Diga tchau à mamata do 1% ao mês
Quanto no máximo um fundo DI sem crédito pode render por mês com a Selic em 10,75%?
Algo perto de 0,85%.
Aí vem a taxa de administração e o imposto.
Um fundo DI do banco com taxa 1,5% ao ano vai render pouco mais de 7% para resgates em menos de seis meses. Muito menos do que os atuais 9,88% de que falei na semana passada.
Isso significa duas coisas. A primeira é que escolher um fundo DI com taxa baixa vai ser muito mais importante do que hoje. Em uma semana sai do forno a lista de carteiras de qualidade e bom preço que prometi.
A segunda é que, se você não quiser abrir mão de sonhos, é hora de começar a aprender a correr mais riscos, um pouco que seja. Também está no forno uma lista de excelentes gestores de fundos de ações. E virá um de crédito, outro de multimercados...
Palmas para o André que já havia desconfiado disso. Ele me escreveu contando que trocou a poupança por um fundo DI (muito bom!), mas que estava preocupado.
“Na iminência da queda dos juros (Selic), será que futuramente os fundos valerão a pena como valem hoje?”, André T.
Não, André. Essa é sua resposta.
A sala de espera é feia e escura
Disse há uma semana que o fundo DI será, a partir de agora , a sala de espera do seu dinheiro (fiquei muito feliz e garanti uma Vale Verde, porque vocês me escreveram que decidiram abandonar de vez a poupança. Aliás, Rodolfo, cadê?).
E você já imaginou uma sala com tapete fofo, almofadões e uma cerveja no braço do sofá.
Apaga tudo.
O fundo DI continua sendo sua sala de espera. Porém ela está longe de ser confortável.
Quero que imagine a sala como aquela cena de filme em que as paredes começam a se aproximar (será no Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida?).
É preciso fugir o mais rápido possível para outro cômodo.
Na sala ao lado pode haver pedras rolando (voltamos ao Indiana) ou muito dinheiro.
Não quero que caia em uma cilada. E não posso deixar que seja esmagado na sala de espera.
A boa notícia é que bons gestores costumam conseguir retornos mais fartos quando os juros estão baixos. O juro baixo empurra investidores para mercados de risco, elevando os preços.
Eu disse bons gestores.
Somente no primeiro semestre deste ano, você poderia com um fundo de ações...
– Fazer seu patrimônio crescer muito...
A gestora Guepardo tem um fundo que rendeu 56% no primeiro semestre;
– Ficar na média...
Os fundos de ações que não se apegam a índice renderam em média 13% (o Ibovespa subiu 19%);
– Quebrar a cara...
Minha tela da provedora de dados independente Morningstar mostra um fundo da GWI, chamado Leverage, com prejuízo de 48,59%.
O que vai fazer a diferença?
Sabedoria.
A partir da próxima quinta, você poderá acompanhar nossa série de relatórios mensais com recomendações de fundos nos quais poderá investir seu dinheiro.
E a newsletter semanal segue, ajudando a entender o mundo dos fundos, saber onde estão as armadilhas e conhecer os melhores e os piores gestores do mercado.
Para mostrar nosso compromisso com você e atendendo às demandas por e-mail(já disse que adoro quando vocês me escrevem?), hoje temos mais uma estreia.
É uma seção quinzenal em que analisamos o fundo que você já tem no portfólio ou pensa em ter. Vamos revezá-la com a seção Cota Cheia e Cota Murcha, que você já conhece.
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“ Li A Hora dos Fundos e achei fantástico o comparativo com a poupança. Mas gostaria de fazer uma pergunta: vai haver uma lista dos fundos recomendados a cada relatório? Pergunto isso porque procurei por fundos de Renda Fixa no site da corretora Rico e encontrei um que apresenta ótimos retornos, e taxa de adm . de 0,4% (creio que a.a.); ele se chama SULAMERICA INFLATIE RENDA FIXA .”,Luís R.
