Projeto da UFOPA pretende implementar Rede de Informações Pesqueiras do Baixo Amazonas
monitoramento biológico dos estoques pesqueiros
Projeto é voltado para o monitoramento biológico dos estoques pesqueiros da região. A UFOPA, por meio do Laboratório de Geoinformação e Investigação Pesqueira do Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA), está implementando, em parceria com o Movimento de Pescadores do Baixo Amazonas, a Rede Institucional de Informações Pesqueiras do Baixo Amazonas, voltada para o monitoramento biológico dos estoques pesqueiros da região.
O objetivo é implantar modelos de gestão participativa, através do uso de tecnologias de acesso, de controle e de monitoramento de dados pesqueiros, visando à produção de informações estratégicas para o planejamento e o manejo da pesca na região Oeste do Pará. A iniciativa também busca a interação entre as diversas instituições atuantes no setor pesqueiro e já conta com a parceria das Colônias de Pescadores Z-20, de Santarém, e Z-28, de Alenquer, com as quais vem realizando estudos e diagnósticos sobre a produção pesqueira nesses municípios.
“Sonhamos em construir uma rede institucional de informações pesqueiras em nossa região, com a finalidade de integrar as diferentes instituições que trabalham com a pesca e de termos uma base de informação confiável para o planejamento do futuro da pesca”, explica o professor Keid Nolan, idealizador do projeto. “A ideia é construir uma base de informações para ser utilizada tanto para a comunidade científica fazer estudos e tentar entender até que ponto o sistema pesqueiro atual suporta a pressão, como também para servir de base para a tomada de decisões de manejo com a participação efetiva dos pescadores”.
Segundo Keid Nolan, apesar de a região do Baixo Amazonas ter tradição de pesquisas, sendo referência sobre pesca na Amazônia, faz-se necessária uma reflexão sobre até que ponto a coleta de dados tem sido efetivamente útil para o manejo da pesca. “As coletas de dados são feitas por diversas ações e instituições, mas não congregam as informações num lugar só para que possamos dar uma finalidade científica ou de manejo”, avalia.
Ainda segundo o professor do ICTA, a rede a ser instituída pela UFOPA deverá gerar informações estratégicas de suporte à tomadas de decisão que permitirão quantificar indicadores das potencialidades e vulnerabilidades do setor pesqueiro na região, subsidiando decisões das representações de classe, como as colônias de pescadores, bem como das esferas de gestão pública. “Nesse sentido, é necessária a realização de estudos aplicados para viabilizar tecnologias de acesso, controle e monitoramento de dados pesqueiros, que podem melhorar a qualidade das informações pesqueiras disponíveis para região”.
Alenquer – Com a Colônia Z-28 de Alenquer, que possui 2.500 filiados, o projeto tem como diferencial o desafio de monitorar a pesca junto com o pescador. Na fase inicial, está previsto o trabalho conjunto com 150 a 200 unidades familiares, de áreas de terra firme e de várzea. “Estamos fazendo um treinamento com os pescadores e suas famílias, para que cada família faça uma espécie de ‘diário da pesca’, um registro com informações básicas sobre as espécies capturadas”, explica. “É um projeto participativo, que depende do interesse e da vontade das comunidades pesqueiras”.
A ideia é que a universidade funcione como um local de processamento e análise dos dados coletados pelas famílias de pescadores, com o compromisso de retornar, para a colônia e as comunidades, as informações processadas, por meio de relatórios trimestrais. “É um circuito de coletar os dados, analisar a informação, dar nossa contribuição técnica e retornar, essa informação, em relatório de gestão para a própria colônia, para que tenhamos uma informação mais realista do que acontece com a pesca, principalmente em termos de produção e de captura de espécies”.
Feira do Pescado – Em Santarém, a equipe de alunos e professores do Laboratório de Geoinformação e Investigação Pesqueira da UFOPA realiza, desde 2011, o monitoramento e a análise biológica das principais espécies comercializadas na Feira do Pescado, principal porto de desembarque de peixes da cidade, situado às margens do rio Tapajós e gerenciado pela Colônia de Pescadores Z-20. “Essa ação possibilitou que conseguíssemos um espaço fixo na Feira, como uma extensão do laboratório do nosso grupo, para monitorar os peixes que estão chegando lá”, explica Keid Nolan.
Coordenada pela mestranda Ericleya Marinho, discente do Programa de Pós-graduação em Recursos Aquáticos Continentais Amazônicos (PPGRACAM) da UFOPA, a atual fase do projeto dará ênfase ao monitoramento de quatro espécies de pescado: aracu, pacu, pescada e tucunaré. Segundo o professor, a proposta de quantificar o desembarque do pescado e de determinar as principais espécies comerciais da cidade de Santarém surgiu da necessidade de entender o nível de exploração dessas espécies. “Tal quantificação se traduz em informações extremamente estratégicas para a tomada de decisões pelos órgãos gestores do recurso pesqueiro”, afirma.
O projeto já conta com uma base de dados com mais de 20 mil registros de desembarque diário na Feira, em apenas três anos de monitoramento. “Hoje a única referência de dados coletados de desembarque pesqueiro em Santarém são os dados que coletamos”, explica. “Essas informações são compartilhadas com a Colônia de Pescadores Z-20 e servem de referência para eles suprirem as demandas do Ministério da Pesca”.
Fonte: O Impacto e Ascom/UFOPA
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