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Presa em Altamira a proprietária da boate Xingu


A Polícia Civil de Altamira, município do oeste do Pará, cumpriu nesta quinta-feira (21) mandado de prisão preventiva decretado pela Justiça contra a catarinense Solide Fátima Triques, 38 anos, proprietária da boate Xingu, localizada na zona rural de Vitória do Xingu, município próximo a Altamira.
Na semana passada, quatro pessoas foram resgatadas da boate, vítimas de tráfico de pessoas para exploração sexual. Natural de Campos Novos (SC), Solide é mulher do gaúcho Adão Rodrigues, também proprietário da casa de prostituição, e que continua foragido. A Justiça já expediu mandado de prisão contra ele.
A ordem de prisão foi cumprida no momento em que a acusada compareceu à audiência, na sede da Superintendência da Polícia Civil na Região do Xingu. A boate fica a cerca de 10 quilômetros de dois canteiros de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Solide está recolhida no Sistema Penitenciário em Altamira à disposição da Justiça.
À delegada Thalita Feitoza, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), em Altamira, a acusada admitiu que, juntamente com Adão Rodrigues, comandava a quadrilha responsável pelo esquema de tráfico de pessoas. 
Ela afirmou ter encomendado a vinda das pessoas aliciadas para a casa de prostituição, em Vitória do Xingu. Segundo a acusada, tudo foi feito junto com Adão Rodrigues. Solide, no entanto, negou que as vítimas vivessem trancadas em quartos, exploradas, sem alimentação adequada e obrigadas a fazer programas sexuais.
A acusada confirmou que os dois homens naturais do Rio Grande do Sul, presos no último dia 13 no interior da boate, trabalhavam como gerente e garçom no local. Os dois já foram transferidos para um presídio na Região Metropolitana de Belém.
Solide Triques confessou que anteriormente outras jovens já haviam sido levadas para a boate, mas alegou não saber quantas, pois, segundo ela, a entrada de mulheres de várias cidades do Brasil – e não só da região Sul do país - na casa de prostituição era constante. Ela disse que Adão Rodrigues era o responsável em encomendar as mulheres a terceiros. Conforme Solide, tanto ela quanto o companheiro acolhiam as mulheres e os travestis na boate.
Antecedentes - Solide Triques relatou à delegada que já foi presa, junto com Adão Rodrigues, em janeiro de 2011, na localidade de Jacy-Paraná, a 120 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia, por crime idêntico. Na época, quatro mulheres foram encontradas em cárcere privado em uma boate ao lado dos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, pela Polícia Civil de Rondônia.
As vítimas, na faixa etária de 18 a 25 anos, atendiam sexualmente os trabalhadores da barragem da usina em duas casas de prostituição. Segundo as denúncias, Adão Rodrigues e Solide Triques ameaçavam as mulheres que queriam ir embora e as obrigavam a ficar no local, onde contraíam dívidas elevadas e eram proibidas de sair sem quitá-las. As mulheres também denunciaram que eram obrigadas a forçar os trabalhadores da Usina de Jirau a consumir muita bebida alcoólica, a fim de aumentar o lucro na boate.
Com as vítimas foram encontradas pulseiras coloridas, que designavam os valores “faturados”. Um caderneta com a dívida das mulheres na casa de prostituição também foi apreendida. As vítimas e o casal foram encaminhados à Central de Polícia em Porto Velho. Os acusados foram autuados pelo crime, porém liberados por decisão da Justiça de Rondônia.
Em Vitória do Xingu, o caso veio à tona depois que uma adolescente gaúcha, de 16 anos, fugiu da boate Xingu e procurou o Conselho Tutelar de Altamira. A jovem relatou que havia sido trazida de Santa Catarina ao Pará com a promessa de trabalhar em uma boate, onde ganharia R$ 14 mil por semana. Mas acabou levada para a zona rural de Vitória do Xingu, onde ficou em um prostíbulo, situado no interior de um sítio, na localidade de Vila São Francisco. Ela disse que ali foi forçada a se prostituir e mantida o tempo todo trancada em um quarto.
A vítima contou ainda que era ameaçada pelo dono da boate, Adão Rodrigues. Segundo ela, havia no local outras mulheres que estariam na mesma situação. A jovem contou também que as pessoas não eram alimentadas, e permaneciam o tempo todo vigiadas por seguranças da boate e eram obrigadas a fazer programas para cobrir as dívidas com o dono da boate. Segundo a jovem, trabalhadores da obra de Belo Monte eram os principais clientes da casa de prostituição. Na boate, a polícia encontrou cadernos com anotações de dívidas contraídas pelas vítimas. (Polícia Civil).

Fonte: Quarto Poder

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