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Com liberação da posse de arma, empresas buscam um mercado de R$ 12 bilhões


Como no jogo de guerra de tabuleiro, o lobby da indústria das armas venceu uma das mais importantes batalhas. Depois de longos 15 anos, os “mercadores da morte”, como são conhecidos na Esplanada os representantes das empresas de revólveres e pistolas, recuperaram um território perdido: o comércio de produtos de calibres leves para o cidadão. O decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro na terça-feira, porém, favorece apenas poucos jogadores nacionais. O maior lance de um mercado avaliado em cifras iniciais em R$ 12 bilhões está por vir: a autorização para que companhias estrangeiras vendam os armamentos em terras brasileiras.

A partir de entrevistas com representantes da indústria de armas nacionais e estrangeiras e cruzamentos de dados de pesquisas acadêmicas, o Correiorevela o jogo dos bastidores de políticos e de lobistas que voltaram ao centro do tabuleiro depois da implantação do Estatuto do Desarmamento de 2003. A lei proibiu o porte de armas por civis, deixando apenas algumas brechas para necessidade comprovada. Há poucos dados confiáveis sobre o mercado de armas no Brasil, mas, com o estatuto, o país definitivamente deixou de ser atrativo, pois, além das regras mais rígidas, havia a proibição de importação, um monopólio que favorecia apenas duas empresas nacionais: a Taurus e a Imbel, uma estatal brasileira de baixo alcance em relação aos jogadores estrangeiros.

Números levantados pelo Correiodentro Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGE, mostram que entre 2010 e 2014 os lucros das empresas de armas e munições brasileiras mantiveram um patamar de R$ 350 milhões em vendas, incluindo na conta a Taurus, a Imbel e a CBC, uma empresa de cartuchos. O último levantamento da PIA, de 2015, não apresenta números, por causa do risco de exposição estratégica da indústria nacional. A CBC comprou a Taurus em 2014 — em um negócio avaliado na época em R$ 121 milhões — formando uma única empresa e deixando o país com apenas duas indústrias, incluindo a Imbel. Se a Taurus chegou a ter desempenhos positivos até o início dos anos 2000, inclusive com exportações para outros países, hoje passa por uma crise de imagem entre consumidores civis e agentes de segurança por causa de defeitos detectados em determinados tipo de pistola.

Fonte: Correio Braziliense

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