Moradores do bairro Mapiri denunciam abandono do Governo Federal
Cerca de 60 famílias seriam atendidas com moradias do programa “Minha Casa, Minha Vida”, mas projeto não saiu do papel.
Maria Caldeira e Edimilson Costa falam que promessa já vai fazer 10 anos e a área para construção das casas está abandonada.
“Há dez anos fomos expulsos de nossas casas, por conta de uma promessa do Poder Público de construir novas residências fora da área de alagamento do Mapiri. Hoje, não recebemos nenhuma atenção por parte do poder público. Minha mãe de 80 anos está morando numa casa jogada à própria sorte”, desabafou a dona de casa, Maria Cardoso Caldeira, moradora do bairro do Mapiri, em Santarém, oeste do Pará.
Ela denuncia a situação de abandono de 60 famílias que residiam em área de alagamento do Mapiri e, que seriam atendidas com a construção de novas casas, através de uma parceria do Governo Municipal com o Governo Federal, por meio do programa de habitação “Minha Casa, Minha Vida”, mas até hoje, o projeto não saiu do papel.
Maria Caldeira conta como começou o sofrimento das famílias. “No início eles (fiscais do Governo) falaram que era para a gente sair, que iriam construir novas casas. Até hoje, já se passaram dez anos e, nenhuma casa foi construída. Hoje, minha mãe está nessas condições, sem receber nenhum tipo de assistência por parte do poder público. Não sabemos quando essas casas de fato serão construídas. Sempre que acontece alguma reunião no Ministério Público, eles falam que vão fazer, mas até agora nada. Ninguém nunca veio visitar os moradores para saber de perto a nossa real situação”, denuncia Maria, acrescentando que mora com sua mãe em uma palafita e que, mesmo assim, não consegue pagar o aluguel, padecendo por falta de atenção do governo.
SEIS MESES SEM RECEBER ALUGUEL SOCIAL: Segundo ela, muitas famílias se encontram sem receber o aluguel social há seis meses. “Hoje, estamos com o aluguel social atrasado. O valor é de R$ 300,00. Aqui onde moramos, o proprietário já veio pedir a devolução do imóvel, mas como minha mãe se encontra nessa situação, ele se solidarizou e deixou a gente ficar. Essa casa não tem nenhum tipo de estrutura para servir de moradia para uma pessoa idosa. Eu não tenho condições de alugar um imóvel, porque eu não estou trabalhando, devido à atenção que tenho de dar para minha mãe. Aí eu pergunto: Quem poderá nos ajudar?”, questiona Maria.
Além do aluguel, de acordo com ela, ainda existem outras despesas, como alimentação, transporte e remédios para sua mãe. “Eu não tenho como conseguir isso. Eu gostaria que eles fizessem a nossa casa, porque antes a gente tinha casa e, agora estamos largados à própria sorte. A área para a construção está disponível, só falta boa vontade do poder público. Já que eles não querem construir, que devolvam, porque juntamos todos os moradores que estão sendo prejudicados para fazermos um mutirão e construirmos as casas”, sugere Maria.
FAMÍLIAS VIVEM HUMILHADAS: Já o morador Edimilson Pereira Costa, revela que a Prefeitura realizou uma obra de aterramento na área de alagamento do Mapiri, onde as famílias moravam. Porém, as obras não passaram do aterramento, onde até hoje, nenhuma casa foi entregue aos moradores. “Tiraram a gente de lá e falaram que num período de seis meses, as casas ficariam prontas pra gente voltar a morar, mas não foi isso que aconteceu. Já estamos há uma década fora de nossas casas e, não sabemos o que poderá acontecer”, afirma Edimilson.
Segundo ele, as famílias vivem humilhadas em imóveis alugados, mas que não apresentam condições de moradia. “Vivemos humilhados em casas que não têm condições de suprir a necessidade de uma família. Na casa onde moro, quando chove molha todas as pessoas. Aí fica difícil a nossa situação”, dispara Edimilson.
Ele denuncia que quando os moradores procuram os órgãos competentes, não recebem nenhum tipo de resposta sobre quando as casas de fato serão construídas e entregues às famílias. “A gente corre atrás e quando chega lá, ninguém dá resposta pra gente. Não sabemos quando as obras vão começar e, se as casas vão ser construídas ou não. Já corremos atrás para liberarem a nossa área pra gente construir, mas não querem liberar e, aí não sabemos o que pode acontecer”, diz Edimilson.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto
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