Opinião: Greve nos transportes urbanos, ameaça aos usuários
Por: Padre Edilberto Sena*
Quem deve resolver as questões trabalhistas e salários são os patrões e os trabalhadores dos ônibus da cidade de Santarém. Mas quem tem o dever de garantir o serviço de transporte coletivo é a Prefeitura, afinal é um serviço público concedido pelo Poder Público à empresas particulares.
Daí que, o papel do prefeito é intervir no dissídio entre patrões e empregados em favor dos usuários, sem necessariamente chegar com pseudo solução de declarar ilegal a greve. Assim, o assessor jurídico toma partido dos patrões e não dos usuários. Uma comparação de duas cidades mostra como Santarém é atrasada. João Pessoa, na Paraíba, têm 675 mil habitantes, e Santarém, cerca de 300 mil moradores fixos.
Em João Pessoa circulam 212 ônibus, em Santarém, menos de 100; em João Pessoa a Prefeitura decretou passe livre para todos os estudantes; em Santarém, eles ainda brigam para manter a meia-passagem. A tarifa de ônibus em João Pessoa, neste ano, aumentou para 2 reais e 30 centavos, porque as distâncias dos bairros são maiores na capital paraibana.
Mas lá, as empresas estão obrigadas a renovar toda a sua frota de 212 ônibus ainda em 2013 e também ficam obrigadas a construir 30 novos abrigos de espera para os usuários. Em Santarém, a maioria dos ônibus está envelhecida, poluindo a cidade e poucos são os abrigos e ainda, construídos pela Prefeitura.
Em resumo da história, a greve dos motoristas pode ser correta, os patrões querem aumento de tarifa e a Prefeitura se acomoda e toma partido dos empresários. Falta a população prejudicada a aprender a ser cidadã, pressionar o poder público pra valer. “Quem se abaixa o fundo aparece.” Se em João Pessoa no pobre nordeste, as empresas de ônibus respeitam os acordos com o poder público, se lá os estudantes podem ter passe livre, por que Santarém não segue os mesmos princípios?
*É diretor da Rádio Rural de Santarém
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