Sessão da Câmara discute políticas públicas direcionadas à prevenção e combate a AIDS
Ana Lúcia, CTA, afirmou que em Santarém, em 2014, 93 homens foram afetados pela doença. Uma sessão de Tribuna Livre realizada na manhã de terça-feira, 02, na Câmara Municipal de Santarém discutiu políticas públicas de prevenção e acompanhamento direcionadas aos portadores da doença sexualmente transmissível HIV/AIDS em Santarém.
Participaram da sessão, a professora/enfermeira Eduarda de Oliveira Rosa, a representante da SEMED, Bernadeth Mathias; coordenadora do Centro POP e representante da SEMTRAS; coordenadora Municipal do Centro de Testagem e Aconselhamento – CTA; Ana Lúcia Ferreira; Everton Luiz, vice-presidente e presidente eleito do Movimento LGBT/Santarém; Dra. Olívia Pinheiro, médica do CTA; Luciana Ayres Rosa, representante da Unidade de Referência Especializada de Santarém; Dra. Mariana Quiroga infectologista do Hospital Regional.
A vereadora Ana Elvira, autora da sessão, falou da justificativa para pedir a audiência. Se referiu ao dezembro vermelho realizado em alusão ao dia primeiro de dezembro – Dia Mundial de Luta contra a Aids. O objetivo da sessão foi conscientizar e alertar a sociedade, principalmente os jovens, para a gravidade da transmissão do HIV/AIDS.
A idéia é promover a troca de informações e criar um espírito de tolerância social porque o pior mal, pra quem tem a doença, é o preconceito que existe na sociedade. Segundo a vereadora Ana Elvira, existem no país 734 mil pessoas contaminadas pelo vírus, sendo que destas, apenas 80 por cento se tratam. A vereadora lamentou que, em Santarém, muitas grávidas ainda não estejam fazendo o teste antes de ter neném e essa tem sido grande uma grande preocupação.
A professora Eduarda de Oliveira Rosa, disse que Santarém tem hoje 413 escolas municipais e a maioria dos estudantes é formada por crianças e adolescentes que são atendidos com programas Saúde na Escola; Projeto Saúde e Educação, onde o tema é abordado como forma de prevenir a doença e evitar que ela se alastre no município.
A Doutora Olívia Pinheiro, fez na ocasião, uma pequena palestra sobre o assunto e apresentou um panorama da doença na região Oeste do Pará. Segundo a infectologista, o número de casos acompanhados no SAE/CTA até outubro/2014 em Santarém foi de 710, sendo 440 homens e 270 mulheres. Na região Oeste do Pará foram registrados 555, sendo que 315 são em homens e 240 (positivos) em mulheres. O total é de 1.265 casos. Vale ressaltar que, em seis anos, houve um aumento 50 por cento do número de casos positivos. A médica informou que, 150 mil pessoas não sabem se são portadores do HIV e que a faixa etária das vítimas é de 15-24anos. Vale lembrar que um terço dos jovens não usa preservativo (38%).
A coordenadora do Centro POP, Bernadeth Gentil, disse que o trabalho da assistência social no município tem contribuído para a atenção a saúde e assistência dos portadores do vírus da AIDS e hepatites virais para que tenham tratamento e acompanhamento como cidadãos de direitos que são e para que possam viver com dignidade. A coordenadora do CTA, Ana Lúcia Ferreira, afirmou que em Santarém, em 2014, 93 homens foram afetados pela doença. O número de mulheres é de 35. Em relação às gestantes, hoje, 22 mães tem o HIV Positivo. Várias ações são desenvolvidas no município como forma de prevenir a doença. Só este ano, 90 AÇÕES e campanhas foram realizadas em todo o município e 158.481 preservativos foram distribuídos.
O vice-presidente e presidente eleito do Movimento LGBT/Santarém, Everton Luiz, lamentou que ainda hoje, as pessoas culpem os gays como sendo os portadores do vírus HIV e considerou o fato como preconceito que acabou abrindo uma grande muralha entre os gays e a sociedade. Para ele, o desafio é mostrar a sociedade que, gays são pessoas comuns que contribuem com o município e o país e que merecem respeito. Disse que para 2015, o Movimento LGBT tem um Projeto aprovado pelos acadêmicos do curso de Farmácia, da UFOPA em parceria com o CTA, para ser realizado no Dia do Orgulho Gay, onde serão feitas palestras e outras ações como forma de conscientizar, gays e os demais gêneros, para o risco da doença. Outros projetos também serão desenvolvidos envolvendo os travestis. Afirmou que, recentemente, foi abordado por um jovem de 16 anos, que foi infectado pelo vírus da AIDS e que a situação no meio dos jovens é preocupante. O presidente eleito salientou que a luta do Movimento é adquirir um espaço para que os gays possam se reunir e realizar ações voltadas para esses grupos.
A assistente social, Luciana Ayres Rosa, representante da Unidade de Referência Especializada de Santarém, disse que houve grande avanço no tratamento e na luta contra a doença. O órgão fecha o ano com mais de 1.500 atendimentos. Lamentou que muitas pessoas ainda desconheçam as formas de contaminação da doença e acabam se afastando das soropositivas.
A vereadora Ana Elvira, sugeriu que a Câmara faça um Requerimento para a Secretaria Municipal de Saúde para que seja providenciado, o mais rápido possível, o Programa lançado pelo governo federal, no dia 01 de dezembro, chamado “#PartiuTeste”, que incentiva os jovens até 24 anos, a fazer os testes nos próprios estabelecimentos noturnos.
Tem o objetivo de frear o índice alarmante de casos, nesta faixa etária. E também, um Requerimento à SEMSA, sobre a possibilidade de instalação de núcleos do CTA, nos bairros mais populosos da cidade, para facilitar a vida dessas pessoas. Um Requerimento à SEMTRAS para providenciar o cadastramento, nos programas sociais e no Cine, dos travestis do viaduto da cidade, como forma de oferecer, a essas pessoas, uma melhor condição de vida e para capacitá-los para a geração de emprego renda. Requerimento a SEMTRAS e a SEMED para que realizem mais campanhas esclarecedoras sobre a gravidade da doença, necessidade do tratamento correto e importância do apoio familiar aos portadores.
O presidente da Câmara disse que os Requerimentos serão colocados para aprovação dos vereadores. Afirmou que a sessão foi uma das formas que o Poder Legislativo encontrou de contribuir com a campanha de prevenção da doença. Falou da importância em fazer o teste, e a conscientização de cada um, como forma de evitar que a doença se alastre no município.
Fonte|: O Impacto
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