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Graça Foster deixa Petrobras e novo presidente será anunciado na sexta


Diretores da Petrobras rejeitaram nesta terça-feira (3) o cronograma de saída da estatal acertado entre Graça Foster e Dilma Rousseff para o fim do mês e exigiram deixar a empresa nesta quarta-feira (4). Segundo a reportagem, a presidente da estatal, no entanto, conseguiu que as demissões fossem na sexta-feira (6), na reunião do Conselho de Administração.

A Petrobras emitiu comunicado nesta quarta informando que tanto Graça Foster quanto outros cinco diretores renunciaram ao cargo.

Na reunião de terça, no Palácio do Planalto, Graça apresentou as cartas de renúncia dos diretores para Dilma. A presidente argumentou que precisava de mais tempo para achar substitutos e fecharam a saída após a publicação do prejuízo decorrente de corrupção na estatal.

Ao voltar ao Rio de Janeiro, a presidente da estatal conversou com os diretores da Petrobras, que resistiram e recusaram o acerto. Queriam deixar a empresa nesta quarta, segundo auxiliares presidenciais. A executiva telefonou para a presidente na noite de terça para informar da decisão colegiada.

Em comunicado ao mercado emitido na manhã desta quarta, a empresa afirma que "o Conselho de Administração se reunirá na próxima sexta-feira, dia 06.02.2015, para eleger nova Diretoria face à renúncia da Presidente e de cinco Diretores".

Graça Foster se reuniu na manhã desta quarta com os cinco diretores e decidiram divulgar a nota oficializando a renúncia e acordou com eles a permanência no cargo até sexta-feira, quando ocorre a reunião do Conselho de Administração.

"Os diretores não aceitaram serem fritados, já demissionários, mas nos cargos até março, como queria a presidente Dilma", disse um assessor próximo à diretoria da estatal.

REUNIÃO MARCADA

A reunião de sexta já estava marcada antes da renúncia. Até as 11h35, os conselheiros ainda não haviam recebido uma mensagem com a mudança da pauta. A Petrobras não informou aos conselheiros quem foram os cinco diretores que renunciaram ao cargo.

Segundo a reportagem apurou, só um diretor não assinou a renúncia coletiva: José Eduardo Dutra, afastado por motivos de saúde. Ele já havia manifestado seu desejo de deixar a diretoria após o recrudescimento das denúncias de corrupção e da crise gerada pelo adiamento do balanço não auditado.


Um conselheiro afirmou à Folha que cinco diretores da Petrobras ficaram ao lado de Graça na última reunião do Conselho, dia 27 de janeiro, em que a presidente manteve firme a intenção de divulgar no balanço do terceiro trimestre a conta da corrupção. A estatal informou na ocasião que a conta poderia chegar a R$ 88,6 bilhões, embora o valor não tenha sido incorporado às demonstrações financeiras não auditadas.

Graça bateu de frente com os ex-ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento), representantes do governo federal, acionista controlador da companhia. Os ex-ministros pressionavam para que a estatal dissesse apenas que chegou a um número, mas que ainda não seria o momento de divulgá-lo porque ele não estaria fechado.

Graça teria argumentado que não queria ser responsabilizada administrativamente no futuro pela não divulgação do valor, caso ele se confirmasse. Em bloco, os cinco diretores apoiaram Graça na decisão, no episódio derradeiro para a fritura da presidente da empresa.

Dutra, que comanda a área de Serviços da estatal e é ex-presidente do PT, não participou da reunião por estar doente. Na avaliação do conselheiro, Ele deve ser o único nome a permanecer na estatal com a renúncia da diretoria.

Até a renúncia também ocupavam a diretoria José Miranda Formigli (Exploração e Produção), Almir Guilherme Barbassa (área Financeira), José Alcides Santoro Martins (Gás e Energia), José Carlos Cosenza (Abastecimento) e José Antônio de Figueiredo (Engenharia).

Já o diretor de diretor de Governança, Risco e Conformidade da Petrobras, João Elek, recém-empossado no cargo, também não participou dessa movimento de renúncia coletiva e segue no posto.

CVM

A intenção da Petrobras era só informar sobre a renúncia coletiva na sexta-feira, mas o pedido de explicações formal da CVM (Comissão de Valores Mobiliários, a xerife do mercado financeiro) sobre reportagem da Folhainformando que o Planalto já havia decidido pela substituição de Graçaobrigou a diretoria a se pronunciar e informar a troca.

A permanência de Graça no cargo ficou insustentável em meio às denúncias de corrupção na Petrobras, levantadas na Operação Lava Jato, e ineficiência na execução de projetos.

Até este momento, o Planalto não tem nomes para a substituição de Graça. O principal problema continua sendo encontrar executivos dispostos a assumir uma companhia em crise e sem um balanço auditado.

Na bolsa de apostas, despontam dois nomes para suceder a executiva : do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do ex-presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim, que conta com a simpatia da presidente Dilma.

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