Comandante da PM de Altamira é denunciado à Justiça por crime de assédio sexual dentro do quartel
O 2º promotor de Justiça Militar, do Ministério Público do Pará, Armando Brasil ofereceu denúncia à justiça, nesta quarta-feira (29), contra o comandante do 16º Batalhão da Polícia Militar, major Ibsen Loureiro de Lima, em Altamira, município do sudoeste paraense. O oficial, casado, é acusado de protagonizar diversas situações vexatórias, constrangedoras e humilhantes, típicas do crime de assédio sexual contra, pelo menos, quatro PMs mulheres durante atividades de serviço dentro do quartel.
A peça assinada pelo promotor de justiça, Armando Brasil, toma por base a denúncia de cabos e soldados mulheres, mas sobretudo de uma cabo que atuou no setor administrativo do quartel, em Altamira. Essa policial militar narra com detalhes o comportamento inapropriado do major Ibsen Loureiro de Lima contra ela e suas colegas de farda. Os nomes das militares serão omitidos em respeito ao direito delas de preservar suas imagens e identidades.
A reportagem teve acesso a denúncia do Ministério Público que tem por base os relatos das cabos. A principal vítima apresenta diversas queixas contra o comandante, desde o fato de em determinada ocasião ao se dirigir à máquina de xerox para pegar um documento, ele a prensar contra a parede até o disparate de falas como ” Ô … (o nome da cabo) está toda durinha, gostosinha.”
Segundo essa denunciante, mesmo com a chegada de um soldado PM no ambiente de trabalho, o major Ibsen Lima teria repetido a frase, citada acima, se dirigindo para ela sem qualquer constrangimento. A cabo narra ainda uma terceira situação de assédio sexual, desta vez cometida na presença de uma outra PM. O comandante teria se referido a ela como a “Comandante do Batalhão”, em razão de sua forma física.
Outro fato relatado pela denunciante diz respeito à situação ocorrida numa reunião entre o comandante do quartel e diversos PMs do expediente administrativo do 16º BPM. O major chamava a atenção do pessoal acerca dos gastos com material de escritório, em dado momento ele afirmou que uma linha telefônica havia sido cortada devido ao fato de que a cabo ligava muito para o Disque-Sexo, constrangendo-na na frente dos os colegas de trabalho com insinuações de caráter sexual.
A denunciante relata que certa vez ao estar em pé, ao lado de sua mesa, o major Ibsen Lima teria chegado por trás dela, tocando-lhe na cintura sem a permissão dela, com esse discurso “Ô (…) tu tá toda durinha”. Essa mesma denunciante reiterou ao Ministério Público que outras colegas de farda, que trabalhavam na recepção do 16º BPM, sempre tiveram medo de ficar a sós com o denunciado em razão de relatos de assédio sexual, há pelo menos duas cabos recepcionistas.
A principal denunciante assegura que nunca teve relação sequer de amizade com o comandante do quartel, jamais teria lhe dado espaço para as atitudes e comentários feitos pelo oficial. Em razão disso, ela teria sofrido inclusive várias ameaças por parte do major Ibsen de ser transferido para o município de Porto de Moz, no oeste do Estado, justamente por não ser ceder aos assédios sexuais do comandante.
Em síntese, várias PMs ouvidas pelo Segunda Promotoria de Justiça Militar reiteraram a conduta criminosa do oficial, em especial, voltada contra a principal denunciante. No entanto, há, pelo menos, uma outra militar queixando-se de práticas similares contra ela própria. Essa segunda PM garante ainda que várias vezes encontrou a principal denunciante chorando no setor administrativo, e todas as vezes ouvia da colega que sua tristeza era por causa dos ataques indecorosos do comandante contra ela.
O promotor militar Armando Mourão afirma que todos os depoimentos colhidos apontam ”os atos absurdos, vis e baixo perpetrados pelo denunciado, que é casado, e desrespeitava várias de suas subordinadas com atitudes, olhares e insinuações de cunho sexual com o claro objetivo de obter o favorecimento de tal natureza”.
A segunda promotoria apresentou denúncia contra o major Ibsen Lima por crime de assédio sexual e perturbação da tranquilidade por motivo reprovável bem como apela pelo afastamento do oficial das suas funções de comandante do 16º BPM. A denúncia é subscrita pelas quatro cabos vítimas e ainda por dois outros colegas de farda, esses dois últimos PMs na condição de testemunhas qualificadas, sendo um soldado PM masculino e uma cabo PM feminino.
A redação integrada pediu posicionamento para a Corregedoria da PM sobre a denúncia e aguarda retorno.
Fonte: O Liberal
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