentos de origem esclarecida, ingerir água tratada (uso de cloro na desinfecção da água).
Cuidados de saneamento básico: (esgoto, fossas sépticas).
Vacinação de maiores de um (1) ano, em duas doses, com 6 meses entre elas.
Imunização passiva por imunoglobulinas humanas não específicas para prevenir casos secundários, quando existência de caso índex.
A vacina está disponível pelo SUS, em Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), são importantes para crianças e também para doadores de órgãos, imunodeprimidos, emigrantes de países com alto índice e para quem teve outra doença hepática recente.
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