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Centenas de crianças com HIV/Aids estão sem xaropes no PA; falta de tratamento pode levar pequenos à morte


No Pará, centenas de crianças com HIV/Aids estão sem os xaropes Zidovudina (AZT) e Efavirenz. Os produtos formam um esquema de três e, na ausência de um deles, as crianças não podem tomar os outros. Dessa forma, os pequenos ficam ainda mais fragilizados, os cabelos caem, adoecem e podem até morrer. Os xaropes estão em falta há dois meses e devem ser distribuídos todos os meses, exclusivamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  Somente na Unidade de Referência Especializada Materno Infantil (Uremia) 300 crianças estão sem os produtos. Na Casa Dia, também em Belém, a situação se repete.

As denúncias partem do Fórum Paraense de ONG e Aids, e das mães das crianças. Uma delas procurou inclusive o Ministério Público Federal (MPF), na semana passada. O MPF encaminhou questionamentos aos órgãos competentes e estabeleceu prazo para o envio das respostas até o próximo dia 21.

Segundo a lavradora Maiara Ribeiro, 31 anos, que mora em São Miguel do Guamá, nordeste do Pará, mesmo sem condições financeiras, em um mês já seis vezes em busca do AZT para seu filho, que tem oito anos e necessita do xarope. “Há um mês, não tem o xarope na Uremia, onde não há informação precisa sobre o que acontece, que o governo federal não está mandando, nem previsão de quando terá. Além do meu filho, 299 crianças estão sem conseguir também na Uremia. Na Casa Dia o Efavirenz também está em falta. Meu filho faz o esquema com mais outros dois xaropes: Nevirapina e Lamivudina”.

A mãe vive aflita e explicou que quando ocorre a falta de um xarope seu filho não pode tomar os outros, e a entrega dos xaropes nunca é regular prejudicando a saúde do menino. “Sempre falta algum. Desse jeito, a vida dele é prejudicada muitas vezes, porque o tratamento sempre é interrompido pela falta de uma ou outra medicação. Meu filho já quase veio a falecer pela falta da medicação. Ele fica com febre constante, emagrece muito, tem falta de apetite e queda de cabelo. Sem a medicação todas essas crianças vão morrer”, emocionada, disse a lavradora.

Mas não somente o Zidovudina está em falta para as crianças. Segundo Amélia Garcia, membro do Fórum Paraense de ONG e Aids, há cerca de dois meses, os pequenos estão sem o xarope Efavirenz. “Sabemos que o Efavirenz também está em falta para centenas de crianças, há cerca de dois meses. Com isso, fizemos a mobilização no Pará para denunciar. A Sespa diz que não chega e o Ministério da Saúde diz que vai comprar, mas tudo é em caráter licitatório e demora muito, e sempre prejudica os pacientes. Soubemos que, na semana passada, um laboratório doou xarope Zidovudina para um mês para o Pará, mas ainda não chegou”, reclamou Amélia Garcia.

Em busca de solução para o problema que atinge o seu filho e centenas de outras crianças, no último dia 6, Maiara Ribeiro e mais duas mães procuraram o MPF. “Há muitas mães que têm medo de denunciar. Vim pra Belém denunciar porque lá no meu município é impossível de resolver. Não podemos ser omissas e temos que denunciar, porque é a vida dos nossos filhos que estão em risco”, afirmou a mãe.

Em nota, o MPF informou que, na mesma data, encaminhou questionamentos aos seguintes órgãos: Direção da Unidade de Referência Especializada Materno Infantil e Adolescente (Uremia), à Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, ao Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, e à Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma).

Ainda de acordo com o MPF, a esses órgãos foi solicitado que se manifestem sobre a denúncia, esclarecendo o motivo da falta dos medicamentos e indicando quais providências estão sendo adotadas para restabelecer o fornecimento, bem como qual é o prazo previsto para a normalização do atendimento. O MPF estabeleceu prazos para o envio das respostas que vão, no máximo, até o próximo dia 21.

As Assessorias de Comunicação do Ministério da Saúde, da Sespa e Sesma foram contactadas, mas ainda não se manifestaram sobre o problema.

Fonte: O Liberal

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