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Odilson Matos: “Falta mais incentivo para a cultura santarena”

Odilson Matos
O músico e advogado Odilson Matos destaca que falta mais incentivo para divulgação da arte santarena. Considerado um dos maiores músicos de todos os tempos de Santarém e do Pará, com mais de 60 anos de dedicação à cultura local, o músico e advogado Odilson Matos destaca que falta mais incentivo para que novos nomes possam divulgar a arte santarena para outros lugares. Ele revelou que a música “Poema de Amor”, gravada há mais de 50 anos, tocou em rádios de todo o Brasil e de vários países do mundo. Para Odilson Matos, a banda “Os Hippyes” foi a melhor da história de Santarém. Odilson Matos foi contemplado com a Medalha de Mérito Cultural “Maestro: Wilson Dias da Fonseca”, durante evento promovido pelo Conselho da Mulher Empresária, da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES), no dia 29 de junho último. Odilson Matos foi o primeiro presidente da Academia de Letras e Artes de Santarém (ALAS). Ele abordou outros temas, como o possível aumento do fluxo de veículos nas ruas de Santarém por conta da chegada de carretas do Mato Grosso, pela BR-163. Veja a entrevista na íntegra:

Jornal O Impacto: Após vários anos atuando na música santarena e divulgando para outras regiões do Brasil, como o senhor analisa ter sido agraciado com uma medalha pela Associação Comercial e Empresarial de Santarém?

Odilson Matos: Desde os cinco anos de idade quando comecei a iniciação musical com o professor Barbosa e se estendeu por vários anos, eu vivo a música. Eu adoro música e vivo nela. Participei da construção do conjunto “Os Hippyes”, que foi denominado pelos radialistas santarenos, como a “Maravilha Musical da Amazônia”. Abrimos as portas da música santarena para a penetração em Manaus e Belém, onde todos os clubes tocavam nossas músicas. Levamos a música para outras cidades, como Fortaleza e Brasília. Estivemos fora do Brasil após fazermos uma apresentação em Macapá e de lá fomos para Paramaribo, a partir de Calçoene e muitos feitos. Coordenei o Projeto Pixinguinha, na época do prefeito Ronaldo Campos. Nesta época, o Projeto Pixinguinha foi apontado pela Funarte como o melhor do Brasil. Tenho até hoje contatos com a cantora Zizi Possi e sua filha Luiza Possi, que ainda carreguei nos braços quando criança. Chequei a trazer Os Trapalhões, em Santarém. O meu feito pela cultura não se estendeu somente aos “Hippyes”. A minha interira eu só gravei as músicas de Santarém, especialmente as do professor Isoca, com a qual eu fui homenageado.

Jornal O Impacto: Hoje, para que mais artistas se destaquem na música local falta incentivos à cultura?

Odilson Matos: Eu estou torcendo pelo Secretário de Cultura e pelos coordenadores, mas ainda não foi possível vislumbrar das coisas feitas por eles, até porque o tempo ainda é pequeno. Vamos esperar um pouco mais, para que eles possam cuidar da nossa cultura, que é a nossa riqueza!

Jornal O Impacto: Nos últimos anos, Santarém foi envolvida por ritmos musicais que vieram de outras regiões do Brasil, como o sertanejo, o funk e o forró. Isso chega ameaçar de alguma forma o desenvolvimento da música local?

Odilson Matos: Eu gosto da Música Popular Brasileira, mas o exagero da divulgação acaba se tornando um lugar comum e enjoativo. Isso aconteceu com algumas músicas sertanejas e acontece com as proximidades do Festival de Parintins, o que pode ocorrer com o Forró. Isso se tornou enjoativo e é quando se desprezam as músicas que contém poesia, história, melodia, harmonia e ritmo.

Jornal O Impacto: Os músicos nascidos e criados em Santarém precisam comandar a cultura local?

Odilson Matos: Sim. Não tenho nada contra quem vem de fora, mas quem tem a obrigação de cuidar da cultura local são os santarenos, porque são as partes interessadas pelo desenvolvimento da tradição desta região. Tem aqueles que chegam e vestem a camisa e essa é a razão que estou torcendo para que eles ajudem a cultura local.

Jornal O Impacto: Quem vem de fora com pouco conhecimento da realidade local se torna difícil para levar a cultura santarena a se desenvolver?

Odilson Matos: Em Santarém, a gente vê um monte de pessoas falando em cultura, mas quase ninguém se preocupou em compor mais músicas que fale da região. Ninguém se preocupou! Todos estão gravando e cantando as músicas do maestro Isoca, então, embarcaram nessa canoa e é preciso coragem pra fazer a cultura própria, com recursos próprios. O Dr. Vicente Fonseca foi o primeiro tecladista da região e tocou nos “Os Hippyes”. Hoje, existe o Tinho Fonseca, que é o maestro e tem dado muitos músicos bons a nível de Brasil e de exterior.

Jornal O Impacto: Há quanto tempo foi gravada a música “Poema de Amor”, considerada um dos maiores sucessos das composições de artistas santarenos?

Odilson Matos: Gravamos ela há mais ou menos 48 anos. A divulgação da música “Poema de Amor” aconteceu no primeiro ano de aniversário da Rádio Rural. Nesta época foi a primeira apresentação do “Poema de Amor” em gravação.

Jornal O Impacto: A música “Poema de Amor” também foi lançada em todo o Brasil e fez parte de uma coletânea nacional. Que benefícios este grande sucesso trouxe para a cultura santarena?

Odilson Matos: Há algum tempo tive notícia que a música “Poema de Amor” estava sendo tocada em vários países, como Japão e Portugal. Ficamos sabendo, também, que esteve entre as primeiríssimas em algumas rádios, como a música mais tocada nas principais cidades, na época. Essa música trouxe muitos benefícios para a cultura santarena.

Jornal O impacto: Existe um músico de Santarém comandando uma orquestra na Fundação Carlos Gomes, em Belém. Como o senhor analisa a ascensão desses músicos locais?

Odilson Matos: No momento não existe incentivo de nada no que diz respeito às pessoas que devem investir na cultura de Santarém. Não só os filhos da terra porque devem prestigiar e investir na cultura, as autoridades deveriam pensar que a cultura de Santarém é a música e falta com que eles olhem com mais carinho para esse tema. Se houvesse esse incentivo teríamos músicos no mundo inteiro e não somente em Santarém e região.

Jornal O Impacto: Você, além de músico, comandou por mais de 15 anos o Detram em Santarém. Como você prevê o desenvolvimento da cidade e o aumento no fluxo de veículos com a chegada de muitas carretas que virão do Mato Grosso daqui há três anos?

Odilson Matos: Eu sou um santareno fanático. Acredito que deviam melhor pensar como nomear alguém para ocupar um cargo público. Deveriam pensar na competência e não por ser aliado político-partidário. Quero dizer que do jeito que o trânsito está em Santarém é preciso muito cuidado e preocupação, pois daqui há três anos quando o fluxo de carretas começar a aumentar, se não houver uma medida que torne o trânsito melhor, vai ser um caos. Tivemos a oportunidade de fazer alguma coisa na época em que fomos diretor de trânsito em Santarém, como mudanças de ruas. Nos preocupamos em subir o trânsito, como por exemplo: As avenidas de Santarém iniciam na grande Prainha e vão até o Mapiri, sempre na beira do rio. Já as travessas começam no planalto e também terminam na beira do rio. Então, é muito fácil fazer algumas medidas necessárias para resolver o problema.

Fonte: RG 15/O Impacto 

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