Informe RC Ed. 1123
Artigo de J. R. GUZZO
OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, no Brasil e numa porção de países do Primeiro Mundo, muito civilizados, prósperos e democráticos, estão com uma doença que pelo jeito não tem cura. Publicam notícias, comentários e “conteúdo” segundo uma tábua de mandamentos que não deixa nenhuma dúvida sobre o que está certo e o que está errado, o que é bom e o que é ruim, o que é permitido e o que deveria ser proibido – só que não combinam com o público se ele próprio, o público, está de acordo com isso tudo. Os comunicadores estão cada vez mais convencidos de que a sua maneira de ver o mundo é a melhor, não apenas para o mundo, mas para leitores, espectadores e ouvintes; não parecem ter nenhuma dúvida a respeito. O resultado é que estão sendo cada vez menos representativos do público que imaginam representar. Dão informações que esse público não está interessado em receber e opiniões que não está disposto a compartilhar. Ensinam coisas que ele não quer aprender. Falam de valores que não são os seus – ou não necessariamente os seus.
FALTA COMBINAR -II
Torcem por causas que não são obrigatoriamente as suas. Elogiam uma série de comportamentos, condenam outros tantos, e em ambos os casos deixam uma advertência clara: é assim que nós, órgãos de comunicação, esperamos que vocês, público, se comportem. Só existem duas maneiras de avaliar as coisas neste mundo. Uma é a maneira errada. A outra é a nossa. Qual é a surpresa, então, em que a mídia esteja com tantos problemas? Não é preciso, para ver o tamanho do problema, recorrer a casos extremos como a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. Depois de atacar a sua candidatura como o pior momento da humanidade desde a vinda da peste negra, a imprensa americana e a internacional têm certeza, agora, de que sua vitória nos levará de volta à Idade da Pedra. Deveria estar mais do que óbvio, se fosse assim mesmo, que só um débil mental votaria nesse homem. Mas é claro que não foi isso que aconteceu, como é claro que ninguém está em pânico só porque a imprensa diz que todo mundo deveria estar em pânico. No Brasil de hoje, então, o deslocamento entre meios de comunicação e público parece caminhar para o modo mais extremo.
FALTA COMBINAR -III
O que dizer quando nas últimas eleições para prefeito os vencedores nas duas maiores cidades do Brasil foram justo os dois candidatos mais detestados pela mídia? Estão operando lado a lado, aí, duas linguagens opostas – a dos jornalistas e a de dezenas de milhões de cidadãos comuns. Os exemplos se aplicam a um mundo de coisas. Os comunicadores, em sua maioria, são a favor da ocupação de escolas por grupos de organizações de estudantes, ou a veem com compreensão quase ilimitada; fazem um voto de confiança sem restrições no idealismo dos jovens e sua vontade de reformar o nosso ensino. São a favor da ocupação dos espaços públicos por marginais de todo tipo – acham que seu direito é maior que o direito do restante da população de utilizar em paz o mesmo espaço. São a favor de praticamente todo tipo de invasão (que chamam de “ocupação”) de lugar público ou privado; são contra a liberação desses locais pela polícia, mesmo com ordem judicial, e sua devolução aos legítimos donos; estão convencidos de que a polícia, sem exceção, age “com brutalidade”. Há um critério rigoroso na escolha das palavras.
FALTA COMBINAR -IV
A imprensa fala sempre em “manifestantes”, “militantes”, “estudantes”, “desabrigados” e até em “camponeses” – nunca, em nenhum caso, são “invasores”. Não fala mais “favela”, palavra hoje condenada como preconceituosa, elitizante e fascista; tem de ser “comunidade”. A imprensa brasileira continua falando do golpe militar de 1964 como se fosse algo que aconteceu ontem, e alerta para os “perigos” de se voltar, a qualquer momento, à mesma situação; esquece que só tinham chegado à maioridade, em 1964, pessoas que têm hoje pelo menos 70 anos de idade nossa mídia dá a entender, cada vez mais, que ter um automóvel é uma falha moral – e que o importante, hoje, não é propriedade, e sim o uso do veículo. Jamais lhe ocorre que para milhões de brasileiros o carro é um instrumento de liberdade, e sua propriedade um sonho individual importante. Ao contrário da imprensa, a população não acha que o problema do Brasil é ter gente de mais na cadeia; acha que é ter gente de menos. Não acha que o principal problema da segurança pública seja a polícia – acha que são os bandidos. Não acha que a fé evangélica seja uma ameaça. Dá para escrever um “Manual de Redação” inteirinho com essas regras. Só que não são as regras do público.
