Estado oferece rede de serviço especializado para tratamento de Aids
Foi durante um dos exames que se faz no pré-natal que a jovem A. P. N. S., 18 anos, descobriu, aos três meses de gravidez, que estava com o vírus HIV. De início, a notícia a pegou de surpresa e a deixou em dúvida quanto ao futuro da primeira filha. “Não acreditava no que estava acontecendo. Refiz o teste, esperando ter outra resposta, mas só veio a confirmação. Naquele momento, pensei que não tinha mais nada para mim”, relembra.
Com o diagnóstico em mãos, a estudante foi encaminhada à Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas Parasitárias Especiais (Uredipe), em Belém, para iniciar o tratamento. “Aqui funcionam o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), o Hospital Dia e o Atendimento Domiciliar Terapêutico. Todos os serviços contam com equipe multidisciplinar formada por médicos, biomédicos, dentistas, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e terapeutas ocupacionais, entre outros, capacitados e treinados para dar o suporte necessário ao paciente”, explica a diretora da Uredipe, Jana Durans.
Mais de 6,7 mil pessoas fazem o acompanhamento médico na Uredipe e mais de 3,9 mil vão ao espaço apenas para pegar a medicação. “O objetivo é que mais de cinco mil usuários venham até nós pegar o medicamento”, pontua Jana. Vale ressaltar que o tratamento para o vírus HIV é feito exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Pará, existe uma rede de serviço, ligada à Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), própria para o trabalho de prevenção e para o monitoramento dos pacientes soropositivos. Ao todo, o Estado dispõe de 74 CTAs e 25 SAEs. “O governo trabalha como um articulador e um facilitador. Discutimos as estratégias que serão usadas na prevenção da doença e treinamos os profissionais das unidades municipais que atuarão diretamente com o paciente”, esclarece a coordenadora estadual DST/ Aids da Sespa, Deborah Crespo.
Dados – Levantamento feito recentemente pela Sespa mostrou que de 2012 até junho de 2016, 5.448 casos de contaminação pelo HIV foram registrados no Pará. Entre os infectados, a maioria (3.885) é heterossexual na faixa etária de 20 a 40 anos. Os homens ainda predominam nas estatísticas. No período, 3.444 pessoas do sexo masculino foram diagnosticadas com o vírus, enquanto entre as mulheres foram 2.004 registros. Somente neste ano, a Sespa já registrou 206 casos positivos de HIV – 134 em homens e 72 em mulheres. Os municípios com os maiores índices de contaminação são Belém, Bragança, Itaituba, Parauapebas e Santarém.
“O que vemos não é o aumento no número de casos, e sim a maior participação da sociedade, ou seja, hoje em dia as pessoas estão procurando fazer o teste, estão deixando o preconceito de lado, e com isso os casos começam a aparecer e ganhar notoriedade”, ratifica Jana.
O vírus HIV não desperta sintomas. Ele pode ser diagnosticado logo após a contaminação ou até anos depois do contato com a pessoa ou objeto contaminado. Só se confirma a doença por meio de exame de sangue, por isso é importante ficar em alerta e sempre que possível fazer o teste. Entre os fatores que podem levar ao contágio está a relação sexual sem uso de preservativo, a contaminação por meio de agulha ou alicates infectados e a amamentação, entre outros.
O tratamento é contínuo. Enquanto a ciência não descobrir a cura para o vírus, os pacientes precisam tomar o medicamento sem interrupções. “Acontece que, com muitos remédios e muito tempo de tratamento, algumas pessoas acabam relaxando e se esquece de tomar, atrapalhando tudo”, pontua Deborah Crespo.
A confirmação precoce da doença faz com que o paciente inicie o tratamento ainda no estágio inicial, evitando que o vírus se desenvolva a ponto de destruir o sistema imunológico da pessoa. Uma vez destruído este sistema, o paciente fica mais suscetível às chamadas infecções oportunistas, tais como a neurotoxoplasmose (que deixa a pessoa paralisada) e a tuberculose.
Como procurar ajuda?
No site www.aids.saude.pa.gov.br, o cidadão pode ter acesso a todas as informações sobre a doença e o tratamento que o Estado oferece, com os endereços das unidades de testagem e de atendimento especializado nas regiões. Além disso, é possível baixar os aplicativos “AidsApp” e “BelezaApp” – disponíveis no sistema Android –,que fornecem informações sobre as unidades de atendimento e dicas de cuidado e prevenção. No “BelezaApp”, por exemplo, o usuário confere todos os tipos de ameaças presentes em objetos usados em salões de beleza.
Serviço: A Uredipe fica na Travessa Magno de Araújo, Passagem Izabel, s/n, no bairro do Telégrafo, em Belém. A unidade funciona de segunda a sexta-feira, de 7h às 19h.
Fonte: Agência Pará
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