Restaurante da Ufopa – Empresa que ganhou licitação da obra faliu
Vice-reitor Anselmo Colares fala sobre a obra do Restaurante e também sobre os novos cursos que serão implantados nos municípios.
A Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) vai ampliar sua atuação na região Oeste do Pará, oferecendo novos cursos em outros municípios, beneficiando diretamente os estudantes dessas localidades. Para falar sobre esses cursos e sobre outras questões que envolvem a UFOPA, recebemos em nosso estúdio o vice-reitor da UFOPA, o professor Anselmo Colares, vice-reitor da Instituição, que concedeu entrevista exclusiva à TV Impacto e Jornal O Impacto. Veja a entrevista:
Jornal O Impacto: Professor, como se dará a implantação desses cursos e quais municípios serão contemplados?
Anselmo Colares: Quando eu fiz o meu vestibular, que na época era muito disputado, o tema da redação foi: “Uma notícia alvissareira”, derrubou meio mundo porque quem não sabia o que significava a palavra “alvissareira” ficou bastante atordoado. Mas estou dizendo isso, porque a pergunta que você fez me lembrou que essa é uma noticia “alvissareira”, que é essa presença da universidade nos câmpus que ela possui desde sua criação, embora na Lei que criou a UFOPA em dezembro de 2009 não apareçam os nomes dos municípios que têm câmpus, diferente de algumas universidades que foram criadas e isso foi logo garantido na Lei. No caso da UFOPA, por alguma razão que eu desconheço, essa situação passou batida. Seria bom que lá tivesse o nome dos municípios, talvez até em algumas universidades tivesse desde o começo sua definição de curso e o trabalho se iniciaria por aí. Aqui em Santarém a história foi diferente, a primeira fase da UFOPA nós podemos dividir em termos de gestão: a primeira gestão optou por cuidar de Santarém, quando foram implantado os cursos aqui, fazendo concursos para professores para cá, mas não passou disso, cuidou de Santarém, foi promovendo a expansão da universidade, apenas aqui. Na nossa gestão, mesmo não sendo uma coisa simples, estamos tendo a satisfação de antes de concluir a gestão, poder levar a universidade efetivamente para esses câmpus. Claro que de lá para cá a coisa mudou, justamente nos últimos meses essa conjuntura de crise e de redução de orçamento fez com que de uma vontade inicial de levar cinco cursos para cada Município, reduzisse para um. Se acompanharmos a história, sabemos que Santarém começou com apenas um curso, que foi o de Pedagogia, e foi o curso que eu fiz na época. Eu diria que é melhor ter um com essa segurança, do que mentir dizendo que iriam dois, três ou cinco, sem possibilidade de se realizar. Então, estamos levando um curso para cada câmpus, sendo que tem dois casos que vai mais de um, mas seguramente são cursos que vão ter condições de se firmar e se estabelecer e a partir daí a história vai registrar o crescimento desses locais, sem dúvida alguma.
Jornal O Impacto: E quais serão esses cursos?
Anselmo Colares: São cursos diferentes dos que têm atualmente em Santarém. Houve muito pedido de cursos iguais aos que existem em Santarém, e na administração superior da UFOPA nós defendemos a idéia de que se evite repetir cursos aqui, pois para uma pessoa que mora nesses municípios do interior fica mais fácil de se deslocar para Santarém, diferente do passado em que tinham de se deslocar para Belém e Manaus ou até mesmo outras capitais do Brasil que possuem universidades públicas; essa foi a primeira definição. A segunda definição para escolha de cursos que sejam possíveis de se fazer; o curso de Medicina para se ter uma ideia, exige cerca de 100 códigos de vagas. Quantos códigos de vagas a UFOPA tinha para ir para os câmpus de Alenquer, Monte Alegre, Óbidos, Juruti, Itaituba e Oriximiná? Nós tínhamos cerca de 60 códigos para essa primeira fase e, se decidíssemos colocar o curso de Medicina, só ele ocuparia todos os códigos. Não é só uma questão de código, o curso de Medicina exige toda uma estrutura que nós não teríamos nesse momento condições, então, a opção foi pensar em cursos que fossem possíveis de administrar com essa quantidade de códigos existentes e garantir a presença da universidade em todos esses municípios onde há câmpus. Os câmpus que nós temos não foram uma decisão nossa, como já disse, foram uma decisão no período da criação da UFOPA e atendendo uma regra do MEC que são municípios que têm acima de 50 mil habitantes, então, esses municípios que compõe nosso Campi estão dentro dessa regra. Existem outros municípios que possuem uma população próxima de 50 mil, mas o MEC não iria considerar a presença de um campus e uma universidade.