A VOLTA ÀS RUAS
Na quase totalidade dos estados, no Distrito Federal e centenas de cidades, dia 4 “domingo”, convocados pelas redes sociais e comandados pelo Movimento Brasil Livre e outras entidades sérias, ligadas à sociedade, onde não faz parte a CUT, UNE e MST, Sem Tetos, ligados ao ex-presidente Lula da Silva “PT”, o povo retornou às ruas com dezenas de milhares de pessoas, de camisas verdes, amarelas, e faixas onde pediam, de maneira educada, o fim da corrupção, loas à Operação Lava-Jato, ao juiz federal Sérgio Moro e pedindo a saída de Renan Calheiros da presidência do Senado Federal e em algumas delas bonecos inflados representando o ex-presidente vestido de presidiário. O país não mais suporta a corrupção e a impunidade de políticos ligados ao assalto na Petrobras.
FESTIVAL
Com pouco mais de 20 dias do término de seus mandatos, o que não devem estar fazendo de estripulias financeiras os prefeitos, como de Juruti, Alenquer, Rurópolis e outros do oeste paraense, em detrimento de funcionários e fornecedores? Na maioria deles os salários estão atrasados, com exceção dos vereadores, passando Natal e Ano Novo diferentes dos saqueadores de dinheiro público. Isso vem ocorrendo em todo o Brasil. Em São Paulo, na cidade de Ribeirão Preto, os servidores da prefeitura, por meio de seu Sindicato, acionaram a Justiça através do Ministério Público e prenderam a prefeita Darcy Veras “PSD”, no fim de seu segundo mandato, advogados e ex-secretários, acusados de desviarem mais de 200 milhões de reais dos cofres públicos. Ah, se por aqui, os sindicatos de Servidores funcionassem como lá, o discurso seria bem diferente!
ECONOMIA DE PALITO
Desde o início da administração Alexandre Von “PSDB”, ouço falarem de seu governo estar inchado de funcionários, mas nunca ouvi dizer que tenha deixado de pagar um mês de seus salários. Talvez seja o único na região e que também não se envolveu em escândalos financeiros. Os “senadores” do “senadinho” das laterais da Garapeira Ypiranga, na Praça da Matriz, acharam do prefeito eleito, médico Nélio Aguiar, ter se precipitado em afirmar de ir congelar os salários dos servidores. Extinguir secretarias, em nome da crise econômica, diminuir subsidio do prefeito, vice e secretários, ainda vá lá. Mas castigar os servidores não é o correto. Basta evitar o excesso de ASPONES (Assessores de Porra Nenhuma), que ganham sem trabalhar, o dinheiro vai sobrar.
BEM INTENCIONADO
Ninguém duvida das boas intenções do prefeito eleito Nélio Aguiar “DEM”, em fazer uma boa administração, embora a arrecadação própria e os repasses constitucionais do Estado e União, sejam insuficientes, para um município de porte médio, como Santarém, que tem como maior empregador a Prefeitura e sente a falta de fábricas de grande e médio porte e de um Distrito Industrial para alavancar o desenvolvimento, dando milhares de empregos, tão esperados pela população. Caso não existisse o Bolsa Família, Seguro Defeso e outros programas sociais, milhares de famílias estariam passando fome e vivendo abaixo da linha da pobreza. Em alguns municípios vizinhos a situação é dez vezes pior.
A CENA SE REPETE
Acusado de peculato pelo Supremo, e se tornado réu, o ministro Marco Aurélio de Melo, em decisão monocrática, a pedido do partido Rede Sustentabilidade, ainda a ser apreciada pelo pleno do Supremo, afastou da presidência do Senado, o senador Renan Calheiros “PMDB”, dando lugar ao vice, Jorge Vianna, do PT. Esta é a segunda vez, em 9 anos, que Renan perde o cargo, jurando inocência e prometendo mostrar da ação ter sido precipitada, embora seja difícil reverter o despacho do ministro e calar as vozes da rua, que pedem seu afastamento.
QUEM AVISA AMIGO É
Em função dos nomes indicados pelo prefeito eleito, Nélio Aguiar “DEM”, muitos comprometidos com o Código Penal em diversas modalidades de crime, uma turma de magistrados está de olhos abertos para saber os nomes das empresas responsáveis pelo recolhimento do lixo e das taxas de iluminação, dos quais ficam centenas de milhares de reais depositados mensalmente, pela Celpa Equatorial na conta da Prefeitura, objeto de desejo de uma camarilha de espertalhões. Todo cuidado, Nélio, é pouco.
