Discovery Channel grava casos raros tratados no Hospital Regional do Baixo Amazonas
Quatro casos de doenças raras e complexas acompanhadas pela equipe médica do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) chamaram a atenção da equipe de televisão da série Meu Corpo, Meu Desafio, do canal Discovery Internacional. Em janeiro deste ano, a equipe esteve em Santarém (PA), cidade onde fica o hospital, para as gravações. Foram vários dias de filmagens, entre o bloco cirúrgico, consultórios, e ainda pela região do oeste do Pará, para contar as histórias dos pacientes. A previsão é de que a reportagem vá ao ar em julho desde ano.
Conhecido, internacionalmente, por contar realidades anormais de indivíduos com doenças extraordinárias, a equipe do programa de TV Meu corpo, Meu Desafio veio até a Amazônia para mostrar um pouco da vida de Márcia Lobato Costa, de 37 anos, moradora do município de Belterra, há 100 km de Santarém, do pequeno L. S., de 5 anos, residente de Santarém, e dos irmãos: M. B. e J. B., de 7 e 15 anos respectivamente, moradores da comunidade de Alenquer, distante cerca de 50 km de Santarém.
Todos diagnosticados com anomalias raras, os personagens fazem seus tratamentos no HRBA, há aproximadamente dois anos. Segundo o médico cirurgião plástico, Euler Amaral, a interiorização da medicina no Estado do Pará vem proporcionando a pacientes, como esses, uma mudança de vida e esperança de dias melhores que não era possível há alguns anos, em um interior no meio da Amazônia. “Aqui no hospital o tratamento proporcionado a esses pacientes é compatível aos que são realizados nos grandes centros médicos do mundo, com isso é louvável o investimento em hospitais como o nosso em uma região como Santarém, que é uma cidade polo no estado do Pará, no ponto de vista estratégico para desafogar os grandes centros e, ainda, oportunizar saúde e qualidade de vida para moradores de regiões mais afastadas”, diz.
Ainda seguindo Euler, os casos citados na reportagem são raríssimos. O da paciente Márcia, por exemplo, ocorre um cada em quatro milhões de habitantes, ou seja, em uma região como a do Baixo Amazonas que possui, em média, um milhão de habitantes, a Márcia deve ser a única com a doença. Com o diagnóstico de Cutis vértices girata, a paciente já recebe tratamento no hospital, desde 2014. Atualmente, ela já realizou duas cirurgias para a colocação de expansor de pele, e o tratamento ainda deve durar por mais uns 4 a 5 anos, com a realização de outras cirurgias.
No caso dos irmãos da família Bentes, ambos diagnosticados com dermatofibrose, o tratamento no HRBA teve início no ano de 2015, com a realização de cirurgias para retirada de alguns tumores. Durante a gravação do programa, a equipe pode acompanhar a chegada dos irmãos ao hospital, desde a internação, registrando as cirurgias, o pós-cirúrgico, e até a alta dos pacientes, que fizeram a retirada de mais alguns tumores na face. A equipe também entrevistou médicos e psicólogos que acompanham os tratamentos.
Outra história que despertou o interesse da equipe, foi a do pequeno L. S. (5), diagnosticado com anomalia de crânio e bucomaxilofacial, em que parte do cérebro foi formado na região frontal da cabeça. Em 2014, o pequeno paciente passou por uma cirurgia delicada e complexa no HRBA, na qual foi realocado o cérebro no crânio, e afixada uma placa de titânio na parte frontal, para evitar novos problemas de deslocamento. A equipe do programa teve a chance de acompanhar o paciente, quase dois anos depois de sua cirurgia, em uma consulta do pequeno L. S. com o Neurocirurgião do HRBA, Érik Jennings.
À frente da produção e direção do programa Meu Corpo Meu Desafio, Matthew Lynch mostrou-se surpreso com o que viu. “Nunca imaginei que pudesse existir um hospital com tanta qualidade em uma região tão remota”, disse o diretor surpreso com a receptividade e a excelência ofertada aos usuários do HRBA, além de ressaltar 'a excelência da equipe médica e do atendimento que o hospital oferece, preocupando-se com a responsabilidade social, ecológica e educacional”, relata o diretor.
Ainda segundo Lynch, a finalidade do programa é justamente mostrar casos extraordinários e que possam servir, não só de exemplo e motivação para muitos, como também ajudar alguém em algum lugar do mundo. “Uma vez mostramos um caso raro de uma menina, da América do Sul, portadora da doença severo de narcolepsia, que a deixava dias dormindo direto, e um médico na França assistindo ao programa entrou em contato conosco e disse que ele sabia como tratar aquele caso, e hoje, a menina está recebendo um tratamento direto da França”. comemora o diretor.
Gestão
O Hospital Regional do Baixo Amazonas é referência em média e alta complexidades no sistema público do estado do Pará. Sua estrutura tem contribuído para que cirurgias raras possam ser feitas em benefício da comunidade. Segundo o secretário estadual de Saúde, Vitor Mateus, a visita da equipe da Discovery Internacional demonstra o resultado de um trabalho bem feito. “Quando a gente vê a manifestação de uma equipe que vem de fora, olhar esta realidade, e traduzir isto nos melhores elogios possíveis só nos dá a gratidão, principalmente por se tratar de vidas que estão sendo resgatadas, ver de volta o sorriso no rosto de uma criança, isso sim demonstra que estamos indo no caminho certo”, relata o secretário.
Administrado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA), os avanços na unidade hospitalar são os mais expressivos para a região. Segundo o diretor geral do HRBA, Hebert Moreschi, uma das grandes dificuldades na saúde brasileira é a interiorização da medicina resolutiva e de alta complexidade. “Com a estratégia adotada no Pará, em concentrar nos hospitais regionais a absorção desses pacientes, que antes não eram assistidos, principalmente por estarem distantes e com difícil acesso aos grandes centros, a implantação do HRBA vem mudando a realidade da comunidade do Baixo Amazonas, principalmente na assistência médica em áreas fundamentais, como neurocirurgia, oncologia, nefrologia e cirurgia plástica”, comemora o diretor.
Fonte: Pró Saúde
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