Muito obrigada, Luís. Você me deu oportunidade de escrever sobre um tipo específico de fundo que confunde muito a cabeça das pessoas. Já conheci muitos traumatizados.
Eles são vendidos como fundos de inflação (ou renda fixa índices ou IMA-B).
Ah, então rende a inflação? Não, nada a ver. Esse nome é péssimo.
E quero que você desconecte na sua mente duas expressões: renda fixa e baixo risco. Esse é um clássico exemplo de renda fixa que sacode. E muito.
Essas carteiras estão recheadas de NTN-Bs, aquele título que você conhece bem e rende uma taxa prefixada mais a variação da inflação (daí vem o nome).
Então, vamos imaginar os cenários.
O gestor compra hoje vários papéis com prêmios e vencimentos diferentes.
Amanhã surge a expectativa de uma alta nos juros, o que acontece? Esses títulos perdem valor no mercado. Mesmo que não venda, o fundo é obrigado a atualizar o valor do portfólio (é a famosa marcação a mercado). Resultado: prejuízo.
Mas, porém, contudo, todavia, o que dissemos lá em cima? Que a expectativa agora é outra: que o juro caia.
O que significa que nos próximos meses há uma tendência de que os papéis que esses fundos carregam tenham valorização. Se isso acontecer, o resultado será ... lucro no fundo.
Só para você ter uma ideia, da última vez que os juros caíram, em 2012 (quando a Carla e o Marcos perceberam que não eram tão geniais assim), esses fundos foram campeões de rentabilidade.
O ganho médio foi de 21,71%. O fundo da SulAmérica rendeu um pouco mais, 23,77%.
Aí você me pergunta: não é equivalente a comprar um monte de NTN-Bs? Sim. O diferencial que o gestor promete a você (e nem sempre dá) é a melhor seleção de um mix de vencimentos para conseguir retorno.
Bati um papo com o Marcelo Mello, vice-presidente de investimentos da SulAmérica, que é o responsável pelo fundo que você está avaliando, Luís.
O objetivo da equipe dele no Inflatie é superar o IMA-B, o índice que oscila de acordo com uma cesta de NTN-Bs de diferentes vencimentos. Ele também pode colocar até 20% do patrimônio em títulos prefixados.
Qual é o papel do gestor? Acertar os vencimentos e o tipo de papel.
E onde a equipe do Marcelo vê oportunidade hoje? Em vencimentos até 2020.
Ele evita prazos superiores a 2035 porque tem medo que se machuquem caso questões como a reforma da previdência não passem no Congresso (um reforço na dinâmica de endividamento brasileiro aumenta o prêmio de risco dos títulos).
Ou seja, o fundo tende a desempenhar muito bem quando em um cenário otimista. E muito mal, do contrário.
A taxa é atraente, 0,4% ao ano, a aplicação mínima é acessível, de R$ 5 mil, e é bom ter em mente que o resgate só se dá dois dias depois do pedido.
E insisto que esse é um fundo, pela própria natureza, volátil. Em 2012 rendeu 23,77%. Em 2013, teve prejuízo de 10,24%.
Se é para pegar o movimento de juros, eu sinceramente prefiro um bom multimercado. Por um motivo simples: ele tem posições semelhantes hoje, mas diversifica o risco ao se posicionar não somente em juros, mas também em moedas e bolsa.
E mais: o gestor de multimercado pode mudar de opinião (e de posição) se o cenário mudar.
Quando você imaginou que um multimercado poderia ser menos arriscado que um fundo de renda fixa? Vamos falar sobre a grande oportunidade dos multimercados na quinta.
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Para fechar, a mensagem é...
Sim, eu sei, o sofá parece fofo. Você pode sentar-se enquanto estuda oportunidades com maior risco e menor taxa. Essa é a hora de intensificar suas leituras, aprender sobre outros investimentos. Vou ajud á-lo a navegar em fundos de crédito privado, ações e multimercados.
Lembre-se de que as paredes se aproximam.
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