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“Justiça para mim é ele ficar preso”, diz médico baleado por paciente

Neuropsiquiatra pretende retornar a
Santarém ainda este ano
(Foto: Arquivo Pessoal/Edson Ferreira Filho)
Laudo aponta que acusado de atirar em médico tem esquizofrenia paranóide. Processo judicial, que estava suspenso aguardando laudo, será reaberto.

"O risco é muito grande e a justiça para mim é isso, ele ficar preso, porque sei que se ficar solto ele vai fazer isso com outra pessoa”, disse ao G1, o médico neuropsiquiatra Edson Ferreira Filho, que foi baleado dentro do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em maio de 2013, em Santarém, oeste do Pará.

O acusado de atirar contra o médico, Elionaldo dos Santos Silva, teve laudo psiquiátrico concluído com o diagnóstico de 'esquizofrenia paranóide'. A informação foi confirmada na sexta-feira (30) pelo juiz da 10ª Vara Penal, Gerson Marra Gomes. O resultado pode impedir que ele fique preso, caso a defesa levante a tese de que Elionaldo é inimputável, cuja anomalia psiquica não permite que ele responda por si judicialmente. "A defesa com certeza vai alegar isso, que ele é inimputável e que tem que ficar livre por causa disso, mas a questão é outra para pessoas com transtornos mentais agressivos, que já cometeram crimes", disse Edson.

O quadro clínico da esquizofrenia do tipo paranóide é dominado por um delírio paranóide relativamente bem organizado. Os doentes são desconfiados, reservados, mas podem ter comportamentos agressivos. "Pelo quadro dele, até da época que eu o acompanhei, a suspeita era realmente esse diagnóstico. A esquizofrenia é um tipo de transtorno mental, principalmente essa paranóide, que ela se caracteriza por delírios e alucinações, principalmente de perseguição, ele acha que pode estar sendo perseguido, ameaçado, pode estar ouvindo vozes", explica o neuropsiquiatra.

Ele responde por si, mas tem transtornos, então tem que ficar nesse tipo de prisão"
disse Edson Ferreira Filho, sobre Elionaldo ficar custodiado em uma prisão psiquiátrica

Segundo o médico, diferente do que foi informado pelo acusado na Delegacia de Polícia Civil no dia do crime, Elionaldo estava em tratamento com outro médico há cerca de 4 anos. Em depoimento, o acusado informou que sofria de depressão e fazia tratamento com Edson há 10 anos, havia gasto muito dinheiro, mas não tinha melhora. Na ocasião, Eilonaldo também contou que já tinha planejado assassinar o médico. "Tinha uns 5 anos que eu não tinha mais visto ele. No dia do acontecido, depois da cirurgia, é que eu soube que ele era paciente de outro médico há 4 anos, inclusive esse médico pediu demissão no mesmo dia, ele achou que era pra ele", lembra.

O processo judicial do caso, que estava suspenso à pedido da defesa do acusado, será reaberto, as partes serão comunicadas sobre o diagnóstico e o caso terá prosseguimento. “Vamos reabrir o processo e, em virtude disso, verificar que punição iremos aplicar. Temos que ouvir as testemunhas, o médico e o acusado, porque ele pode alegar legítima defesa. A defesa pode querer alegar que ele não pode ser preso porque é doente. Nesse caso, ele vai sofrer medida de segurança, que é internação. Se ele confessar, terá que ser submetido a júri”, esclarece o juiz Gerson Marra Gomes.

Edson está fazendo fisioterapia e academia com a finalidade de estimular as partes superiores do corpo. O médico, que mora atualmente em São Paulo, está dirigindo um carro adaptado e, até o fim de 2014, pretende voltar a Santarém e retornar às atividades médicas. Ele reforça que, independente do laudo, Elionaldo deve pagar pelo crime que cometeu. "Ele tem que ir para um manicômio judiciário, que é um presídio que ele faz tratamento lá dentro. Ele responde por si, mas tem transtornos, então tem que ficar nesse tipo de prisão, porque o risco é grande de ele fazer isso com outra pessoa", conclui.

A Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) aguarda o resultado do laudo que será encaminado pelo juiz. Por enquanto, Elionaldo permanece internado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), no Polo Penitenciário de Santa Izabel (PA).

Entenda

O médico neuropsiquiatra Edson Ferreira Filho, do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), foi baleado na manhã de 9 de maio de 2013 dentro do próprio consultório na unidade de saúde. Ele estava atendendo um paciente, quando foi surpreendido pelo atirador, que disparou quatro tiros. Edson foi atingido na região do tórax e no punho. Após o crime, o acusado ficou vários meses preso na Penitenciária Agrícola Silvio Hall de Moura em Santarém. No dia 3 de fevereiro de 2014, ele teve um surto e agrediu com um pedaço de madeira outro detento da unidade prisional. Em seguida, a justiça determinou transferência dele para um hospital psiquiátrico.

Fonte: Santarém

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