Alerta – Pará está entre os cinco estados brasileiros com maior taxa de abandono da vacina contra meningite
Uma campanha da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) quer chamar a atenção dos brasileiros sobre a necessidade de prevenir a meningite. Com o título “Meningite: A informação vencendo o medo” será lançada durante o Dia Mundial de Combate à Meningite, em 24 de abril.
Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que 1.072 casos do tipo mais grave, a meningocócica, foram registrados no país, com 218 mortes. Mas, a adesão à vacinação oferecida gratuitamente para a população tem caído no país.
A questão tem sido descobrir e combater os motivos dessa não adesão. “Vivemos hoje um cenário confuso, em que ora temos uma baixa cobertura, ora temos uma corrida em busca de vacinas nos postos”, avaliou a vice-presidente da SBIM, Isabella Ballalai, membro do comitê consultivo da Vaccine Safety Network, da Organização Mundial de Saúde, durante o pré-lançamento da campanha, no IV Workshop SBIM para Jornalistas, em São Paulo, no último dia 17.
O Pará, de acordo com dados do MS apresentados no evento, está entre os cinco estados brasileiros com maior taxa de abandono da vacina meningocócica C em menores de 1 ano, com um percentual de 15%.
A informação é relevante, já que este ano, até o dia 13 deste mês, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), foram notificados 381 casos da doença. Desses, 100 foram confirmados e 10 levaram a mortes.
Para a vice-presidente da SBIM, a desinformação tem contribuído para a baixa adesão de vacinas em todo o país. “É preciso que as pessoas saibam que as vacinas salvam três milhões de vida por ano”, completou.
GRUPOS
Coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), Carla Domingues afirma que os grupos anti-vacinas existem no Brasil, mas não têm a mesma força como em países da Europa e nos Estados Unidos.
“O que temos aqui são pessoas hesitantes, que temem eventos adversos ligados à vacinação, por isso precisamos levar informações de qualidade a elas, para que não passem para o outro lado (o dos grupos anti-vacinas)”, destacou a coordenadora, durante o pré-lançamento da campanha.
Outro problema indicado pela coordenadora refere-se a chamada vacinação tardia. “Quando analisamos os dados sobre a vacinação no Brasil vemos que elas estão acontecendo, em alguns casos, mas de forma tardia”, enfatizou.
Além disso, nos casos em que a vacinação ocorre no tempo correto, é importante estar alerta a outra questão. “É preciso ficar atento também a necessidade do reforço, essencial para garantir à imunização efetiva”, diz.
A coordenadora do PNI afirma que o MS vem promovendo ações no sentido de incentivar o crescimento da adesão às vacinas no país. Uma delas diz respeito a revisão do horário de funcionamento das salas de vacinação no Brasil.
“Sabemos que grande parte das famílias são mantidas por mulheres, mães que precisam trabalhar fora para sustentar seus filhos e que, por conta desse trabalho, não conseguem levar os filhos aos postos de vacinação. Por isso, o Ministério da Saúde está fazendo a redefinição dos horários das salas de vacina, com a possibilidade de um terceiro turno”, informou.
Ações incentivam vacinação
Recentemente também foi criado o Movimento Vacina Brasil, que prevê uma série de ações para orientar e incentivar a vacinação no Brasil. Carla cita ainda um novo canal criado pelo MS para tirar dúvidas sobre o tema vacinação. “É um número de WhatsApp com o objetivo de combater as fake news”. O número disponibilizado é o 61 – 99289-4640.
A rede pública de saúde oferta a vacina contra a meningite C, por ser a de maior incidência no país. Estão disponíveis também a vacina Hib e VPC10, que protegem contra Haemophilus B e a meningite pneumocócica. Já as vacinas meningocócicas B e a ACWY são ofertadas apenas na rede particular. “Em breve, será ofertada pelo PNI a vacina CWY”, disse Carla
A meningite é caracterizada pela inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por vírus, bactérias e fungos, entre outras causas e, em alguns casos, pode levar à morte.
“Quanto antes atendido, melhores são as chances de sobreviver”, destaca o integrante da comissão técnica para revisão dos calendários vacinais da SBIM e diretor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o pediatra Marco Aurélio Sáfadi.
CASOS
No Pará, das 10 mortes ocorridas este ano, uma foi pela meningocócica, 3 por meningite tuberculosa, duas por outras bactérias, uma por meningite pneumocócica, uma por meningite viral e duas por outra etiologia. Desse total, 9 foram na capital e uma no município de Curuca, na região nordeste do Pará.
Se comparado ao mesmo período do ano anterior, o número indica uma queda no coeficiente de mortalidade, caindo de 0,16 por 100 mil habitantes em 2018 para 0,11 óbitos por 100 mil habitantes em 2019.
COMO OCORRE A TRANSMISSÃO
Ocorre por meio de contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas, assintomáticas ou doentes, sendo fundamental o contato íntimo, ou seja, quando o indivíduo reside na mesma casa ou compartilha a mesma sala de aula ou dormitório da creche, asilo, alojamento de quartel e outros pontos de convívio social em que pode haver contato próximo e prolongado com outras pessoas ou pessoas diretamente expostas às secreções do paciente.
PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS
Em geral, o quadro clínico é grave e se caracteriza por febre, cefaleia intensa, vômitos, rigidez de nuca, confusão mental e sinais de irritação meníngea. No curso da doença podem surgir delírio e coma, dependendo do comprometimento encefálico. E o período de incubação costuma ser de dois a dez dias.
Fonte: (Alexandra Cavalcanti/Diário do Pará
Nenhum comentário
Postar um comentário