Microcefalia: exames detectam cálcio em lesões cerebrais de bebês
Publicada no British Medical Journal, pesquisadores de Pernambuco analisaram bebês cujas mães apresentaram indícios de zika vírus. Um artigo científico inédito de pesquisadores pernambucanos foi publicado recentemente no British Medical Journal (BMJ), um dos mais importantes periódicos internacionais da área. A primeira autora é a neurorradiologista Maria de Fátima Vasco Aragão, professora da UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau. O trabalho analisa exames de tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) de bebês com microcefalia cujas mães possivelmente contraíram o vírus zika na gravidez. A equipe fez comparações entre as lesões no cérebro deles e o que está descrito em estudos sobre as alterações encontradas em microcefalia causada por outros tipos de infecções congênitas.
Nascidos entre julho e dezembro de 2015, os 23 bebês avaliados são atendidos pela unidade da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) em Recife, que fica sob a diretoria clínica da médica Vanessa Van Der Linden, segunda autora da pesquisa. A equipe identificou nos exames de TC e de RM, por exemplo, que todos os bebês tinham pequenas e múltiplas cicatrizes graves nas quais o cálcio se depositou, em uma localização preferencial do cérebro (na junção entre a cortical e a substância branca subcortical). A calcificação neste local é menos frequente quando a microcefalia não é relacionada ao zika vírus. Além disso, foram observadas múltiplas malformações nos mais comprometidos pela doença. O cérebro dos mais graves parece que havia parado de desenvolver, tendo um padrão bem simplificado.
A publicação na BMJ reforça a importância do levantamento de indícios feito por Maria de Fátima Vasco Aragão com Vanessa Van Der Linden, junto de Alessandra Mertens Brainer-Lima, também docente da UNINASSAU, e de pesquisadores vinculados à AACD, Imip, Universidade de Pernambuco (UPE) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É um marco, no entanto, ainda há muito que averiguar. “Nenhuma mãe do nosso estudo teve erupção no final da gravidez. Assim, podemos supor que, provavelmente, nesta doença, também, quanto mais cedo a infecção durante a gravidez, mais graves as lesões cerebrais e a microcefalia. No entanto, nosso estudo tem apenas uma pequena amostra (23 crianças)”, diz Maria de Fátima, exemplificando um dos pontos que devem ser visados por outros trabalhos.
Leia - O artigo científico, intitulado "Clinical features and neuroimaging (CT and MRI) findings in presumed Zika virus related congenital infection and microcephaly: retrospective case series study”, está disponível no seguinte endereço: http://www.bmj.com/content/353/bmj.i1901.
Fonte: Silvia Fragoso - Comunique
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