Selic fica nos 14,25%; veja quanto R$ 2 mil rendem hoje
Novamente, a taxa básica de juros da economia, Selic, foi mantida aos 14,25%, segundo anunciou o Comitê de Política Monetária (Copom) na noite desta quarta-feira (20). Sem alterações, a poupança continua perdendo de outras aplicações de renda fixa do mercado, que são beneficiadas pelo alto patamar da taxa básica.
Analistas de mercado esperavam que a taxa fosse elevada em 0,5 ponto percentual, no entanto, Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, divulgou uma nota na terça-feira (19) dizendo que o anúncio do FMI - que aumentou a projeção de queda da economia brasileira - seria levado em conta na decisão do Copom. Assim, as projeções passaram a ser de aumento de 0,25 ponto percentual ou manutenção da taxa.
Esta é a quarta vez seguida que o Copom anuncia a manutenção dos juros, que subiram pela última vez em julho do ano passado, quando a Selic foi elevada de 13,75% para os atuais 14,25% ao ano.
Entre as aplicações conservadoras que se aproveitam do alto patamar da taxa podem ser citados os Certificados de Depósitos Bancários(CDBs) com taxas pós-fixadas, os fundos DI e o Tesouro Selic (antiga LFT), título público negociado pelo Tesouro Direto. Os três investimentos têm seu rendimento atrelado à taxa Selic ou à taxa DI, que segue comportamento semelhante ao da taxa Selic.
Já o retorno da caderneta só fica em linha com a taxa Selic quando ela é menor ou igual a 8,5% ao ano. Pela regra atual, a caderneta rende 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR) quando a taxa básica é inferior ou igual a 8,5% ao ano e quando a taxa é maior do que 8,5%, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês mais a TR.
Para mostrar como a poupança está desvantajosa em relação a outros investimentos que acompanham a taxa Selic, EXAME.com simulou quanto renderiam 2 mil reais na caderneta e em três investimentos que seguem o comportamento dos juros básicos: os CDBs pós-fixados, os fundos DI e o Tesouro Selic, título público negociado pelo Tesouro Direto, que paga ao investidor a variação da taxa Selic.
(*) Para o cálculo da poupança, foi considerada uma Taxa Referencial (TR) de 0,15% ao mês, que foi a TR mensal verificada a partir da TR média dos últimos 12 meses (de 1,85%), de acordo com a Calculadora do Cidado Banco Central.
(**) Rendimentos válidos para investimentos em corretoras que não cobram taxas de administração para aplicações no Tesouro Direto.
Sobre os fundos DI
Os fundos DI eram obrigados a investir 95% da carteira em títulos públicos atrelados à Selic, de acordo com a antiga classificação da Anbima, entidade que regula o mercado de fundos. Com a nova classificação criada pela Anbima em 2015, não existe mais uma classe de fundos DI, ainda que bancos continuem a usar essa nomenclatura.
Segundo a Anbima, com as mudanças nas classes os fundos DI se desmembraram em duas categorias principalmente: os fundos de renda fixa duração média soberano e os fundos de renda fixa duração baixa grau de investimento.
De todo modo, como os fundos que acompanham os juros continuam a ser chamados de fundos DI no mercado, o levantamento também manteve a nomenclatura, mas com as novas classificações da Anbima, é importante que o investidor consulte a estratégia do fundo DI para checar se, de fato, trata-se de um fundo que tem o objetivo de acompanhar a flutuação da taxa de juros.
Resultados da comparação
Os valores apresentados na tabela já são líquidos de Imposto de Renda (IR), que é cobrado em todas as aplicações, à exceção da poupança, que é isenta de IR.
Ainda que a poupança seja livre de imposto, a tabela mostra que as rentabilidades dos CDBs, fundos DI e Tesouro Selic são maiores do que a da caderneta, mesmo no prazo de até seis meses, quando esses investimentos sofrem o desconto da alíquota máxima do IR, de 22,5%.
Ao considerar prazos superiores a seis meses, os retornos dos outros investimentos se distanciam ainda mais do rendimento da poupança, já que as alíquotas do IR vão diminuindo conforme aumenta o prazo do investimento.
De acordo com a tabela regressiva do IR, aplicações feitas em até 180 dias são tributadas à alíquita de 22,5%; de 181 dias a 360 dias o imposto cai para 20%; de 361 a 720 dias vai para 17,5%; e acima de 721 dias é aplicada a menor alíquota, de 15%.
Para facilitar a simulação, foi considerara uma taxa DI igual à taxa Selic. Ambas são usadas como referência para o rendimento das aplicações de renda fixa e seguem comportamento parecido. Nos últimos 12 meses, por exemplo, a taxa DI acumulada foi de 13,35%, enquanto a Selic acumulada no mesmo período foi de 13,37%.
Por causa dessa leve diferença entre as taxas, os rendimentos de aplicações em CDBs e fundos DI, que acompanham a taxa DI, podem ser um pouco menores do que os apontados na simulação, que utiliza como parâmetro a taxa Selic. A diferença pode ser maior no caso de investimentos realizados em prazos maiores.
Já a rentabilidade do Tesouro Selic, título negociado no Tesouro Direto, é a mesma apontada na tabela, pois sua remuneração varia exatamente conforme a Selic.
As condições para bater a poupança
A simulação considerou taxas de administração e de remuneração normalmente praticadas no mercado, mas vale ressaltar que se as taxas forem superiores às usadas na tabela e as remunerações forem menores, alguns investimentos podem perder da poupança, ainda que com a alta da Selic essa hipótese tenha ficado menos provável.
Para ser mais rentável do que a poupança, independentemente do prazo de investimento, os CDBs devem pagar, ao menos, 76% da taxa DI. Caso a instituição financeira ofereça uma remuneração menor, pode valer mais a pena deixar o dinheiro aplicado na poupança (calcule o rendimento da caderneta).
Fundos DI que tenham rendimento de 100% do CDI são mais vantajosos do que a poupança se as taxas de administração cobradas pela instituição financeira não passarem de 3,2% ao ano. Ainda que essa taxa já seja considerada alta, existem fundos que cobram taxas ainda maiores e conseguem render menos do que a poupança.
Já o Tesouro Selic só perderia da poupança se o valor da taxa de administração cobrada fosse de 2,9% ao ano ou maior. No entanto, o porcentual máximo que pode ser cobrado por corretoras na compra de títulos públicos pelo Tesouro Direto é de 2% ao ano.
Atualmente, a maioria das instituições financeiras cobra até 0,3% pelo investimento. Algumas até isentam investidores da taxa (veja o ranking das taxas cobradas para a compra e venda de títulos).
Além da taxa de administração, que varia conforme a corretora escolhida, vale lembrar o investidor paga uma taxa fixa de 0,3% ao ano para custódia dos títulos na BM&FBovespa.
Veja, no vídeo a seguir, qual é a relação entre a taxa Selic e os investimentos:
Fonte: MSN Dinheiro
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