Breaking News

Partes do "Homem de Ferro" já existem, revela especialista em entrevista exclusiva


Paul Zehr resolveu escrever um livro para explicar o herói mais high tech do cinema
Paul Zehr conversou com o R7 sobre a armadura do super-herói. Nos últimos tempos, poucos heróis chamam tanto a atenção quanto o Homem de Ferro. Pense bem, Tony Stark tem praticamente tudo: dinheiro, mulheres, fama, inteligência e uma armadura com tecnologia incrível.

O herói interpretado por Robert Downey Jr. está de volta aos cinemas com Homem de Ferro 3, que estreou neste fim de semana. O que a maioria das pessoas nem imagina é o quanto estamos próximos de construir a armadura de Tony Stark.

Inventando o Homem de Ferro

Doutor em neurociência, diretor do Centro de Pesquisa Biomédica da Universidade de Victoria (Canadá) e autor do livro Inventing Iron Man: The Possibility of a Human Machine (Inventando o Homem de Ferro: a possibilidade de uma máquina humana, ainda não publicado no Brasil), Paul Zehr avalia que, em alguns aspectos, estamos próximos de criar a armadura que tornou Tony Stark um herói:

— Partes do conceito do Homem de Ferro já existem. O que nós não temos – ainda – são todos os recursos em uma coisa só.





Além de reconhecido por seu trabalho no controle neural da locomoção humana, o cientista canadense é mestre em artes marciais. Zehr também escreveu Becoming Batman: The possibility of a superhero (Se tornando no Batman: a possibilidade de um super herói, também não publicado no Brasil), livro no qual estuda a preparação física do cavaleiro das trevas. 

Em entrevista exclusiva ao R7, Paul Zehr explica a tecnologia do Homem de Ferro e até se arrisca a comentar como o herói se vira na hora de ir ao banheiro. Confira!

R7 – Com a tecnologia que temos hoje em dia, é possível criar um Homem de Ferro?

Paul Zehr – Partes do conceito do Homem de Ferro já existem. Nós temos trajes que oferecem proteção contra explosões de bombas e pressão marítima; pessoas podem voar usando jet packs, como Yves Rossy [piloto suíço que foi a primeira pessoa a voar usando uma asa acoplada às costas], e exoesqueletos poderosos que conseguem multiplicar a força por dez como o traje HAL da Cyberdyne. O que nós não temos – ainda – são todos os recursos em uma coisa só.

R7 – Uma das partes marcantes do traje do Homem de Ferro é o reator arc. Nós temos tecnologia para construir um reator tão potente miniaturizado?

Zehr – Não. Na realidade, este é o grande problema com um traje como o do Homem de Ferro. Eu perguntei ao meu amigo Jim Kakalios (autor de Physics of Superheroes, não publicado no Brasil) sobre isto e eu cito ele em Inventing Iron Man: ‘o armazenamento de energia em baterias foi ultrapassado dramaticamente pelo armazenamento de informações. Se as baterias seguissem a Lei de Moore que descreve o aumento em densidade dos transistores em circuitos integrados, dobrando sua capacidade a cada dois anos, então uma bateria que seria descarregada em uma hora em 1970 poderia durar um século hoje. Atualmente, se nós não quisermos vestir pacotes nucleares licenciados em nossas costas, nós estamos limitados a processos químicos para fazer funcionar nosso traje ou armadura e, nesse caso, nós temos que sacrificar peso ou tempo de bateria’.

R7 – O exoesqueleto é outra parte fascinante e verossimilhante da história do Homem de Ferro. Você acredita que no futuro estes tipos de trajes vão poder ajudar pessoas paralíticas a andar, por exemplo?

Zehr – Sim, absolutamente. Esta é a parte mais importante. É por isso que mesmo trajes parciais como o Re-Walk e HAL são tão importantes. Eles foram feitos para ajudar as pessoas. Este tipo de tecnologia será fantástico para permitir movimento às pessoas depois de ferimentos.

R7 – No seu livro você também explica como seria possível conectar nosso cérebro a uma armadura. Você pode explicar um pouco esta fusão entre mente e partes mecânicas?

Zehr – Isso significa pensar no Homem de Ferro como uma neuroprótese – a mais avançada e complicada interface cérebro-máquina que já foi criada. Não poderia funcionar apenas como uma roupa que você veste – haveria muito atraso entre os controles e o seu sistema nervoso para funcionar corretamente. O conceito para o Homem de Ferro seria um implante cirúrgico de matrizes de eletrodos no cérebro e na medula espinhal que seriam usados para controlar o traje. Mas isto tornaria necessária uma grande quantidade de implantes no cérebro, medula espinhal e sistema nervoso periférico. É fundamental obter o máximo de resposta possível para treinar e usar a armadura do Homem de Ferro.

R7 – Outra parte importante da tecnologia do Homem de Ferro é o Jarvis, supercomputador assistente de Tony Stark. Na sua opinião, o quão distante nós estamos de desenvolver inteligência artificial tão refinada?

Zehr – Nós estamos bastante longe disto também, talvez uns 20 anos. A chave é a natureza intuitiva do software. Ele trabalha tanto com previsão que é difícil desenvolvê-lo.

R7 – O traje torna Tony mais forte e rápido, mas na vida real o que seria necessário em termos de preparação física para vestir a armadura?

Zehr – Acho que, pelo menos, cinco anos de treino. Desde que o traje receba os comandos do seu cérebro e medula espinhal, estes comandos precisam ser bem afinados. Você precisaria de bastante treinamento atlético para que os sinais sejam os melhores possíveis. O traje amplia suas habilidades. Se suas habilidades são fracas tudo que você conseguiria seria uma melhora, mas não uma ótima performance.

R7 – Mesmo assim, você disse em outra entrevista que estamos mais perto de produzir um Homem de Ferro do que um Batman. Pode explicar a razão?

Zehr – [Ser o] Batman é como treinar a biologia ao seu limite e o Homem de Ferro é amplificar este limite com tecnologia. Eu acho que nós alcançamos o máximo do que nós conseguimos extrair na nossa biologia intrínseca. Agora nós temos que nos conectar para fazer [nosso corpo] ficar maior e melhor com tecnologia. Ou nós mudamos a biologia. Mas, você vai ter que me perguntar de novo quando meu livro sobre isso estiver completo (risos).

R7 – Ok, agora uma curiosidade. É preciso bastante preparo para controlar os aspectos fisiológicos de usar um traje. Você imagina como a armadura do Tony Stark poderia lidar com o suor? Ou quanto tempo ele consegue segurar antes de ir ao banheiro?

Zehr – Essa é boa. Eu entrevistei uma série de astronautas quando eu estava escrevendo Inventing Iron Man. Eu realmente queria saber como era estar dentro de uma armadura – no caso um traje espacial – que você literalmente não poderia remover por longos períodos de tempo. É realmente difícil se acostumar a estar trancado deste jeito. Depois de várias horas todos eles têm o desejo de tirar o traje.

Provavelmente, a melhor resposta para o esta pergunta vem dos quadrinhos na história World’s Most Wanted, Part 7: The Shape of the World These Days (Invincible Iron Man #14, 2009). Na história a Pepper Potts está usando a armadura "regate" para ajudar as pessoas. A Pepper diz: ‘foram nove horas neste traje e, sem ofensas, mas se eu não sair e tomar um banho logo, eu vou começar a gritar’. Eu acho que isso quer dizer que deve ser difícil (risos).

Fonte: R7

Nenhum comentário

imagem de uma pessoa em frente a tela no notebook com a logo do serviço balcão virtual. Ao lado a frase indicando que o serviço