Vaticano é acusado pela ONU de ter permitido abusos contra crianças
Vaticano é acusado pela ONU
A comissão de direitos da infância da ONU denunciou o Vaticano pela adoção de políticas que permitiram sacerdotes estuprar e molestar dezenas de milhares de crianças, e exortou a Santa Sé a abrir seus arquivos sobre pedófilos e clérigos que esconderam seus crimes.
Nas conclusões de um relatório devastador, publicado nesta quarta-feira, o comitê pede à Santa Sé para “afastar de imediato de suas funções todos os autores conhecidos e suspeitos de abusos sexuais de crianças, assim como denunciá-los às autoridades competentes para que os investiguem e sejam processados”. O comitê também criticou severamente a Igreja Católica por suas atitudes em relação à homossexualidade, à contracepção e ao aborto e pediu que suas políticas para garantir os direitos das crianças e o seu acesso aos cuidados de saúde sejam revistas.
Há 15 dias, o Vaticano já havia sido publicamente confrontado, pela primeira vez, a respeito de abusos sexuais de crianças por sacerdotes, em uma audiência da ONU em Genebra. Autoridades da Santa Sé ouviram perguntas duras e diretas – por exemplo, por que não liberam todas as informações que têm a respeito, e o que estão fazendo para prevenir abusos futuros. O arcebispo Silvano Tomasi, enviado do Vaticano à ONU, disse que tais crimes “jamais poderiam ser justificados”, que todas as crianças devem ser “invioláveis” e que “prevenir abusos é uma preocupação real e imediata”.
No informe divulgado nesta quarta-feira, a comissão afirma que a Igreja Católica não fez ainda o suficiente para cumprir seu compromisso de acabar com a pedofilia e destaca “sua profunda inquietude pelos abusos sexuais cometidos contra crianças por membros de igrejas que operam sob a autoridade da Santa Sé”. O documento também lembrou que os “crimes praticados por religiosos foram realizados contra dezenas de milhares de menores em todo o mundo”. “O comitê está muito preocupado com o fato de a Santa Sé não ter reconhecido a amplitude dos crimes cometidos, não ter tomado medidas apropriadas para afrontar os casos de pedofilia e para proteger as crianças, além de ter adotado políticas e práticas que permitiram a continuação dos abusos e da impunidade de seus autores”.
O informe critica particularmente a política de transferir de paróquia os sacerdotes pedófilos, prática que considera como uma tentativa de encobrir os crimes e evitar que eles sejam julgados pelas autoridades civis.
“A prática da mobilidade dos permitiu que muitos padres permaneçam em contato com as crianças e seguissem abusando de eles, além de continuar expondo crianças de numerosos países a um alto risco de sofrer abusos sexuais”, destaca o documento.
O órgão pediu uma investigação interna do caso e de casos semelhantes, para que os responsáveis possam ser processados e para que uma “compensação total” possa ser paga às vítimas e às suas famílias. A comissão criada em dezembro de 2013 pelo Papa Francisco deveria investigar todos os casos de abuso sexual infantil, além da conduta da hierarquia católica ao lidar com eles.
Fonte: O GLOBO / Com agências internacionais
Nenhum comentário
Postar um comentário