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Exército monitorará redes sociais durante visita do Papa e Copa de 2014

Coleta de dados foi iniciada nas Copa das Confederações. Dados motivaram ações da polícia em Brasília e prisões no Nordeste.

O Exército brasileiro monitora as redes sociais no país, principalmente o Facebook, para assegurar a segurança durante a vinda do Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, que começa na próxima segunda-feira (22), e fará o mesmo controle durante a Copa do Mundo de 2014.

O órgão responsável pela ação é o Centro de Defesa Cibernética do Exército, o CDCiber. “Os resultados obtidos na Rio+20 levou o governo a empregar o Cdciber nos grandes eventos, como a Copa das Confederações e, agora, a Jornada Mundial da Juventude. E já temos nossa ação planejada na Copa do Mundo, em 2014”, informou ao G1 o general José Carlos dos Santos, militar à frente do centro.

“Esse acordo sobre o CDCiber foi assinado entre o Ministério da Justiça, a qual a secretaria de grandes eventos está subordinada, e o da Defesa, dando a essa pasta a incumbência de coordenar e integrar os esforços da segurança cibernética desses grandes eventos.”
Para fazer o monitoramento, o Exército utiliza um software comprado da empresa catarinense Dígitro. O programa faz uma “filtragem das informações de interesse para a segurança pública” por meio de “grupos de palavras e expressões”, diz o general.

Atos no Distrito Federal

Exemplos de sites monitorados são o Facebook, principal deles, e o Twitter, que responde por 5% das mensagens analisadas. Os dados obtidos não são aqueles que os usuários de redes sociais compartilham nos chatas e em mensagens privadas, mas apenas as públicas. “As informações foram colhidas foram de fonte aberta, ou seja, não teve nenhum contato com prestadores de serviços nessa área, nenhum contato com servidores de e-mail ou com companhias telefônicas.”

O general exemplificou o tipo de informação captada e repassada às polícias estaduais, federal e mesmo a departamentos do exército. Segundo ele, reuniram instruções de como fazer coquetéis molotov, como usar bolinhas de gude para dificultar a atuação da cavalaria de polícias militares e orientação do uso de máscara contra gás lacrimogêneo e gás pimenta.

“Eram informações de todo tipo que levaram inclusive, no caso do Distrito Federal, a polícia militar a fazer revistas em mochilas e sacolas de manifestantes. Realmente, a quantidade de material desse tipo foi considerável”, afirmou ao G1 o general José Carlos dos Santos.

Não foram identificadas ameaças terroristas ou ciberterroristas reais, apenas suposições, descartadas pela área de inteligência do Exército como “postagens de cidadãos que defendiam ações violentas contra comboios de policiais militares ou de militares das forças armadas” e “mensagens de atentados contra ônibus e viaturas de tropas das forças armadas”.

No entanto, por conta das informações levantadas pelas ferramentas de inteligência cibernética nas mídias sociais, algumas fábricas clandestinas de material explosivo no Nordeste foram fechadas e algumas pessoas foram presas.

Anonymous

O CDCiber foi criado em 2012 para coordenar as ações do Exército no âmbito da defesa cibernética, mas recebeu como “atribuição temporária” o monitoramento de mídias sociais, afirma Santos.

“Nossa preocupação é mais voltada para a ameaça cibernética, quais os artefatos utilizados em ataque de redes, quais são os grupos de hackers mais atuantes, de modo que podemos dar à Polícia Federal elementos que permitem o enquadramento desses grupos na lei Caroline Dieckman”, explica, citando a legislação que a partir de abril deste ano passou a considerar crime a invasão de aparelhos eletrônicos para obter dados particulares.

Entre os grupos no radar do Exército está o Anonymous. “Estão atuando diretamente na coordenação de esforço cibernético e, inclusive, tentando corromper redes envolvidas com eventos, fazendo ataques de negação de serviço”, explica Santos.

No entanto, o general afirma que “para esse tipo de ameaça que, numa escala de uma a quatro, eu classificaria como nível dois, acredito que os resultados estão sendo muito favoráveis”. “Para ameaças mais profundas, como é o caso da ciberespionagem, o nível três, e guerra cibernética, o nível quatro, nós temos um longo caminho a percorrer ainda”, completa.

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