Mãe descobre açaí adulterado com trigo após filho alérgico a glúten passar mal
Recentemente, uma mãe procurou O Impacto para denunciar uma grave situação: o seu filho, alérgico a glúten teve um crise alérgica após consumir Açaí. Procurando entender como o filho acabou passando mal, ela descobriu que o açaí consumido pela criança continha trigo, confirmando que a produto havia sido adulterado no momento de sua fabricação, o que se configura em crime. Ainda que pareça ser uma situação isolada, casos de adulteração de alimentos – mais especificamente o Açaí – são mais comuns do que se queira admitir.
De acordo com Walter Mattos, coordenador da Divisão de Vigilância em Saúde (Divisa), situações como essa têm aumentado em todo o Estado, principalmente por conta do beneficiamento do açaí em outros locais fora de Santarém, não dando a credibilidade necessária para parte do açaí que chega à cidade. Ainda que a Divisa faça um intenso trabalho de monitoramento do Açaí, ainda faz-se necessário que a população seja criteriosa na hora da compra do produto.
“A questão do beneficiamento do açaí nos preocupa, é algo que fizemos um cronograma – anualmente, com os cursos de práticas de manipulação e o monitoramento das empresas que beneficiam esse açaí. Infelizmente, a problemática até aumentou. Antigamente a gente recebia esse fruto para ser beneficiado em Santarém, mas hoje ele já chega beneficiado, nos colocando em risco, já que a gente não sabe a procedência e nem como foi feito o beneficiamento ou se passou pelo processo do branqueamento – que é um processo que neutraliza o Trypanosoma, que é o causador da doença de chagas – além da qualidade da água, podendo também ter outro tipo de bactérias que também podem causar danos à saúde. Nós – enquanto vigilância sanitária, que é um órgão fiscalizador – estamos atentos quanto a isso, fazendo a apreensão de produtos. Mas também pedimos que a população nos ajude, que a sociedade seja criteriosa, quando for comprar qualquer tipo de alimento, serviço ou medicamento. Questionem se a pessoa é habilitada para isso, se aquele produto passou por um processo de higienização, para que você não leve para a sua casa um produto ruim e sim um produto de qualidade”, relata Walter Mattos.
OS TIPOS DE ADULTERAÇÃO: Com relação a casos como o relatado pela mãe que denunciou o açaí com trigo, o coordenador da Divisa afirma que este não é o primeiro desse tipo. Em todo o Pará existem casos de adulteração de açaí, e relatos afirmam que não apenas trigo é colocado no produto, como massa de tapioca para goma de tacacá e até mesmo cará roxo – que “melhoraria” a cor do açaí. Tais manobras criminosas durante a produção do produto também não se resumem apenas ao Açaí.
“Infelizmente acontece. Tivemos casos recentes no interior de Belém e aqui em Santarém também. Isso é adulteração, é crime que está dentro do código penal, do Código Sanitário Federal. Você manipular, ludibriar o consumidor. Tem outras situações, mas aqui em Santarém já aconteceu fatos como esses, de polpas de frutas com vidro ou polpa de cupuaçu misturada com banana, para aumentar o volume colocam até papel higiênico, na adulteração do peixe pessoas usavam urina na guelra do peixe para ficar ‘vermelinho’, no tucupi usam o corante. A situação de carne, picadinho sendo feito antes e a pessoa não sabendo que tipo de carne foi usada. Tudo isso é adulteração, e o produto não pode ser adulterado. É bom sempre desconfiar. Quando a vigilância sanitária apreende esse produto e é confirmada a adulteração, abre-se um processo administrativo e encaminhamos esse processo para a delegacia. Se houve adulteração, colocou-se em risco a saúde pública, o direito do consumidor – pois ele está sendo ludibriado”, afirma o coordenador da Divisa.
MANUSEIO CORRETO DO AÇAÍ: Para que o açaí esteja adequado ao consumo da população, é necessário que ele passe inicialmente pela chamada técnica do branqueamento, que elimina todas as bactérias que o açaí possa ter, prevenindo principalmente contra o Trypanosoma, que é o causador da doença de chagas.
A técnica do branqueamento obedece à Portaria 326/97, da ANVISA, que aprova o Regulamento Técnico de “Condições Higiênicos-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”.
Através do branqueamento, o fruto do açaí é submetido a um tratamento térmico a 80°C durante 10 segundos. Em seguida, é feito o resfriamento do produto, antes de ser levado para a máquina de processamento. De acordo com Walter Mattos, é bom que o cidadão sempre procure verificar se o açaí passou por esse processo, pois se não o produto está impróprio para o consumo.
“Alertamos a população que não consuma esse tipo de produto (sem procedência), pois temos visto muito em beira de calçada, pessoas levando o açaí em isopor, até em temperatura ambiente. O açaí precisa estar refrigerado, não em temperatura ambiente por muito tempo se não estraga. Fazemos o monitoramento da manipulação do Açaí, inclusive com nosso laboratório de analise de água coletando a água usada por essas empresas que fazem o beneficiamento do açaí”, comenta Walter Mattos.
PROCEDIMENTOS E APREENSÃO DE AÇAÍ ADULTERADO: É importante que durante a compra do açaí, o consumidor se atente a questões como o preço, pois um valor mais em conta pode estar mascarando as irregularidades existentes naquela venda. Se desconfiar de possíveis irregularidades na venda de açaí, o consumidor pode denunciar para a Divisa, que se constatar a veracidade do caso, pode dar um fim à situação. “O protocolo de todo alimento ou qualquer tipo de produto que não tenha registro deve ser a apreensão, fazendo logo em seguida o descarte. Nós estamos apurando uma denúncia que é muito pior, que alguns manipuladores que fizeram curso com a gente, foram cadastrados na vigilância sanitária, tendo a licença sanitária, estão comprando em conta esse açaí beneficiado. Isso é ruim, porque a gente pensa eles estão fazendo todo o processo certinho
Fonte: Jornal Oimpacto
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