O casamento de Paulo Gustavo não precisa estar em conformidade à causa nenhuma

Há uma intolerância grande para com os gays, dentro do próprio meio, proporcional à intolerância para com os gays, fora do meio.

Sim, ainda sobre o casamento do ator Paulo Gustavo: bastou ele casar para, em vez do silêncio que o momento pede, críticas ferinas vindas de dentro do movimento. Apenas porque - e segundo fofocas - não houve beijo entre os noivos na festa.

Que essa gente beije ou dê cambalhotas no casamento, isso interessa bem pouco. O que cada um faz no próprio casamento, sendo ele uma figura pública ou um capiau, só interessa ao casal, e olhe lá.

“Quando seu amigo heterossexual ajuda mais uma minoria da qual você faz parte do que você mesmo, está na hora de rever suas atitudes” esse é um dos comentários que encontrei por aí.

Se quiserem ler outros comentários tão baixos quanto esse, peço que procurem na internet. Não serei eu que aumentarei a voz dessa gentinha feia.

O que fazem com Paulo Gustavo é cobrar conformidade à causa gay. Por alguma razão, acreditam piamente que estão autorizados a falar em seu nome. Tornou-se uma certeza no meio que o engajamento vale mais do que o indivíduo por baixo da camiseta justinha.

Já não enxergam mais o ser humano ali. E não enxergam porque se esqueceram há tempos de que as minorias são compostas por indivíduos.

Indivíduos? Que indivíduos? Não importa nem interessa o que pensam os indivíduos. Essa é a ideologia da despersonalização. Um movimento que demonstra o desprezo pelo ser humano e suas questões pessoais.

Não importa a nobreza de sua causa, ela perderá todo o valor quando desprezar o indivíduo e sugerir que ele só existe como parte de um movimento.

Nada mais baixo do que dizer ao outro que ele é livre para fazer o que quiser desde que seja relevante para o movimento e esteja em conformidade à causa.

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Foto: Reprodução/Instagram