Então como nós organizamos? Em Itaituba, vai ter o curso de Engenharia Civil, onde algumas pessoas comentaram: “Por que não em Santarém o curso de Engenharia?”, porque a universidade não é de Santarém, a universidade é da região. Em Monte Alegre, um curso que também estava previsto ser feito aqui em Santarém, mas nós aproveitamos o início da elaboração do projeto e deslocamos para Monte Alegre, foi o curso de Aquicultura, pois somos uma região de pescado, uma região onde é muito importante alavancar esse tipo de atividade profissional, com grande impacto para a sociedade. Em Juruti, que tem a presença de uma mineradora, assim com tem em Oriximiná, – nessa região tem esse elemento forte-, por isso em Juruti nós teremos o curso de Engenharia de Minas e o curso de Agronomia, pois não adianta só cuidar da parte da mineração, a história já mostra que isso esgota, o minério um dia acaba e fica só o estrago da extração, enquanto isso, através do curso de Agronomia você vai está tomando conta de algo mais permanente. Em Alenquer foi definido um curso de Administração, não só por esse curso ter mais formados no Brasil. E por que na UFOPA? Porque na UFOPA nós queremos um curso de Administração com uma forte vertente para gestão pública, o curso tem um potencial muito grande para ampliar os nossos horizontes de percepção da importância do desenvolvimento econômico junto com desenvolvimento social, então, é um curso que nós estamos apostando muito. Fechando a sequência, em Oriximiná, já temos curso funcionando lá, mas o curso ainda não estava regularizado e por conta disso agora, com autorização formal e com a realização do concurso, o curso na Área Ambiental, na Área de Conservação e Biologia passa a ser efetivo e trata-se de um importante passo também porque é uma área ambiental que tem um papel imprescindível para nossa região e; o segundo curso aprovado para Oriximiná que não teremos condições de fazê-lo agora, se trata de um curso na área de Informática, mas está garantido que haverá esse curso. Fechando esse conjunto de câmpus, em Óbidos, que tinha uma turma de Pedagogia funcionando, resolvemos efetivar essa turma, deixando de ser uma turma aqui de Santarém e se tornando um curso efetivo e, na nossa visão, formar professores nunca é demais porque educação é a base para tudo, então, ter a presença de um curso que forme professores é pensar no futuro da própria universidade, pois a universidade se alimenta dessas pessoas que serão formadas na educação básica e depois vão chegar melhores na própria universidade. Claro que havia uma expectativa em Óbidos e em outros municípios por outros cursos, mas estou afirmando que levar um curso nesse momento é ousadia e uma decisão muito forte da Reitoria que se encontra com o apoio de muita gente. O importante é que a partir deles a universidade estará efetivamente presente nesses municípios pois até então a UFOPA só estava lá por causa dos cursos do PARFOR que são realizados em férias e agora serão realizados permanentemente. Nesse momento da expansão, assim como na primeira fase da universidade, se cuidou de Santarém e os municípios ficaram de fora. Esse é um momento em que a preocupação da nossa gestão foi prover os cursos que estão aqui com os professores necessários para que os cursos se estabilizem. Em Santarém, procuramos melhorar ao máximo os cursos, tanto que o resultado foi a avaliação que as comissões de avaliação do MEC vieram e hoje nós temos a grande maioria dos nossos cursos avaliados com nota 4, de uma nota que vai até 5.
Jornal O Impacto: Sabemos que há algumas semanas foi anunciado o contingenciamento com relação aos recursos para universidade. Você acha que esse contingenciamento vai influenciar na qualidade desses novos cursos?