VAI COLABORAR
O titular do espaço Novo Portal, deste jornal, advogado José Olivar, deixou claro, em poucas linhas, se convidado para exercer qualquer função na administração futura do prefeito Nélio Aguiar, não vai aceitar, mas vai colaborar para o êxito de seu governo. Como foi um dos maiores apoiadores da eleição do médico, deve ter seus motivos para agir assim, o que não impede de pedir e indicar alguém de sua confiança para ocupar a função de sub-prefeito de Alter do Chão.
ATOS E FATOS
– VÃO DEVOLVER – Do Ministro da Transparência, Torquato Jardim: “Presente tem que ser regulamentado. É lamentável, dos ex-presidentes da República, Lula e Dilma, confundirem público e privado”. – NÃO SAI DO LUGAR – Há, no Rio de Janeiro, 26.475 pessoas na fila da rede pública Municipal para consulta com oftalmologista ou cirurgia nos olhos, como as de glaucoma. 4.896 são crianças. Esse total representa 62% do que estão na fila dos atendimentos mais procurados. Imagine o resto! – DE QUEM É A CULPA? – Do presidente da Confederação Nacional dos Municípios: “Os municípios estão explodindo de dívidas e muitos prefeitos vão virar ficha-suja”. Se cumprissem a Lei de Responsabilidade Fiscal, a situação seria outra. – BOM PARA CLÍNICAS E MÉDICOS ABORTEIROS – Viva! Do Papa Francisco, recomendando aos padres da Igreja Católica: “Quero reiterar, com todas as minhas forças, que o Aborto é um grande pecado, porque põe fim a uma vida inocente, mas com igual força, posso e devo afirmar que não existe pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir”. – VERGONHA – Ministro da Educação diz: “Educação no Brasil é uma vergonha”. Concluiu que situação da educação no país é vexatória. – DO PROCURADOR DA REPÚBLICA, Roberto Pozzobon: “Não existe caixa 2 inocente. É formado por recursos ilícitos dos partidos, de crimes gravíssimos, como corrupção, fraude e lavagem de dinheiro”. – MORALIDADE – De um procurador do Ministério Público Federal junto ao TCU: “O foro privilegiado é tão contra a noção de República e Democracia, que deveria se chamar Desaforo Privilegiado, e desaforo com a sociedade” – BESTEIRADA – O ex-presidente Lula, tentando passar uma esponja nos mais de 13 anos de desgovernos do PT, como se o povo fosse desmemoriado: “Temer é o único culpado pelo desastre na economia”. O ex só abre a boca para falar besteira. – RALHO – A presidente do Supremo, diante das ameaças do “impoluto” presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, à magistratura, ministra Carmen Lúcia, afirmou: “Juiz sem independência não é juiz: é carimbador de despachos” – PROTESTO – Do procurador geral da República contra a Câmara Federal, por alterar medidas contra a corrupção proposta pelo Ministério Público: “Fico estupefato, sentindo que a Câmara não teve sensibilidade com uma proposta que contou com apoio de milhões de brasileiros”. – MEDO DE SER PRESO – Lula da Silva (PT) continua com medo de ser conduzido para a prisão em Curitiba, onde se encontra dezenas de dirigentes petistas que foram ministros, deputados e fundadores da legenda. O ex-presidente recorreu à ONU para não ser preso. Dirigentes do alto comando da organização para Direitos Humanos acreditam que, com a queixa contra a Justiça Brasileira, o ex-presidente quer uma espécie de habeas-corpus internacional para evitar que seja preso. – AMENIDADE – O juiz Federal Sérgio Moro e o ministro Gilmar Mendes, trocando “gentilezas”, numa sessão do Senado presidida pelo agora réu, Renan Calheiros. Do juiz: “esse não é o momento para discutir uma lei que puna juízes e procuradores que cometeram abuso de autoridade”. Do ministro: “qual seria o momento adequado? O projeto já tramita há 7 anos no Senado. Daqui a pouco, vamos ter que buscar um ano sabático das operações para que o Congresso delibere sobre um tema como esse”. No Supremo, há processos armazenados há mais de 30 anos, fora os que prescrevem sem serem julgados.
Fonte: RC
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