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Se tornar influenciador virou a profissão do momento


Ser microinfluenciador se tornou mais que uma alternativa para aqueles que não conseguem obter renda nas atividades formais ou querem complementá-la. Na verdade, muitos começaram com este propósito e acabaram por largar suas profissões de origem para se tornarem novas celebridades, atividade que pode gerar um retorno financeiro maior do que permanecer no mercado de trabalho formal. “Apesar desta nova tendência, muitas pessoas ainda não sabem que podem ganhar dinheiro com isso”, afirma Thiago Cavalcante, sócio-fundador da Inflr, plataforma que conecta influenciadores a empresas.

Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo IBGE no final de setembro, a queda da taxa de desemprego tem sido puxada pelo aumento do número de postos informais. Entre junho e agosto, foram registrados 12,7 milhões de desocupados, 4,8 milhões de desalentados e a taxa de subutilização era de 24,4%.

A perspectiva de obter uma alternativa nova fonte de renda ou se tornar uma celebridade tem atraído novos entrantes neste mercado e o número de microinfluenciadores no Brasil, hoje estimado em cerca de 8 mil pessoas, deve crescer ainda mais. “Os microinfluenciadores são pessoas que contam com milhares de seguidores e atuam em determinados nichos de mercado. Têm conhecimento sobre temas específicos e, por isso, chamam a atenção de alguns públicos que interessam às empresas. Assim, acabam gerando conversões”, explica Cavalcante. Segundo ele, além de infinitamente mais barata, a recomendação feita por um especialista pode ser mais efetiva para os negócios.

Este é o caso de André Mafra, engenheiro eletricista de profissão e idealizador do canal do Youtube Engehall Elétrica, que conta com cerca de 650 mil seguidores. Mineiro de Caratinga, ele começou no mercado de trabalho como auxiliar geral em uma loja de materiais elétricos aos 14 anos. “Comecei a aprender como fazer pequenas manutenções elétricas e passei a ganhar um extra com isso. Aí decidi fazer um curso técnico na área e me formei com 18 anos. Parti para a faculdade e me tornei engenheiro eletricista. Apesar de já formado, continuava a trabalhar como autônomo”, conta.

A mudança de sua vida de engenheiro para influenciador ocorreu por acaso. Mafra se mudou para Belo Horizonte e decidiu fazer um curso na Engehall, onde em 2014, conheceu os sócios da empresa e foi convidado a participar do seu corpo técnico. Foi quando começou a dar aulas para o curso presencial de eletricista. “Percebemos que muitos tinham dificuldade de comparecer a todas as aulas por conta do horário de trabalho. Para melhorar o aprendizado dos nossos alunos, passamos a gravar aulas e postar no YouTube. Estes vídeos tiveram elevada visibilidade e as pessoas começaram a se inscrever no canal”, lembra Mafra.

Com o crescimento da visibilidade, a Engehall passou a usar o canal para divulgar seus cursos presenciais e criou outros em EAD. “O canal começou a oferecer um conteúdo próprio com três vídeos por semana e, depois de um ano de trabalho, com 15 mil inscritos, a gente obteve o primeiro patrocínio”, diz. O crescimento foi exponencial. No segundo ano, o Engehall contava com 350 mil inscritos e conquistou novos patrocinadores. “Hoje somos o maior canal voltado para a área elétrica, com 650 mil seguidores. Sou um engenheiro eletricista que passou a atuar em marketing digital e, em apenas três anos, mudou sua vida da água para o vinho. Hoje ganho o dobro do que eu ganhava como engenheiro”, conta o atual sou sócio da Engehall.

Logo após concluir o curso de arquitetura pela Universidade Positivo de Curitiba, em 2011, Katherine Cristine Pavloski mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez o projeto e trabalhou na obra de um shopping center. Além da formação acadêmica, acabou se interessando pelo ofício de pedreira e eletricista. “Foi ali que eu me apaixonei e decidi que era com isso que eu queria trabalhar”, conta. Porém, o trabalho em um canteiro de obras, onde ela era a única mulher, acabou por ser uma fonte de stress, o que a fez buscar outros caminhos para atuar.

“Eu pretendia seguir para a área acadêmica, dar aula de arquitetura ou fazer um mestrado ou outra faculdade na área de pedagogia para mudar totalmente minha área de atuação”. Ela começou a fazer pesquisas em busca de novos rumos profissionais, quando, no Facebook, viu um post de oferta de serviços de manutenção residencial por mulheres para mulheres.

A postagem foi feita por Ana Luisa Monteiro Correard, formada em cinema de animação. Insatisfeita com a carreira, ela resolveu ofertar serviços como pequenos consertos básicos, como instalar tomadas ou trocar luminárias. A ideia surgiu após um prestador de serviço assediá-la em sua própria casa. “Como, além dos reparos e instalações, ensinamos as mulheres como fazer, há muito empatia. Então, ouvimos casos de assédio por que elas passam, o que é muito mais comum do que se imagina”, conta.

O post obteve mais de mil compartilhamentos orgânicos em 24 horas. “Fui uma das atingidas”, conta Katherine. “Enviei uma mensagem para ela falando que eu era arquiteta, que a ideia dela era muito legal e que podíamos unir forças e trabalhar juntas. Eu tinha know how vasto devido à minha experiência dentro de obras e tinha um dinheiro para investir”, lembra.

As duas se uniram para fundar a M'Ana - Mulher conserta para Mulher em 2015. Além do conhecimento trazido por Katherine, elas passaram a fazer cursos para ampliar o portfólio de serviços. Hoje atuam com elétrica, hidráulica, reparos gerais, instalações, montagem de prateleiras, pintura, entre outros. Além da receita que obtêm com os atendimentos mensais, elas têm rendimentos com patrocínios em seus perfis no Facebook, que conta com 36,7 mil seguidores. “Além de gerar receita, as mídias sociais impulsionam o negócio”.



Fonte: Maurício Palhares

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