Opinião: A insegurança nossa de todo dia
Por: Pedro Cardoso da Costa*
Tratar problemas sociais sem solução ao longo das décadas se tornou café requentado. O da violência, por falta de segurança, será novamente tratado aqui, mas também se poderia tratar a respeito da péssima qualidade da saúde e do ensino públicos.
De tão grave, a falta de segurança deu ensejo ao surgimento de um novo tipo de profissional da área, que seria o comentarista ou analista de segurança, especialmente nas emissoras de televisão de sinal aberto.
Eles adotam uma linha de atuação que segue as posições defendidas pelas autoridades, ao apontar os procedimentos preventivos para as pessoas evitarem o risco de assaltos, numa transferência explícita de responsabilidade às vítimas pela violência sofrida.
Se houvesse essa possibilidade, as agências bancárias e os carros-fortes não iriam aos ares todos os dias, sob as barbas de todos os governos.
Os órgãos de segurança, que deveriam apresentar ações de combate, apresentam apenas estatísticas de diminuição, comparando-as, não importa se confusas, com as do governo estadual paulista, que agora não conta quantas pessoas são assassinadas e sim o número de ocorrências. Por exemplo, na chacina em Osasco e região morreram 19 pessoas. Como foi apenas um episódio, registra-se apenas um homicídio. Grosso modo, é assim mesmo, embora as autoridades consigam confundir a todos, a ponto de ninguém entender de forma precisa.
Com essas medidas adotadas apenas para colorir a pílula, os crimes se generalizaram pelo país afora e cresceram de tal modo que qualquer site de jornal ou de notícias que se abra tem a violência como principal notícia.
Talvez pelo fato de seu enfrentamento trazer muitos riscos, a população não tem se organizado para cobrar soluções definitivas para o problema. Aí, cada um coloca a culpa no outro. Policiais se queixam de “secar gelo”. Prende muito, mas a justiça solta a todos. Os juízes colocam a culpa nas leis, que são aprovadas pelos congressistas, que culpam os governos executivos por não criarem políticas públicas sociais capazes de ocupar as crianças para que estas não se tornem marginais. Aí, vão juntos os órgãos de defesa dos direitos humanos, as igrejas e organizações sociais sob a acusação principal de passarem a mão na cabeça dos indivíduos.
Ao mesmo tempo, continuam as famílias culpando as más companhias e as escolas, e estas devolvem a acusação dizendo que os pais deseducam os filhos em casa e transferem a elas toda a responsabilidade pela educação dos jovens.
As instituições como AOB, CNBB, UNE deveriam organizar a sociedade para uma reação ampla. Enquanto se mantiverem dispersos, sem papéis bem definidos, enquanto não surgirem grandes manifestações por ações governamentais concretas e eficazes no combate, de fato, à violência, os crimes continuarão crescendo, as autoridades mostrando números positivos, que só elas conseguem perceber. Assim, este problema continuará por mais algumas décadas.
Os governos estaduais sabem o quê e como deve fazer para acabar com essa violência desenfreada; a população é que precisa saber por que eles não fazem.
*É bacharel em Direito
Tratar problemas sociais sem solução ao longo das décadas se tornou café requentado. O da violência, por falta de segurança, será novamente tratado aqui, mas também se poderia tratar a respeito da péssima qualidade da saúde e do ensino públicos.
De tão grave, a falta de segurança deu ensejo ao surgimento de um novo tipo de profissional da área, que seria o comentarista ou analista de segurança, especialmente nas emissoras de televisão de sinal aberto.
Eles adotam uma linha de atuação que segue as posições defendidas pelas autoridades, ao apontar os procedimentos preventivos para as pessoas evitarem o risco de assaltos, numa transferência explícita de responsabilidade às vítimas pela violência sofrida.
Se houvesse essa possibilidade, as agências bancárias e os carros-fortes não iriam aos ares todos os dias, sob as barbas de todos os governos.
Os órgãos de segurança, que deveriam apresentar ações de combate, apresentam apenas estatísticas de diminuição, comparando-as, não importa se confusas, com as do governo estadual paulista, que agora não conta quantas pessoas são assassinadas e sim o número de ocorrências. Por exemplo, na chacina em Osasco e região morreram 19 pessoas. Como foi apenas um episódio, registra-se apenas um homicídio. Grosso modo, é assim mesmo, embora as autoridades consigam confundir a todos, a ponto de ninguém entender de forma precisa.
Com essas medidas adotadas apenas para colorir a pílula, os crimes se generalizaram pelo país afora e cresceram de tal modo que qualquer site de jornal ou de notícias que se abra tem a violência como principal notícia.
Talvez pelo fato de seu enfrentamento trazer muitos riscos, a população não tem se organizado para cobrar soluções definitivas para o problema. Aí, cada um coloca a culpa no outro. Policiais se queixam de “secar gelo”. Prende muito, mas a justiça solta a todos. Os juízes colocam a culpa nas leis, que são aprovadas pelos congressistas, que culpam os governos executivos por não criarem políticas públicas sociais capazes de ocupar as crianças para que estas não se tornem marginais. Aí, vão juntos os órgãos de defesa dos direitos humanos, as igrejas e organizações sociais sob a acusação principal de passarem a mão na cabeça dos indivíduos.
Ao mesmo tempo, continuam as famílias culpando as más companhias e as escolas, e estas devolvem a acusação dizendo que os pais deseducam os filhos em casa e transferem a elas toda a responsabilidade pela educação dos jovens.
As instituições como AOB, CNBB, UNE deveriam organizar a sociedade para uma reação ampla. Enquanto se mantiverem dispersos, sem papéis bem definidos, enquanto não surgirem grandes manifestações por ações governamentais concretas e eficazes no combate, de fato, à violência, os crimes continuarão crescendo, as autoridades mostrando números positivos, que só elas conseguem perceber. Assim, este problema continuará por mais algumas décadas.
Os governos estaduais sabem o quê e como deve fazer para acabar com essa violência desenfreada; a população é que precisa saber por que eles não fazem.
*É bacharel em Direito
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