Anselmo Colares: A administração fez o dever de casa, ou seja, ela se preparou para essa situação, já estava sendo anunciado no País desde antes da saída da presidente Dilma, já se sabia que o País estava em uma turbulência e que tempos difíceis viriam, então, a universidade se preparou melhorando os seus contratos e convênios que é uma fonte de despesa muito grande, nós conseguimos reduzir o pagamento de muitos dos nossos aluguéis, o pagamento dos contratos mais caros que são com vigilância, limpeza e motoristas; conseguimos potencializar, sem deixar de fazer o trabalho e em alguns casos até aumentando, mas reduzindo os custos através de negociações e vários mecanismos administrativos. Por exemplo, no campo da vigilância, a gente diminuiu a quantidade de vigilantes armados e ampliou a quantidade de agentes de portaria pois muitas vezes bastava ter alguém fornecendo informações e acompanhando o movimento e aí não necessariamente a presença de uma pessoa com uma arma e que no custo do contrato isso faz muita diferença; com relação a motoristas, nós eliminamos o período noturno, os motoristas passaram a atender durante o dia. São essas ações entre outras que foram tomadas de maneira que temos segurança que vamos poder fazer essa expansão sem comprometer a qualidade dos cursos.
Outro aspecto que deve ser considerado com relação a isso, é que tendo a presença dos câmpus nesses municípios, será preciso haver cooperação de todos os outros agentes, cooperação das Prefeituras, das Câmaras municipais, porque todo mundo passa a brigar por aquilo. Então, se a universidade passar a ter dificuldade de funcionar em qualquer lugar desses, nós iremos ter forças aliadas e é importante para que a universidade possa continuar e melhorar cada vez mais. Quando a UFPA tomou a decisão de sair de Belém, houve muitas reações lá em Belém de pessoas que diziam: “Ah! mas o meu curso aqui ainda nem está consolidado, a gente precisa de laboratórios, a gente precisa de sala de aula, não temos isso, não temos aquilo e como a UFPA vai lá para Santarém e outros municípios?”. Então, se fosse esperar que todas as coisas estivessem na UFPA para ela sair de Belém, ela jamais teria saído. O mesmo raciocínio eu aplico hoje, esses que dizem que a UFOPA está indo para esses municípios, “mas a gente aqui tem muita precariedade”, é verdade, mas vai esperar resolver todos os problemas aqui? Quantos anos a gente vai esperar para chegar em outros locais?
Jornal O Impacto: Você falou há pouco, dos aluguéis, sobre diminuição de custos; com relação às ampliações que antes eram prioridade, falando inclusive sobre o Seminário São Pio X, como está essa situação? E também sobre o restaurante universitário que encontra-se com as obras paralisadas, diante desse contingenciamento de recursos, como vocês estão analisando?
Anselmo Colares: Eu sou professor há muitos anos, comecei em 1982, foi chegando na administração superior que eu vi concretamente porque o nosso País tem tantos problemas com relação a obras públicas. Não é uma coisa só da UFOPA. Por que uma obra pública demora tanto? É porque ela começa em um valor e termina em um outro valor, extraordinário. Talvez muita gente não saiba, eu também não sabia, de alguns detalhes, por exemplo, a empresa que faz o projeto não é a que executa. A UFOPA, no começo, contratou uma empresa para fazer o projeto, essa empresa fez projetos com várias imperfeições e depois na execução da obra essas imperfeições vão aparecendo e vai aumentando o custo da obra, como também vai aumentando o prazo, para esses projetos a empresa foi contratada e não tivemos como alterar isso. Os projetos que ela fez tinham essas imperfeições, e a conta veio posteriormente. Segundo, em várias obras em Santarém sabemos que há muita demora para sair e nós tivemos essas dificuldades com essas obras e não foi falta de vontade da nossa parte, nem desinteresse; fizemos por exemplo todo o esforço para que o restaurante universitário ficasse pronto, das empresas que participaram da licitação, foi vencedora uma empresa de Macapá, inclusive nós festejamos muito, ela chegou e ganhou a licitação, se apresentou estando apta, sendo capaz de fazer dentro do prazo, tudo certinho. Dessa vez o projeto foi feito correto, mas a empresa faliu. Trata-se de empresas que ganham as licitações, mas não têm estrutura financeira para bancar a obra, porém, querem que a universidade antecipe o pagamento e isso é ilegal, não pode ser feito. O pagamento da obra é diante a medição, então, ela vai construindo, o fiscal da obra verifica o que foi feito e passa a informação para a administração pagar dependendo do que foi feito. Aí a empresa quer que a gente pague a mais para ela poder comprar os materiais, pagar as pessoas para fazer o serviço, sendo que não pode ser assim, ela tem de ter capital para ir fazendo e a gente ir pagando. Então, isso é um dos fatores que impactam nessa demora das obras.
Por: Allan Patrick
Fonte: RG 15/O Impacto
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