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Santarém - Valerian e a Cidade dos Mil Planetas – Crítica


VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS

(Valerian and the City of a Thousand Planets)

Por: Allan Patrick

Luc Besson tinha apenas 10 anos de idade, era uma garoto solitário, e morava em uma fazenda na Grécia. Sendo que ele tinha apenas um único canal disponível em sua TV sem som e sem cores, Besson teve uma epifania criativa quando ganhou de seu pai uma edição do famoso quadrinho “Valerian”. Onde passou a acompanhar as histórias de um agente do espaço-tempo, que viaja pelas galáxias e também pelo passado e futuro, eliminando os perigos que podem destruir toda a vida no universo, a partir daí o pequeno Besson abriu sua mente para o inimaginável, a fonte para toda sua inspiração. Quarenta e oito anos se passaram, o agora o renomado diretor volta ao mesmo material que fez parte de sua infância, como uma espécie de homenagem, trazendo à vida aqueles personagens e histórias em “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas”.


Livremente baseada na saga dos quadrinhos franco-belga dos artistas Pierre Christin (escritor), Jean-Claude Mézières (desenhista) e Évelyne Tranlé (colorista), o “Star Wars” de Besson pega emprestada parte da trama contida na história “O Império dos Mil Planetas”. Com a clara intenção de escancarar na tela o lado negativo do progresso, a história traz um futuro distante, em que o universo vive em uma aparente paz, até que uma força desconhecida passa a expandir seu domínio sobre uma colônia/estação espacial que é habitada por centenas de raças e espécies diferentes, vindas de todo o universo. Cabe ao Major Valerian (Dane DeHaan, de “O Espetacular Homem Aranha 2”) e a agente Laureline (Cara Delevingne, de “Esquadrão Suicida”) descobrir quem ou o que faz parte dessa ameaça e impedi-la de destruir o local.


O diretor e também roteirista Besson precisou “rechear” o longo filme de mais de duas horas com um romance maçante e bastante piegas entre os protagonistas, um amontoado de piadas que não geram sequer um sorriso e o pior deles, dezenas de minutos de explicações intermináveis e tutoriais dos mais variados tipos. Numa constante tentativa desesperada de arrebatar os públicos dos grandes filmes de super heróis e também os apaixonados por uma outra grande saga espacial, “Star Wars” que, veja só, é bastante inspirada nos visuais e histórias de Valerian basta pesquisar no google as similaridades entre os designs das naves Alex de “Valerian” e Milleniun Falcon de “Star Wars”, para se surpreender com a equivalência, o diretor tentou, sem sucesso, emular as grandes características de seus “rivais”: ação, humor e história simplificada. Pesando a mão em praticamente todos os quesitos.

Se na cena inicial temos um vislumbre do que o diretor é capaz, com uma maravilhosa viagem no tempo que nos mostra como a paz universal foi instaurada, utilizando a simplicidade de um gesto sendo repetido ao som do icônico David Bowie, e logo depois nos deparamos com um delírio visual impactante do que seria uma civilização perfeita, minutos depois somos bombardeados com atuações exageradas e um dos maiores casos de “falta de química” que já se viu no cinema. A dupla DeHann e Delevingne simplesmente derruba o filme e leva com eles boa parte da carga de sentimento que tínhamos pelo longa até ali. Mas o pior, se é que dá para chamar assim, é a tão alardeada participação da mega popstar Rihanna (“Battleship: A Batalha dos Mares”). Se tirassem do filme, as cenas de sua personagem, não faria falta alguma.

É muito empolgante, imaginar que tipo de material Luc Besson poderia ter entregue se houvesse acreditado mais em seu cinema, assim como fez em “O Quinto Elemento”. Trabalhando em pólos absolutamente opostos, como na genialidade da cena do mercado, em que temos personagens em três planos diferentes no mesmo lugar e do outro lado, na pobreza dos diálogos e interações entre os personagens, o diretor apostou na tão comentada “burrice” do público e na voracidade dos adolescentes pelas “estrelas” do momento, e assim perdeu a chance de traduzir adequadamente a mensagem tão clara e absolutamente atual que o filme e o quadrinho que o inspirou propõem. Se, como ele mesmo diz, o amor é um grande personagem de seus filmes, infelizmente faltou um pouco deste delicado sentimento nesta obra que se fosse feita de maneira mais sentimental, poderia abrir outras grandes portas criativas para outros públicos independente da idade. Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é um deleite visual que impressiona qualquer um, mas ao mesmo tempo cansativo, mas mesmo assim, podemos considerar um filme “legalzinho”. Minha nota: 6,0.


Fonte: Cinedicas

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