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Brasil cai na provocação de 'Tintim' russo e perde na estreia na fase final


Na reedição da última decisão olímpica, Alexey Spiridonov sai como protagonista e derruba equipe de Bernardinho por 3 a 2 em Mar del Plata.

Os cabelos cortados mais baixos atrás e nos lados se juntam ao centro da cabeça em um topete louro. Não é preciso muito tempo para que Alexey Spiridonov lembre alguém. Provocador durante todo o jogo, o russo logo atraiu a atenção de Bernardinho. O técnico brasileiro passou a chamar o rival de Tintim, personagem de uma revista de quadrinhos francesa. A estratégia do adversário funcionou. Nervoso nos momentos decisivos, o Brasil caiu pela segunda vez na Liga Mundial. Na estreia na fase final e na reedição da decisão olímpica, perdeu para a Rússia por 3 sets a 2, parciais de 25/17, 23/25, 22/25, 25/19 e 15/11, em Mar del Plata.

- O quarto set começou com uma vantagem muito grande para eles. Conseguimos fazer um segundo e um terceiro sets bem regulares. Tie-break é curto, não conseguimos rodar muito bem a bola no começo, mas mesmo assim não abriram. Mas erramos no fim e acabamos perdendo - avaliou o central Lucão.

Em meio às provocações, Spiridonov saiu de quadra com 12 pontos, terceiro maior pontuador da equipe. O temido Muserskiy fez 14, mas foi Nikolay Pavlov quem fez a diferença nos números do jogo, com 27 pontos. Pelo lado brasileiro, Lucão, Lucarelli e Wallace, todos com 13 pontos, foram os principais destaques.

Agora, o Brasil precisa vencer o Canadá na próxima sexta-feira para se manter com chances de avançar às semifinais pelo grupo E. Russos e canadenses duelam na quinta. Pela chave D, Argentina e Bulgária jogam ainda nesta quarta-feira.

Dmitriy Muserskiy dá cinco passos rumo ao centro da quadra e é acompanhado por olhares atentos do outro lado da rede. Nem todos fizeram parte daquela tarde de agosto no ano passado. O gigante russo de 2,18m, porém, virou sinônimo de dias difíceis. Talvez por isso a seleção brasileira tenha começado tão mal. É verdade que os rivais não tinham apenas o central, mas nada parecia dar certo. Os europeus, então, se aproveitaram do nervosismo brasileiro e foram para o primeiro tempo técnico com 8/6.

Bruninho tentava guiar a seleção em quadra, mas os levantamentos saíam descalibrados. Bernardinho logo fez uso da inversão 5 por 1. Com William e Wallace, o Brasil tentou reagir. O oposto entrou com uma postura agressiva, muitas vezes provocando os rivais. Depois de um ponto, chegou a morder a rede. Mas pouco adiantou. Os russos abriram vantagem e fecharam o primeiro set com tranquilidade: 25/17, depois de um ataque de Pavlov.

A Rússia voltou a largar na frente no retorno à quadra, mas o Brasil empatou depois de Muserskiy se desequilibrar e invadir o lado rival. À beira da quadra, William gritava: “É só o começo, é só o começo”. O incentivo tinha motivo. Melhor na segunda parcial, a equipe de Bernardinho já não entregava tantos pontos aos russos.

Em dois lances seguidos, com direito a um ace, Muserskiy fez a Rússia passar à frente (6/5). O gigante russo, porém, mandou o saque seguinte na rede. Em um bloqueio de Bruninho e um ataque potente de Vissotto, o Brasil chegou ao primeiro tempo técnico em vantagem: 8/6. Agora, era a Rússia que errava. Lucarelli, depois de levantamento preciso de Bruninho, abriu quatro pontos para a seleção.

A Rússia cresceu. Em lance polêmico, o árbitro flagrou toque de Vissotto na antena, e os rivais ficaram a um ponto do empate (18/17), gerando reclamações dos brasileiros. Bernardinho tirou o oposto e mandou Wallace para quadra. Ainda assim, os russos chegaram ao empate, depois de Dante tentar largadinha para fora. O Brasil chegou ao set point, mas Muserskiy resolveu complicar as coisas com uma pancada no saque e um ace. Mas, depois de rali, foi a vez de o gigante brasileiro dar fim à parcial. Lucão apareceu bem pelo meio, parou o ataque rival e fechou em 25/23.

Brasil vira, mas Rússia se recupera na pilha de 'Tintim'



Pavlov passou por cima do bloqueio de Lucão e Dante com uma largadinha. Wallace tentou devolver da mesma forma no lance seguinte, mas a bola nem passou a rede. Assim, a Rússia abriu 2 a 0 no início do terceiro set. Quando Lucarelli parou no bloqueio, foi a vez de Spiridonov, chamado de Tintim pelos brasileiros por conta da semelhança com o personagem dos quadrinhos, provocar, gritando e arrancando gargalhadas da torcida. O jovem ponteiro brasileiro devolveu da mesma forma, mas, no erro de Eder, os russos saíram em vantagem na primeira parada (8/6).

O Brasil conseguiu se recuperar. Na invasão de Apalikov, a seleção passou à frente. Wallace, em uma pancada, e Dante, no bloqueio, fizeram a equipe abrir três pontos de vantagem (11/8). Com o domínio da partida, os brasileiros dispararam e fizeram 18/14, mas deixaram os russos encostarem. Os rivais chegaram a empatar a partida, mas o Brasil tomou a frente na contagem: 25/22.

Com um saque potente, a Rússia voltou à quadra com mais força. Apesar das reclamações de Bernardinho, que pediu bola fora no serviço de Ilia Zhilin, os europeus abriram 6/3. Na pancada de Muserskiy pelo meio, os russos fizeram 8/4 e saíram em vantagem. E tudo voltou à maneira do primeiro set. A Rússia fazia o que queria e logo abriu sete pontos: 16/9.

William e Lucarelli não se entenderam pelo meio, e Muserskiy ampliou. Quando Lipe ficou no bloqueio rival, ouviu novas provocações de Spiridonov. O “Tintim” da Rússia recebeu cartão vermelho, que, pelas regras da FIVB, dá um ponto para os rivais. Nem assim, porém, o Brasil conseguiu buscar. No bloqueio de Lucão para fora, os rivais forçaram o tie-break: 25/19.

Bruninho, com o pé, defendeu uma bola quase impossível na abertura do set final. Os russos, que pensavam ter garantido o ponto, tiveram problemas para devolver. Eder aproveitou, e o Brasil largou na frente. Mas tudo mostrava que a parcial não seria fácil. Lucão ficou no bloqueio de Muserskiy, e os russos passaram à frente.

Mas foi no bloqueio que o Brasil cresceu. Primeiro, com Wallace, logo seguido por Eder. Pavlov recolocou os russos na partida e fez os europeus abrirem vantagem. Spiridonov voltou a provocar ao marcar mais um e deixar sua seleção com o match point. No ataque de Pavlov, a bola explodiu no bloqueio brasileiro e pôs fim ao jogo: 15/11.

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