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Youtuber expulso de evento por causa de fãs diz que faculdade é plano B

Rafael Lange, o Cellbit, faz vídeos de games para 490 mil seguidores. Jovem conta que risadas e gritos são naturais: 'me considero um palhaço'.


Na pequena Carazinho (RS), o jovem de 17 anos Rafael Lange é só mais um estudante recém-formado no ensino médio. Em seu canal de games no YouTube, porém, a história é outra. O apelido "Cellbit" assume o controle e faz piadas e caretas para uma audiência oito vezes maior que a população da sua cidade. O alcance é tão grande que o youtuber chegou a ser expulso da feiraBrasil Game Show (BGS) 2014 por causa da aglomeração de fãs. E, por enquanto, ele não pensa em se dedicar a outra coisa. "É o que amo e vou até o final. Pretendo fazer uma faculdade só para ter aonde ir caso tudo dê muito errado", diz.
Cellbit cria vídeos sobre games para o YouTube e está entre os mais populares do Brasil. Segundo o G1 apurou, um youtuber com entre 500 mil e 1 milhão de inscritos pode ganhar de R$ 6 mil a até R$ 50 mil por mês, contando apenas a receita gerada por anúncios. Além do sucesso na web, muitos deles fazem a cabeça da garotada na vida real, mobilizando milhares de jovens que querem tirar uma foto ou conversar com o ídolo da internet.
Seguido por mais de 490 mil pessoas só no YouTube, Rafael vive uma rotina de contrastes. Em sua cidade, é anônimo como a maioria dos outros 60 mil habitantes. Raramente sai de casa. "Não tem muita coisa para fazer. Não tem nem cinema". Mas basta aparecer em um evento de games ou cultura nerd para que a popularidade obtida com seus vídeos, cheios de piadinhas e editados com suas melhores reações a jogos como "Garry's Mod", se manifeste.
Para ele, o alvoroço de fãs acontece porque os youtubers acabam se tornando íntimos dos seus seguidores. "Alcanço um grande público. Muitos atingem milhões todos os dias. Quando você acaba dando sua opinião sobre um assunto para milhares de pessoas, consegue influenciar bastante. E como a gente sempre deixa tudo muito pessoal, o público se sente quase como um amigo. Todo mundo quer lembrar do momento em que encontrou quem eles gostam".
Rafael Lange, o 'Cellbit' (Foto: Editoria de arte/G1)
Nem por isso esses acontecimentos deixam de ser surpreendentes. Morador do interior do RS, Rafael diz que raramente consegue ir a algum evento e que, por isso, é sempre uma surpresa ver "a quantidade de gente que gosta de mim. É realmente assustador". Mesmo assim, ele descarta qualquer tipo de status em relação à fama de internet. "Eu estive dos dois lados. Já fui muito fã. Comecei porque acompanhava um canal gringo e queria aprender a editar que nem eles. E agora trabalho com isso. Mas não acho que a gente seja celebridade. Essa palavra é muito forte", opina.
Palhaço do YouTube
Esse lado pop de Rafael, no entanto, só surgiu com o canal no YouTube. Ele conta que, antes disso, não tinha muitos amigos e quase não conversava na escola. "Sempre fui tímido. Ficava em casa o dia inteiro jogando videogame. Só ia para as aulas e voltava. O YouTube acabou resolvendo isso para mim. Com o tempo, fiquei mais extrovertido".

Assim como o sueco Felix Kjellberg, o "PewDiePie", canal do YouTube com mais inscritos (32 milhões), a especialidade de "Cellbit" é gravar caras e bocas enquanto joga. Isso significa (muitos) gritos agudos, gargalhadas histéricas e palavrões. O resultado costuma ser engraçado, mas os desatentos podem não entender nada do que está sendo falado.
"Na verdade, é bem natural. O que eu sempre falo é: quando você está gravando, tem que ser você 'vezes 10'. Tem que aumentar, falar para fora, falar alto, para a galera te ouvir. Nisso, você se acostuma ao seu tom de voz e, quando acontece algo surpreendente, acaba dando um berro. Às vezes eu grito tanto que até tomo um susto na edição", brinca. Nós também. "Respeito muito o conteúdo informativo, mas o meu estilo sempre foi entreter. Sempre gostei de ter essa resposta, de fazer uma piada e as pessoas rirem. Me considero um palhaço".
Prazo para dar lucro
Rafael pretende se dedicar exclusivamente ao seu canal por pelo menos mais um ano. Depois, pensa em cursar publicidade em paralelo com seu trabalho. "Não acho que seja válido largar tudo para fazer vídeo na internet. Mas também não acho que isso tudo vá acabar tão rápido. No Brasil, tem muita gente que acha errado ganhar dinheiro com o YouTube".

Para Andréa Lange, mãe de "Cellbit", a decisão do filho obviamente preocupou no início. Por isso, eles estabeleceram um prazo para que a atividade começasse a ter retorno financeiro, o que já acontece. "Sinto que fui um pouco dura com ele, mas acredito que essa pressão fez com que ele se empenhasse muito", diz. "Só quem acompanha um youtuber diariamente sabe o que isso exige. São horas de gravação, horas editando. É um trabalho como outro qualquer. Ver isso como uma brincadeira ou 'trabalho fácil' é, no mínimo, injusto".
Ela conta ainda que quer ver seu filho cursando uma faculdade e que está em negociação para que isso aconteça. "O mercado de trabalho exige um diploma. Claro que me preocupo com a possibilidade de ele, por algum motivo, deixar de ser youtuber e não ter uma formação. Mas, sinceramente, hoje não consigo imaginar o Rafael em outra profissão. Ele é um youtuber e me orgulho muito disso".

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